Por Larissa Feitosa, g1 Goiás


Cantor Chrystian fará transplante de rim por ter rim policístico — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O cantor sertanejo goiano Chrystian, que fazia dupla com Ralf, vai passar por um transplante de rim no dia 11 de março, em São Paulo. A equipe do artista explicou que ele tem uma condição genética chamada rim policístico, que comprometeu o desempenho renal dele. O g1 conversou com médicos especialistas no assunto para entender qual a causa da doença, os sintomas e se existe tratamento; entenda abaixo.

  1. O que é?
  2. Como é um rim policístico?
  3. Quais são os sintomas?
  4. Toda pessoa com rim policístico vai precisar de transplante?
  5. Quais os tratamentos?

A doença renal policística é hereditária, ou seja, caso um dos pais tenha a doença, ela pode ser transmitida para os filhos quando eles estão em formação. Lúcio Requião, médico presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia e diretor clínico do Hospital do Rim (SP), diz que uma a cada mil pessoas têm essa condição, o que faz com que a doença seja relativamente comum.

“Para cada característica que é definida geneticamente, nós temos um gene herdado da mãe e um gene herdado do pai. Quando a doença é autossômica dominante, basta que um dos dois genes herdados esteja afetado para que a doença se manifeste. Então, em geral, quem tem rim policístico tem um pai ou a mãe com a mesma doença”, explicou o médico.

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Apesar de mais comum em homens, o médico presidente da Sociedade Goiana de Nefrologia, Ricardo Araújo Mothé, explica que essa não é uma doença ligada ao cromossoma que define o sexo. Sendo assim, a probabilidade de cada filho de pessoas afetadas nascer com essa doença é de 50%, não importando se é homem ou mulher.

“Não tem uma prevalência maior ou menor de acordo com o gênero. Mas o sexo masculino está associado a um pior prognóstico, geralmente ele evolui para a insuficiência renal mais frequentemente ou mais rapidamente do que as mulheres,” esclarece Mothé.

Animação reproduz como é um rim policístico — Foto: Acervo pessoal

O urologista Pedro Junqueira, doutor pela Universidade de São Paulo (USP), reforça que a doença também não está atrelada a hábitos ou alimentação, justamente por ser algo genético.

“Como é hereditário, o paciente que tem a genética terá uma grande chance de desenvolver os cistos, ou seja, não é uma doença contagiosa ou que tenha relação com algum tipo de alimento ou hábito e, infelizmente, não tem cura”, afirma Junqueira.

Como é um rim policístico?

Os médicos explicam que o rim policístico sofre com a formação de uma série de cistos em seu interior. Com isso, o órgão fica inchado e passa por dilatações que se assemelham a várias bolhas juntas. Veja abaixo:

“No processo de formação da urina, que é a principal função dos rins, existe uma estrutura tubular que, por conta do gene doente, passa a ter sua estrutura alterada. Ao invés de fazer o formato de túbulos, formam dilatações e cistos. O rim aumenta de tamanho e distorce sua anatomia”, explica Lúcio.

De acordo com o Lúcio, o rim normal de um adulto tem em média de 10 a 12 centímetros. Já um rim policístico chega a 25 centímetros.

Quais são os sintomas?

Junqueira explica que, geralmente, os rins policísticos não causam sintomas na fase inicial. Mas quando a doença se desenvolve e o órgão aumenta de tamanho por conta da grande quantidade de cistos, o paciente pode sentir dor e sensação de estômago cheio. “O volume urinado também pode diminuir em alguns casos”, reforça o médico.

Rim policístico — Foto: Arquivo pessoal/Pedro Junqueira

Lúcio reforça que o paciente também pode perceber massas abdominais irregulares na região onde ficam os rins. Isso porque, com o aumento do tamanho do órgão, cresce também o tamanho do abdômen.

“Às vezes a barriga fica grande e o paciente pode ter a percepção de massas abdominais, porque os cistos não são lisos, são irregulares. Também pode ter dor, porque aumenta o tamanho do rim, então comprime os outros órgãos”, explica Lúcio.

Mas, segundo os especialistas, a manifestação química mais importante provocada pela doença é a alteração da função renal. Com o passar do tempo, o paciente perde a capacidade de filtrar o sangue adequadamente, que é a função mais importante do rim.

“Alguns pacientes desenvolvem sangramento. O cisto pode com algum trauma ou com um esforço físico maior, acabar sangrando e o paciente vai ver o sangramento na urina. Em casos mais avançados, esses cistos podem ser fatores de exposição para formar cálculos, que é calcificação dentro dos cistos e, às vezes, até casos que predispõem a infecções urinárias”, detalha Mothé.

Lúcio também explica que alguns pacientes já nascem com cistos pequenos, que vão crescendo ao longo do tempo. Mas normalmente os cistos só são identificados entre 20 e 30 anos. O diagnóstico pode ser porque o paciente já sabe que tem um familiar com a mesma doença ou porque apresenta algum sintoma e faz uma ultrassom.

Toda pessoa com rim policístico vai precisar de transplante?

O cantor Chrystian, segundo sua equipe, está fazendo exames pré-operatórios para a realização de uma cirurgia de transplante de rim, prevista para março. A esposa dele, Key Vieira, será a doadora do órgão. A equipe garante que o artista está bem, “sem qualquer problema”, e que vai cumprir a agenda de shows até a data do procedimento.

De acordo com os médicos, nem toda pessoa com rim policístico vai precisar de transplante. O urologista Pedro Junqueira avalia que, no caso do Chrystian, os cistos provavelmente tiveram um aumento em número e volume. Com isso, parte do rim que realmente funciona vai sendo substituída pelos cistos.

Junqueira explica que com a progressão, o rim para de funcionar, o que vai levar qualquer paciente nessa mesma situação a precisar de algum substituto para o rim, que pode ser hemodiálise e/ou o transplante do rim.

O médico Lúcio Requião reforça a explicação informando que não é somente a doença renal policística que pode se agravar e exigir que o paciente faça um transplante, mas outras como diabetes e hipertensão.

“No Brasil, dos 150 mil pacientes que estavam em diálise em 2022, somente 4% deles estavam em diálise por causa de doença renal policística. Aqui as duas principais causas que levam o paciente a ter insuficiência real e a necessidade de fazer diálise ou transplante são pressão alta e diabetes”, informa.

Tratamento

A doença renal policística não tem cura. Por conta disso, o que todos os especialistas explicam é que os tratamentos agem para diminuir a velocidade com que os cistos crescem. Mas nenhum deles é específico para a doença, pois nenhum deles vai alterar uma mutação genética.

“Isso (cura) não está disponível ainda na medicina atual. Então, normalmente os tratamentos são medidas que são feitas para o controle de qualquer doença do rim, como o aumento da quantidade de ingestão de água, maior controle da pressão arterial, uma boa alimentação”, explica Lúcio.

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