Estado de sufoco…
Cerca de 450 mil desempregados. São estes os “últimos” números do desemprego em Portugal. Preocupantes, possivelmente, para quem os vê simplesmente como dados estatísticos que apenas afectam o “vizinho” (como se fosse possível olhar e sentir o desemprego como um “fenómeno” isolado e não global); revoltantes, seguramente, para aqueles que os sentem na pele e “vivem” as dificuldades e insegurança que acarretam. É estes que importa ouvir, cujos testemunhos devem inquietar quem tem o poder de decidir e a responsabilidade de encontrar soluções (os políticos, claro). A este propósito, convidamos os nossos leitores a lerem com atenção a rubrica Pontos de Vista, na qual os nossos jovens colaboradores apresentam casos concretos e dão conta das incertezas com que olham o futuro. Aqui fica uma passagem, que vale a pena ler (e reflectir): “Por este andar, qualquer dia o tempo futuro subtrai-se da gramática por falta de uso. O meu planeamento pessoal tem uma amplitude restrita demais, para quem tem só 23 anos. Faço parte de uma estatística, é a isso que se resume a minha existência neste momento. E estatísticas não tornam a vida de ninguém segura e estável. Apenas nos permitem respirar, ainda que em permanente estado de sufoco.”
As soluções não são fáceis nem imediatas. Mas urge que se procurem, com energia e imaginação, e que enquanto esse árduo caminho é trilhado se dêem sinais de que há futuro, dirigidos nomeadamente aos mais jovens. Nesse contexto, mormente em tempos de “crise”, é sempre assinalável, e de saudar, o anúncio de investimentos públicos elevados, não só pela qualidade de vida que trazem às populações, mas também, e sobretudo, pela mensagem que lhes está implícita: de que o país não parou; de que o desenvolvimento continua a chegar às regiões e às pessoas. Registe-se, pois, a apresentação pública dos investimentos em curso da empresa Águas do Mondego no concelho de Penela.
Democrata dos “quatro costados”, o Dr. António Arnaut continua a “defender” o Serviço Nacional de Saúde, embora aceite que outros possam não o ter como o melhor para atender às necessidades das populações, conforme se pode ler na entrevista que concedeu ao Região do Castelo e que muito honrou o nosso jornal. Estamos de acordo com a defesa acérrima do SNS e questionamos, voltando a ter em conta as dificuldades, “encapotadas” em muitos casos, por que passam muitas famílias portuguesas: haverá sistema mais justo e acessível do que aquele que preconizou e que sucessivos governos têm tratado de liquidar?
António José Ferreira