Amor & Sexo
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Por Geiza Martins


Cena de "Vicky Cristina Barcelona" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Vicky Cristina Barcelona" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Embora digam que três é demais, entre quatro paredes não há regras. Quando o assunto é sexo, encarar uma transa a três pode, sim, dar errado, mas também é uma portinha pra uma aventura pra lá de apimentada! Só precisa deixar os pudores em casa pra praticar o ménage. “É uma nova experiência, uma forma nova de ter prazer, que pode ser extremamente prazerosa ou frustrante, tudo dependerá de como a pessoa se encontra emocionalmente e da sua maturidade”, afirma Adriana Moreira dos Santos Severine, psicóloga e terapeuta sexual (SP).

Pra quem gosta da ideia, mas não tem certeza se está pronta, levantamos oito pontos que você deve considerar, antes de tudo. E se, no final, você ainda estiver indecisa, leia o depoimento de quem experimentou...

1. Tô solteira e tô feliz
Se você está livre, leve e solta, pode receber o convite de um casal interessado, se insinuar para aquele outro casal crush (que de tão incríveis, você é doidinha pra entrar no meio, sabe?) ou ainda combinar com uma amiga ou amigo de seduzir uma terceira pessoa que vocês dois estão a fim... Pois é, a lista de opções para encarar uma cama em trio é bem ampla para o single - expressão utilizada pelos casais praticantes de sexo a três, pra terceira pessoa que não o casal.

Mas, e qual é a hora certa para viver uma dessas aventuras? Segundo Adriana, somente quando estiver madura e segura. “A pessoa deve se conhecer bem, saber o que lhe dá prazer, saber seus limites e, principalmente, se sentir segura pra experimentar essa nova forma de se relacionar”, afirma a especialista. O “se sentir bem consigo” pode salvar você de enrascadas. “Vai servir pra você desistir caso perceba, no momento do sexo, que não estava tão preparada como acreditou que estivesse”, diz a terapeuta.

2. Com quem e onde
Não é porque você tem liberdade pra fazer suas escolhas, que você está livre de responsabilidades. Muito pelo contrário, o single está mais vulnerável. “Por estar sozinha, é preciso ser com um casal conhecido, em um ambiente seguro para evitar situações constrangedoras ou mesmo riscos físicos”, aconselha Adriana.

Outro ponto importante levantado pela terapeuta é o envolvimento em relação a esse casal [veja um depoimento sobre uma história que não deu muito certo no final desta página]. “Tenha certeza de que não há nenhum outro sentimento além de amizade por nenhum dos dois”, avisa. Caso contrário, a “brincadeira” pode virar frustração e sofrimento. Evite também desconhecidos e ação por impulso causado por efeito de drogas ou álcool. Pode ser perigoso.

3. Somos um casal inexperiente, e agora?
Toda a experiência que você e seu parceiro tiveram estão apenas na fantasia? Sem problemas. A inexperiência não deve ser barreira para vocês experimentarem. Agora, há algumas questões que precisam ser respeitadas. Primeiro, tudo o que vale pro single em relação à autoconfiança, vale pra vocês individualmente. Em segundo lugar, sua relação deve estar madura. “Os dois precisam estar muito seguros do desejo, a fantasia precisa ser mútua, em consenso, e não um que vá ceder ao desejo do outro para manter a relação”, comenta Adriana.

4. Vamos às regras?
Não somos nós que vamos estabelecer o que vocês podem ou não fazer. Isso é com vocês. Agora, há sim algumas indicações de normas pra um casal. Antes de tudo, elas devem ser estabelecidas e acordadas pré-sexo. “É fundamental cumpri-las para manter a cumplicidade”, diz. Pra isso, é necessária uma conversa aberta, sem pudores ou medo de demonstrar o que topa fazer e o que aceita que o outro faça. “Precisa ser uma decisão madura, baseada em autoconhecimento, sabendo até onde cada um consegue chegar, e o limite entre o prazer e a dor de ver seu parceiro(a) com outra pessoa”, afirma Adriana.

5. Quero salvar meu casamento
Se esse é seu objetivo, desista. Uma questão geral é que a experiência a três deve apenas dar uma cor pra uma vida sexual já sadia. O ménage não vai colaborar para sua melhora. De acordo com Adriana, ele pode até adiar uma separação devido ao componente de experimentar algo novo, mas não o salvar. “Um relacionamento não se baseia apenas na relação sexual, e sim na vida em comum como um todo, na criação dos filhos, na família, nas contas, nas afinidades, nas diferenças”, conta. E completa: “Não será apimentando a relação sexual que salvará todo o contexto do relacionamento”.

6. Quem deve ser o single?
Não há uma regra. Vai depender exclusivamente do gosto do casal. O ideal é que seja alguém que cause empatia, mas que não tenha laços ou vínculo maior do que amizade. “É legal que tenham gostos em comum, que possam conversar. É muito importante para que após o sexo não fique um clima desconfortável, estranho.”

7. Ai, que vergonha!
Na cama de três, de vez em quando um pode sobrar ou ficar numa posição nada sexy. Mas, calma, dá para evitar esse constrangimento. Sabe como? Com bom humor. “Se você estiver tranquilo e certo da decisão que a levou até ali, é mais fácil rir da situação constrangedora”, aconselha a terapeuta. E, depois da risada, se ainda estiver no clima, é só continuar.

8. E é ciúme, ciúme de você.
Você planejou tudo direitinho, escolheu o single ideal, se preparou toda, criou um clima e, na hora H, quase teve um troço ao ver seu par no bem bom com outra. É, amiga, isso pode acontecer. Segundo Adriana, se o ciúme pintar, nada de seguir em frente só pra agradar: “É melhor parar, explicar o que está acontecendo e não insistir naquele momento.”

Depois, converse com seu parceiro pra entender seus sentimentos e ver se vale a pena tentar novamente. “O importante é conversar abertamente para que as coisas fluam de forma descontraída e tranquila”, finaliza.

Elas toparam

Aconteceu entre mulheres
Depoimento de Renata Noronha*

“Juliana e Roberta eram um casal e eu estava solteira. Rolou um lance com as duas, que eram amigas de uma amiga minha. Tudo começou como uma brincadeira excitante! Eu estava cheia de curiosidade e tesão. Eu as conhecia havia pouco tempo, mas elas começaram a flertar comigo e me chamaram pra sair uma vezes. No final, acabei aceitando. Fomos numa balada. E a gente ficou. No meio da pegação, pintou o convite de ir pra casa delas. Eu sabia o que elas queriam. Chegamos e continuamos com os beijos e amassos. No quarto, nós três entramos no jogo, estávamos com bastante tesão. Eu fiquei com as duas ao mesmo tempo, depois com uma e com outra. Mas depois a Roberta queria ficar só olhando, queria mais ver eu pegando a mulher dela do que participar. Eu achei estranho, mas a Roberta era meio doida mesmo. Essa experiência rolou mais umas duas vezes e eu sempre saía exausta. No meio disso, eu fui me aproximando mais da Juliana do que da Roberta. Percebendo isso, eu dei uma afastada, mas elas continuaram me procurando. Então, eu cedia. Mas, transar com as duas passou a me incomodar. Eu queria apenas a Juliana, que correspondeu aos meus sentimentos. O sexo virou paixão. Então, comecei a me envolver só com a Juliana. Elas terminaram o relacionamento e começamos a namorar. Só que elas eram muito ligadas e a nossa relação foi muito conturbada. Acabei me magoando muito. No final, Juliana e eu terminamos, e ela voltou pra Roberta. Na real, acho que nunca se separaram. Eu saí dessa experiência devastada, o que era diversão e sexo acabou num processo doloroso. Eu acho que as duas queriam mais do que um ménage, elas fantasiavam viver um amor à três. Eu deveria ter parado no período em que era só ‘oba, oba’, que foi muito bom.”

Aconteceu entre amigos
Depoimento de Fabrício Santos*.

“Eu e minha amiga estávamos num bar e, depois de alguns drinques, a gente decidiu ter uma transa a três porque nem eu e nem ela tínhamos tido uma antes. Eu quis ter certeza de que ela estaria disposta a passar por aquela experiência, porque éramos muito amigos mas nunca tínhamos tido nada sexual, seria ultrapassar o limite da intimidade entre amigos. Ela quis. Eu prefiro homens, mas gosto de meninos e meninas. E também quis. Whisky na cabeça. Fomos. Ficamos rondando de carro aquelas ruas do Parque Trianon [ponto frequentado por garotos de programas em São Paulo], analisando o físico dos caras e dizendo se gostava ou não. Pegamos um menino que parecia ter começado naquela vida naquele momento. Um fofo. Ela baixou o vidro do carro pra ele ver bem a gente. Perguntamos nome (como se importasse), idade e se ele queria ir a um hotel com a gente pra uma transa a três. Que pergunta mais ingênua. Ele estava lá pra ganhar dinheiro com isso. Claro que a resposta ia ser "sim". Mas alguma coisa me dizia que ele podia dizer não pra quem ele não gostasse. Colocamos o menino no banco de trás e fomos pra um hotel. Combinamos que daríamos entrada no quarto de casal e ele subiria depois, passando pela recepção sem falar com ninguém. E assim foi. Levamos uma garrafa de whisky e fomos bebendo. Ele entrou. Oferecemos um gole. Ele aceitou e nos perguntou como gostaríamos de fazer. O pior é que não tínhamos pensado nisso. Na hora eu disse: seguinte, eu preciso de um banho e acho que depois eu encontro vocês aqui na cama e a gente vai vendo como as coisas rolam. Dei mais uns goles enquanto todos nós nos despíamos. Fui pro banheiro. No chuveiro, eu pensei: “Cara, será que a minha amiga vai querer que eu transe com ela?”. Entrei meio em pânico. Botei na minha cabeça: 'eu não vou transar com ela'. Quando saí do banheiro, a cena era: ele em cima dela, na posição de frango assado, em vias de fato. Pensei em dizer: porra, não rolou nem uma preliminar? Mas não disse nada. Deixei que eles agissem "naturalmente". Mas eu não cabia naquela cena. Fiquei confuso. Terminei o copo e decidi me deitar na cama ao lado deles. O ritmo era frenético, eu não sabia o que fazer. Bem, ele me olhou e eu pensei: será que ele aceita beijo na boca? Achei que como eu estava pagando, eu poderia tentar (já que ele não impôs limites antes de começar o serviço). E ele era muito bonitinho. Eu avancei. Ele aceitou. Deixou rolar. Eu não queria largar aquela boca nunca mais. E a minha amiga lá embaixo dele. Depois, ele a beijou e eu ficava alisando ele. Então, resolvi ter uma única interação com minha amiga. Beijo. Começamos a beijar a três. Eu, numa posição meio desconfortável, e os dois deitados, transando. Na verdade, eu só estava esperando a minha vez. Queria que minha amiga gozasse logo. Daí, ela fingiu um orgasmo (ela me contou isso depois) por que não estava curtindo e queria se livrar logo daquilo. Depois eu entendi o porquê dela já começar sem uma preliminar, sem me esperar. Acho que ela entrou numa neura. Então, ela ficou vendo! Eu botei na minha cabeça que ela estava super satisfeita porque tinha gozado e não queria nada comigo porque eu era amigo dela. Ficou eu e o garoto de programa sozinhos. Da minha parte, não tive insatisfação, mas da minha amiga, sim.”


*Os nomes dos entrevistados foram trocados a pedido dos mesmos, que preferiram não se identificar.

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