Governo da Bolívia nega suspeita de que simulou golpe militar
O governo da Bolívia negou as suspeitas de que tenha tido participação na tentativa fracassada de golpe militar. A oposição encampou as acusações que o líder do movimento golpista fez ao ser preso.
O que motivou a tentativa de golpe? Na noite de quarta-feira (27), alguns bolivianos ainda corriam para o mercado para se prevenir de desabastecimento.
Nesta quinta-feira (27), em uma La Paz mais calma, os cidadãos ainda tentam entender o que aconteceu. A vendedora de jornal Luisa Torres disse que estavam todos assustados porque é um evento que coloca todo mundo em risco: "Mas, felizmente, tudo foi resolvido e nós estamos mais calmos".
Evarismo Mamani, advogado e professor, acredita que o evento foi premeditado. Ele disse:
"Os funcionários públicos riam de orelha a orelha. Se fosse um golpe de Estado como em 2019, eles não teriam feito isso. Acho que eles sabiam de tudo".
Ao ser preso, nesta quarta (26), o general golpista José Juan Zúñiga disse - sem apresentar provas - que tinha agido sob ordens do presidente. Arce teria dito no domingo (23) que precisava preparar alguma coisa para alavancar a popularidade. Então, o general teria perguntado: "Devo colocar os blindados nas ruas?". E Arce teria respondido: "Sim".
A oposição ao presidente foi no mesmo tom nesta quarta e defendeu que foi um auto golpe de Estado. O governo negou.
A polícia prendeu cerca de 20 pessoas por envolvimento na tentativa de golpe, que estava sendo planejada desde maio, segundo o ministro do Interior. Duzentos militares participaram da rebelião.
Nesta quarta, o general José Juan Zúñiga, ex-comandante do Exército boliviano, ocupou a Praça Murillo, em La Paz, com soldados. Lançou um blindado contra a porta do palácio presidencial, e ficou cara a cara com o presidente Luis Arce, que o mandou sair dali e retirar as tropas.
Logo depois, Arce nomeou um novo comandante do Exército, que, ao tomar posse, ordenou que os soldados voltassem aos quartéis - foi prontamente atendido.
Zuñiga tinha sido destituído deste mesmo cargo no dia anterior porque ameaçou não deixar que Evo Morales assumisse a presidência se fosse eleito em 2025 e disse que interviria com as Forças Armadas e prenderia Morales.
Logo depois de desafiar o presidente Luis Arce, bradou que precisava defender a democracia na Bolívia. Mas o general estava isolado. Quase ninguém no país - e no mundo - ficou do lado dele. Mesmo os inimigos presos do presidente criticaram a tentativa de golpe.
Nesta quarta, o Jornal Nacional mostrou que presidentes da América Latina e a Europa condenaram. Nesta quinta (27), foi a vez de outros países se posicionarem. A porta-voz do governo chinês disse, que como parceiro da Bolívia, espera que o presidente reestabeleça a paz no país. A Rússia foi no mesmo sentido e condenou veementemente.
O general golpista deve ser julgado por terrorismo e levante armado contra a soberania do Estado. Pode pegar até 20 anos de prisão.