Por Profissão Repórter


Edição de 25/06/2024

Edição de 25/06/2024

O Brasil registrou 46.409 homicídios em 2022, e o número de mortes pode ser maior do que os registros oficiais, é o que apontam os dados do Atlas da Violência.

Segundo Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA, quase 6 mil homicídios ficaram de fora das estatísticas.

Ao Profissão Repórter desta terça (25), o pesquisador utilizou a inteligência artificial para identificar padrões que identificassem homicídios dentro dos casos oficialmente registrados como “morte violenta por causa indeterminada”.

Os casos de assassinato foram reconhecidos por meio de padrões como:

  • o instrumento que causou a morte;
  • o horário do óbito;
  • e a escolaridade da vítima.

“A inteligência artificial olha para o conjunto de mortes violentas cuja causa não foi determinada e identificou que mais de 40% delas são na realidade homicídios", explica Cerqueira.

“Esses assassinatos que não foram registrados são chamados de homicídios ocultos, quando não há um autor suspeito.”

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Profissão Repórter desta terça conta história por trás das mortes que não entraram para as estatísticas — Foto: Reprodução TV Globo

São Paulo lidera ranking de homicídios ocultos

O repórter Chico Bahia e o técnico de som Carlos Oliveira investigaram as histórias por trás de 20 certidões de óbito registradas como morte violenta por causa indeterminada.

A busca aconteceu em São Paulo, a cidade que lidera o ranking de homicídios ocultos no Brasil.

No endereço que consta na certidão de óbito de Eder da Silva Santos, 26 anos, moram a viúva Thaís e seus três filhos pequenos.

"Não existem dúvidas sobre o que aconteceu com o pai dos meus filhos. Roubaram e depois mataram ele. Acho que esquecem da gente porque a gente é pobre e da periferia. Eles não dão importância pra nós."

O Brasil registrou, nos últimos onze anos, uma pessoa negra vítima de homicídio a cada 12 minutos.

No Hospital Adão Pereira Nunes, referência em trauma na Baixada Fluminense, Caco Barcellos e João Lucas Martins conversaram com a médica recém-formada Sara Nascimento.

Ela conta que em apenas dois dias de plantão, três pacientes jovens e negros chegaram mortos à emergência, vítimas de arma de fogo.

“E o paciente chega, muitas vezes, sem identificação, fica muito tempo, não consegue encontrar a família”, lamenta Sara. “Querendo ou não, isso é um tipo de agressão. Quando você vê que o corpo preto é mais deixado de lado, sofre mais e é violentado todos os dias.

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