Longevidade: modo de usar

Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro


Os EUA assistem a um fenômeno batizado de “Peak 65”: entre 2024 e 2027, diariamente, cerca de dez mil norte-americanos completarão 65 anos e terão direito à aposentadoria. No final da década, vão superar, em número, a população abaixo dos 18. “A experiência desse enorme contingente servirá para sinalizar as melhores alternativas para as gerações seguintes”, afirmou o atuário e consultor financeiro Bryan Pinsky, referindo-se ao bônus da longevidade, marca registrada do século XXI, em seminário on-line da Universidade Stanford:

Longevidade levará trabalhadores a continuar na ativa por mais tempo — Foto: Olga Ozik para Pixabay

“Do grupo que está chegando aos 65, um em cada três viverá até os 90; um em cada sete, até os 99. A pergunta crucial é: 40 anos de trabalho garantirão 30 anos de aposentadoria?”, provocou.

Essa é uma reflexão que serve para nós e deveria fazer parte das conversas familiares com crianças e adolescentes: dá muito trabalho ganhar dinheiro e é preciso ainda mais empenho para poupar. Durante décadas, os americanos foram beneficiados pela contribuição patronal para uma previdência privada, que se somava à pensão do governo e à poupança individual. No entanto, num novo modelo econômico no qual vínculos empregatícios escasseiam, esse pé-de-meia deixou de ser uma realidade, enfatizou a jornalista Kerry Hannon, autora de “In control at 50+: how to succeed in the new world of work” (“No controle depois dos 50: como ter êxito no novo mundo do trabalho”, em tradução livre):

“Qualquer um que tenha começado a trabalhar há duas ou três décadas é testemunha de mudanças colossais no ambiente profissional, e o mundo nunca vai voltar ao que era antes. Hoje em dia, 50% não têm 401K (a previdência do empregador) e as mulheres são as mais afetadas. Com salários menores e interrupções na carreira para cuidar dos filhos, não conseguem economizar. Há um número significativo delas que, na faixa dos 80, ficam viúvas, enfrentam gastos altos com saúde e são empurradas para a pobreza”.

Na sua opinião, continuar na ativa depois da aposentadoria será cada vez mais comum, mesmo que num ritmo menos acelerado: “o mercado caminha para ser amigável para os idosos, com jornadas flexíveis. Haverá falta de mão de obra e as empresas vão precisar que os trabalhadores mais velhos permaneçam em seus empregos. E não parar é estimulante, financeira e mentalmente”, aposta, acrescentando que o empreendedorismo sênior está em franca expansão.

Estudo do banco de investimentos Merrill Lynch aponta que a aposentadoria é, na verdade, a maior “compra” que realizamos, custando o equivalente a 2.5 o preço de um imóvel médio. Embora a maioria diga que quer viver até os 90, somente 27% das pessoas acima dos 50 relatam que dispõem de uma reserva que deve durar dez anos – mas não os 20 ou 30 necessários!

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