Bossinha Legal

Bossinha Legal

A família Menescal tem uma nova estrela da música. Trata-se de Maria Júlia Menescal, a Majú, neta de Roberto Menescal. Apesar das oito décadas que os separam, Majú inspirou um dos pais da bossa nova a lançar um álbum dedicado ao público infantil e, na mesma medida, interessante para os pais dessa criançada. “Nunca pensamos em fazer um álbum com músicas infantis, que eu chamo de ‘bobinhas’. Queríamos fazer uma bossinha que funcionasse tanto para crianças quanto para os pais delas”, diz Menescal ao Apple Music. “Você precisa seduzir os pais para que eles comprem ou mostrem para os filhos.” Bossinha Legal apresenta Roberto Menescal, aos 84 anos, em um processo de reinvenção inspirado pela companhia da neta de 5 anos. E, principalmente, trabalhando em família, na companhia de Georgeana Bonow, cantora, nora de Menescal e mãe de Majú. Curiosamente, contudo, esse álbum começou em um momento de “solitude”, como define o próprio artista, entre o final de 2019 e início de 2020. “Tudo teve início em um quarto de hotel”, recorda-se Menescal. “Não sou de sair para passear quando estou em turnê. É no quarto de hotel que as coisas acontecem, sabe? Lá estava eu nesse hotel, em São Paulo, e comecei a fazer a melodia que daria origem à [música] ‘Vovô Vovó’. Mandei para a Georgeana já com o título.” Depois dela veio “Bossinha Legal”, responsável por definir o conceito do trabalho – além de emprestar-lhe o título. “Procuramos fazer uma produção com arranjos simples, para que tudo pudesse ser levado para os palcos. O intuito desse trabalho é ser apresentado ao vivo.” Com dez músicas, o álbum de Menescal e Georgeana divide-se entre composições inéditas – como “Minha Vida” e “Mundo Livre”, além das citadas “Vovô Vovó” e “Bossinha Legal” – e versões de clássicos da bossa nova dentro desse universo particular do álbum, como “O Barquinho”, “O Pato” e “Lobo Bobo”. Somam-se também “O Leãozinho”, composição de Caetano Veloso, e “O Calhambeque”, sucesso na voz de Roberto Carlos. Para encerrar o álbum, Menescal e Georgeana recriam o clássico infantil “O Gato-To (Atirei o Pau no Gato)”, com uma letra inspirada pelo amor aos animais. Embora Bossinha Legal seja assinado por Menescal e Georgeana, o trabalho também conta com a presença de Majú nos vocais. “Ela é uma supercantora”, derrete-se Menescal. “Antes da pandemia, ela fazia shows e, ao final da apresentação, pedia cachê.” Em vez de receber dinheiro, Majú preferia a sua parte em brinquedos. O que faz sentido. A seguir, o vovô Roberto Menescal conta com exclusividade os detalhes por trás de cada uma das faixas de Bossinha Legal. Bossinha Legal “Essa foi a música que definiu a cara do trabalho. Porque aqui temos muita coisa de bossa nova, mas não estamos presos a essa estética. Em alguns momentos, vamos mais para o jazz do que para a bossa nova. A própria [música] ‘Vovô Vovó’, a primeira que fizemos para o álbum, não se prende nesse som. Pensamos em fazer uma instrumentação enxuta para podermos adaptar o trabalho para os shows. Evitamos colocar flautas, sopros, essas coisas. Acho que ‘Bossinha Legal’ definiu bem esse conceito.” O Barquinho “Posso dizer que essa música entrou no projeto antes mesmo de ele começar, porque a Georgeana já a tocava em seus shows, com a Majú. É interessante porque, quando fiz essa música [com Ronaldo Bôscoli], pensava no barco de verdade, em alto-mar. Mas o barquinho dessa versão parece ser de brinquedo, desses de brincar na piscina. E ela [Majú] canta muito bonitinho.” O Pato “Essa é uma música que faz sucesso com gente grande, mas também é parte do show das crianças com essa história do pato mais brincalhão. Fizemos uma versão lúdica da música, mas ainda de um jeito que os pais pudessem gostar de ouvir. Isso foi algo que fizemos ao longo do projeto: procurar músicas conhecidas que se encaixassem na proposta, como ‘O Pato’ e ‘O Barquinho’.” Minha Vida “Essa música também poderia dar nome ao álbum porque ela mostra bem a ideia do projeto, que é dedicado às crianças de hoje. Existem muitas músicas para o público infantil que são muito de ‘criancinha’ e não condizem com a vida de uma criança da atualidade.” Vovô Vovó “Escrevi essa música em um quarto de hotel. E mandei para a Georgeana somente com esse título que se encaixava no refrão da música, que vem no começo, mas podemos chamar de refrão. Fui muito feliz nessa chamadinha de violão que se encaixa com o título de ‘Vovô Vovó’. É interessante pensar que essa faixa propõe a integração entre os membros mais jovens da família e os mais velhos. Aqui não abandonamos ninguém.” Lobo Bobo “Essa é uma música interessante. Quando foi feita, a letra trazia outro sentido, digamos assim. Mas naquela época as mães não entendiam a maldade da coisa, e, quando as crianças escutam, essa história realmente se torna mais lúdica. Eu acho ótimo. Os pais podem ouvir de uma forma e a criança de outra. Caiu como uma luva no álbum.” O Leãozinho “Desde a primeira vez que ouvi ‘O Leãozinho’, pensei em como essa música era boa. Ela tem uma forma muito simples de tocar e, ao mesmo tempo, ela abre a possibilidade de colocar uma harmonia sofisticada por trás. Para a criança, é uma música ainda muito boa, é uma espécie de hino infantil. Tornou-se uma das melhores faixas do álbum.” Mundo Livre “Pensamos muito em equilibrar as faixas novas e as mais conhecidas. Pesaria demais se colocássemos somente faixas novas, seria muita informação para as crianças e para os adultos. Fizemos essa música dedicada à natureza, como se fosse um passeio pela mata. Falamos dos bichos, dos pássaros. É uma ideia de convidar para sair do apartamento e ver a natureza.” O Calhambeque “A versão do Roberto Caros funcionou tão bem naquela época. Ele fazia tantas coisas românticas e mostrou saber brincar e quebrar um pouco aquela coisa mais séria dele. A gente lembrou desse clima de Jovem Guarda, e trouxemos ‘O Calhambeque’ para os dias de hoje. Gosto muito do resultado dessa versão.” O Gato-To (Atirei o Pau No Gato) “Lembrei-me dessa música que todo mundo conhece, do folclore infantil, mas eu não queria cantar aquela letra. Então fizemos outra. E é uma história que serve para crianças e adultos. Fazia a versão nova nos shows [antes do álbum], e o pessoal gostava muito. Nossa tática aqui é surpreender também. Todo o álbum foi feito pensando nos pais e nos filhos. Não é um trabalho só para o público infantil.”

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