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Temporada final de 'Atypical' tem muitos méritos

Patrícia Kogut

Keir Gilchrist como Sam Garner em 'Atypical' (Foto: Netflix)Keir Gilchrist como Sam Garner em 'Atypical' (Foto: Netflix)

 

Uma das mais encantadoras produções em cartaz no streaming, “Atypical” (na Netflix) chegou à quarta e última temporada e segue merecendo toda a sua atenção. São dez episódios de meia hora que o espectador devora num instante, mas que ficam ecoando por muitos dias depois disso.

O protagonista é Sam Garner (Keir Gilchrist). Acompanhamos o personagem do fim da adolescência até o início da vida adulta. Testemunhamos seu crescimento e os sucessivos testes de autonomia em tarefas aparentemente simples que ele enfrenta. Ainda pequeno, ele foi diagnosticado como “dentro do espectro autista”. Essa classificação, convenhamos, é inexata. Nesse arco final da trama, as conquistas são bonitas e importantes: Sam está com 20 anos, chegou à universidade e quer sair da casa dos pais para dividir um apartamento com o melhor amigo, Zahid (Nik Dodani). Também tem uma namorada, Paige (Jenna Boyd, excelente atriz). Ela é uma espécie de alma gêmea dele e muito apaixonada.

A nova temporada é uma evolução natural de tudo o que começou em 2017. O roteiro cheio de doçura (e as interpretações sensíveis) retrata essa jornada rumo à independência e as dores do crescimento de forma muito leve e comovente.

Sam continua sendo a estrela, mas sua irmã caçula, Casey (Brigette Lundy-Paine), ganha maior centralidade. Boa aluna e ótima atleta, ela ganhou uma bolsa numa escola de elite que a família, de classe média, jamais poderia pagar. Agora, está se preparando para ingressar numa boa universidade. Acorda de madrugada para treinar. E depois disso estuda muito, com o objetivo de obter boas notas. Sam está numa corrida simbólica para conquistar um lugar no mundo. Casey também corre, mas é uma maratona objetiva: ela pratica o atletismo. Os dois movimentos exigem dedicação. Ambos se esforçam para se enquadrar, cada um na sua raia. Há muitos paralelos sutis nas trajetórias desses personagens.

Agora, pela primeira vez, é a irmã certinha que desvia dos padrões. Ela começa a namorar uma amiga, Izzie (Fivel Stewart). Um dia, elas decidem fazer um protesto contra a escola, por impor regras rígidas no uso do uniforme. Mas a diretoria não gosta, e elas temem uma punição. A relação das duas é um dos destaques da temporada. Se a deficiência de Sam antes contrastava com a “normalidade” de Casey, está tudo diferente. A forma como os pais — Elsa (Jannifer Jason) e Doug (Michael Rapaport) — lidarão com tudo isso é outro ponto em evidência nos novos episódios.

Entre tantos méritos da temporada final está ainda o de amarrar todas as pontas, uma mostra de coerência e de uma dramaturgia bem planejada. Desde o início, Sam demonstrou um interesse por pinguins e pela Antártida. Isso se aprofunda agora. Finalmente, adulto e fora da proteção da casa dos pais, o protagonista continua fazendo listas de tarefas e sem entender certas ironias. Não perca.

 

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