Blog do Mauro Ferreira

Por Mauro Ferreira

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos


Samuel Rosa se apresenta no palco do Rockambole, espaço de shows e eventos da cidade de São Paulo (SP), na noite de 26 de junho — Foto: Anderson Carvalho / Divulgação

“Sei que pode até demorar um pouco / Mas a gente com certeza vai se acostumar / Você prum lado, eu pro outro”.

Quando Samuel Rosa deu voz no palco do Rockambole a esses versos de Segue o jogo, canção escolhida para abrir os trabalhos promocionais do primeiro álbum solo do artista mineiro, Rosa, parecia que falava dele próprio e do Skank, banda da qual foi vocalista, guitarrista e compositor ao longo de 30 bem-sucedidos anos.

O quarteto mineiro foi desativado de forma pacífica, mas Samuel segue no jogo. Rosa, o álbum solo do artista, chegou ao mundo na quinta-feira (27), com dez inéditas músicas autorais.

Todas foram apresentadas pelo artista em sequência no evento festivo e fechado promovido na noite de quarta-feira (26) em espaço descolado em São Paulo.

Tão feliz quanto assumidamente ansioso para conferir a resposta do público às novas canções, Samuel Rosa recebeu a aclamação típica de eventos organizados para amigos, jornalistas e artistas em que todos juram amar tudo.

Pareceu estranho de início, quando o cantor abriu o roteiro com Me dê você, parceria de Samuel com Carlos Rennó, mas, à medida que o show avançou, ficou claro que quem estava no palco do Rockambole era o mesmo compositor de sempre. Às vezes um pouco diferente, mas sem ruptura com o cancioneiro do Skank.

Tanto que a levada inicial de Segue o jogo evoca o suingue da Balada do amor inabalável (2000), parceria de Samuel com Fausto Fawcett apresentada em um dos melhores discos do Skank, Maquinarama (2000), e revivida pelo artista no palco do Rockambole quando, após a apresentação das dez músicas do álbum Rosa, o cantor relembrou sucessos da banda que o revelou e o projetou em escala nacional nos anos 1990.

Todas as músicas, as dez inéditas e os sucessos como Dois rios (Samuel Rosa, Nando Reis e Lô Borges, 2003), foram cantadas por Samuel com os toques de Alexandre Mourão (contrabaixo), Doca Rolim (violão e guitarra), Marcelo Dai (bateria e percussão), Pedro Aristides (trombone), Pedro Kremer (teclados), Pedro Mota (trompete) e Vinícius Augusto (saxofone).

Arregimentados para a gravação do álbum Rosa, realizada em fevereiro um mês após Samuel ter composto o repertório ao longo de janeiro em induzido processo de imersão criativa, esses músicos seguem na estrada com o cantor na turnê que percorre o Brasil no segundo semestre.

No show do Rockambole, ficou claro que o álbum Rosa tem dois trunfos para manter Samuel no mesmo patamar comercial do Skank. Trata-se da balada Rio dentro do mar – única música composta antes da safra do disco Rosa, tendo sido feita em 2022, ao fim da pandemia de covid-19 – e sobretudo Flores da rua.

Parceria de Samuel Rosa com João Ferreira, Flores da rua se revelou no palco do Rockambole o petardo mais certeiro do primeiro álbum solo do artista. Se trabalhada futuramente, Flores da rua tem tudo para desabrochar e se tornar o grande hit do disco Rosa, a música que seduzirá corações, estádios e pistas.

Não há em Flores na rua o estranhamento (mínimo que seja) causado por composições como o indie rock Aquela hora e o black reggae Tudo agora, duas parcerias de Samuel Rosa com Rodrigo Leão.

Com Leão, Samuel Rosa também assina Ciranda seca, música composta para a trilha sonora da série Cangaço novo com a adesão de Pedro Kremer na coautoria.

No show, Não tenha dó (Samuel Rosa) atestou que Samuel Rosa não se afastou muito da forma do cancioneiro do Skank – e nem poderia ser diferente, já que ele sempre foi o principal compositor do grupo e, nesse sentido, o repertório da banda e as músicas do álbum Rosa carregam o mesmo D.N.A., ainda que com sutis diferenças melódicas e/ou harmônicas.

Canção levada ao violão no show, Palma da mão é fruto do relacionamento do artista com a jornalista Laura Sarkovas, mãe da filha caçula do artista, Ava, nascida em 20 de março.

Parceria de Samuel com Carlos Rennó, Bela amiga completou o cardápio de novidades oferecidas ao público que compareceu ao espaço Rockambole na quarta-feira, 26 de junho.

Para essa plateia em tese amiga, Samuel mostrou toda a paleta de cores do álbum Rosa, horas antes de o disco ganhar o mundo digital. Agora as flores já estão na rua, as cartas já estão todas na mesa e, com a música certa, Samuel Rosa tem chance de ganhar esse jogo...

O colunista do g1 viajou a São Paulo a convite da produção de Samuel Rosa.

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