

Apesar de cantar profissionalmente desde os 18 anos, somente agora, quase aos 40 anos, Isabela Moraes lança o seu “verdadeiro álbum de estreia”, “Estamos Vivos”. Álbum que conta com a produção de Juliano Holanda e Rafael Ramos, e a participação de Marcelo Jeneci. Pernambucana, natural de Caruaru, Isabela já havia gravado dois álbuns demo, mas que, segunda ela, foram importantes apenas para ter um registro e não esquecer aquelas músicas, pois ela não sentia muito a própria alma nesses trabalhos. “Sinto uma alegria muito grande de poder ter gravado com essa qualidade e ter me juntado a estes profissionais como Juliano Holanda, Rapha B, Rogê Victor. É muito importante quando você se junta às pessoas certas e que elas também te traduzem, sem tirar a tua essência”, declara ao Apple Music Isabela Moraes, que entregou 11 faixas bem pessoais, motivadas por um difícil término de relacionamento. “É um álbum de libertação em todos os sentidos, de um grito social, um grito de libertação de dores amorosas. Como se, finalmente, o sol raiasse dentro da minha alma. Vamos lá, vamos sair de dentro desse lugar agora e gritar isso para o mundo. Vamos também sair curando outras pessoas.” Quando assinou com a Deckdisc, após Rafael Ramos vê-la se apresentando na Rio2C, Isabela Moraes não pensou duas vezes ao chamar Marcelo Jeneci –– que toca em “Do Contra”, “Tempo de Esperas” e “Por Nós Dois” ––, após ser questionada sobre possíveis participações especiais. “Admiro muito o trabalho e a sensibilidade de Jeneci. Disse que gostaria muito de tê-lo no meu álbum por conta da sensibilidade, do ser humano que ele é, da energia que ele tem. Porque para mim tem todo um contexto, não basta somente ser um exímio músico, também tem que ter uma alma que conversa com a minha”, explica Isabela. “Jeneci abrilhantou de uma maneira incrível, me deu altos toques, sobre canto, sobre como projetar a voz no álbum, porque álbum é totalmente diferente do que você fazer nos barzinhos, na noite, palcos, teatros. O álbum é totalmente uma delicadeza, você não pode perder o que você é no palco, na vida, também tem que ter uma certa sutileza, para não ter um exagero.” Abaixo, Isabela Moraes comenta as faixas de “Estamos Vivos”: Ao Redor do Sol “Esta música fiz quando morava em São Paulo, foi numa dessas madrugadas. A gente estava passando por uma guerra civil, os protestos das passagens, essas coisas. E eu estava estudando a obra de Milton Nascimento ao mesmo tempo, estava vivendo uns mergulhos bem profundos na obra de Milton. Aí me veio esta letra: ‘Isso que é viver ao redor do sol, trilhar, trilhar e não se perder. Isso que é ficar na luz do arrebol, brilhar, brilhar e não se esquecer’. Convidando a mim e as pessoas para quem eu queria passar essa mensagem a não se perder de quem elas são, não se deixar levar pelas situações e se perder no meio delas, sempre se lembrar da sua essência. Fiz esta música basicamente pensando nisso. A letra dela é política, tem protesto político no meio, fala sobre os valores. ‘Ao Redor do Sol’ para mim é uma canção de esperança, sabe? Ela é uma canção que fala: independente de tudo que a gente faça na nossa vida, a gente sempre tem a força dentro da gente, de se reinventar, de sempre ressurgir. Então, esta é uma canção que aponta para esse lugar dentro da gente. A mensagem mais forte, para mim, que gira em torno da música toda, é essa. Independente de tudo isso, dos nossos governantes não serem tão leais, independente de todas estas coisas que estão acontecendo ao nosso redor, é sempre importante a gente se conectar com o nosso eu, com o nosso significado, com a nossa essência. Para que a gente sempre busque essa força de renovação e ressurgimento. ‘Ao Redor do Sol’ abre o álbum e não poderia deixar de ser, abrindo com essa mensagem de esperança, de renovação e de ressurgimento. Porque é uma canção de muita fé, de muita força, muita energia.” Quem Disse? “‘Quem Disse?’ é uma canção que já começo dizendo: ‘Quem disse que pobre sofre mais, não sabe nem muito bem o que ele diz’. É sobre a inversão de valores, a gente vive numa sociedade que prega para a gente o tempo inteiro sobre o ter, e quem vive na pele é que sabe dizer o que é necessário para si e o que não é. Só que pregam tanto essa inversão de valores na televisão, no rádio, nos jornais, em todos os lugares. Fica impregnado em todos os cantos que, quem não tem uma condição financeira à altura de todas essas coisas que o consumismo prega, onde que ficam essas pessoas? E o querer delas? E a vida delas, como é que fica? Elas são esmagadas e anuladas automaticamente ao mesmo tempo por todas essas informações invertidas. Então foi uma canção que fiz, que é um recorte também. Um dia vi um senhorzinho passando na rua, um carroceiro, com um monte de cachorrinho atrás dele, e ele parou, foi pedir comida para os cachorrinhos, ele não estava pedindo nem para ele. Aquilo me mexeu e foi o ponto de partida para eu fazer esta canção. Muitas coisas que eu observava, as pessoas que têm menos condições são as que mais repartem com os outros. As pessoas que têm menos condições são as que mais vejo sorrindo com o coração, as que não têm medo de viver, as que são inteiras com você. Elas olham nos seus olhos, elas se entregam de verdade para a vida. Elas não têm medo de que você está ali pelo que elas têm, pelo que elas não têm, elas são despidas de toda essa realidade cruel. Fiz esta canção com uma sede mesmo de dizer: ‘Presta atenção, por favor, presta atenção, está tudo invertido, está tudo errado, não é assim que as coisas funcionam’.” Do Contra “‘Do Contra’ é uma canção que contextualiza um relacionamento totalmente complicado. Ela descreve esse contorno desse relacionamento tóxico, complicadíssimo. Então ela sempre fala uma coisa e outra contrária. Ela por si só se explica, ela é essa coisa contrária o tempo todo, um relacionamento complicado. E o que me inspirou a fazê-la foi a música ‘Catavento e Girassol’ [composição de Guinga e Aldir Blanc], que fala: ‘Meu catavento tem dentro o que há do lado de fora do teu girassol’. Tem umas coisas que são meio contraditórias nesta canção e gosto muito dela. Falei, ‘caramba, vou fazer a minha própria ‘Catavento e Girassol’’. Como estava vivendo um relacionamento mais ou menos como na música, então foi pano para manga. Ela fala sobre quando você percebe que a pessoa está dentro do relacionamento, mas ela já não está mais ali com você. Ela está só o corpo, já foi embora faz muito tempo, mas não tem coragem de dar tchau. Então ela finge que dá e eu finjo crer ainda. ‘Do Contra’ é aquela coisa contraditória, sempre querendo aquela pessoa longe, mas é diferente, já não tem o estado de gratidão. Na ‘Do Contra’ ela quer a pessoa longe, ela desdiz o que ela disse, mas não consegue se afastar da pessoa. Ela ainda está agarrada naquela situação que é ruim, porque é uma situação totalmente tóxica, mas ela não consegue sair dali, ela ainda tem esperança de que o amor possa voltar, ela quer ficar ali brigando. Em ‘Você Distante’ já tem aquela libertação, de expressar a gratidão, já está naquele entendimento, ‘que bom que estou nesse lugar, sei que não dá certo, mas eu também agradeço’. Sei de toda a importância, sei de tudo que essa pessoa me causa, mas não dá certo. Ufa, que bom que ela está longe.” Tempo de Esperas “Fiz esta canção inspirada no livro do padre Fábio de Melo que tem esse mesmo título. Ela fala sobre a dificuldade de você sair de uma dor, no meu caso especificamente, a dor de um relacionamento que você não consegue se libertar. Ela veio para mim num tom de libertação, a própria canção veio me libertando daquela dor que não conseguia sair. Então, quando finalmente consegui folhear esse livro, que a minha mãe me emprestou, tive um “start”, minha alma parece que acordou. Tinha que sair desse lugar, porque estou atrapalhando todo o resto da minha vida, parada, estagnada nessa dor. Meus amigos me querem, minha família me quer, meu trabalho me chama, e não estou conseguindo levantar a cabeça e sair daqui. É quando digo: ‘Fora eu, sou todas as aspirações do mundo’. Todas as coisas estão me esperando lá fora, não posso ser egoísta a esse ponto, de anular a minha vida, de não pensar nos outros por causa de uma dor que não estou sabendo lidar. Tenho que acordar e ver que ao meu redor a vida está acontecendo, ela não parou para a minha dor acontecer.” Você Distante “Ela é um xote. Nesta faixa tive a exímia participação de Lui Coimbra no violoncelo. Ele foi maravilhoso, fez as vezes de uma sanfona no violoncelo, pode perceber. E tivemos o sopro, o toque de Paulo Rafael também com a gente lá no estúdio, dando umas dicas bem lindas. Estávamos todos, eu, Juliano Holanda, Paulo Rafael. Esta canção fala exatamente isto: tem pessoas das quais, por mais que você as ame, é melhor você manter distância. Perdoar não quer dizer que você tem que continuar com elas por perto ou dentro da sua vida. Tem gente que distante é muito mais interessante do que possa parecer. Ela é um estado de gratidão, por incrível que pareça, essa música é um estado pleno de gratidão. Que bom, amei essa pessoa, passou pela minha vida, esteve comigo, que bom que entendi que não dá mais. Que bom que cheguei aliviadamente a essa conclusão, que não me dói, que essa pessoa distante é melhor, porque longe ou perto só dá confusão, então é melhor a separação.” Quando a Saudade For Te Procurar “Era uma música do álbum que pensava que ia ser a capella, porque sempre fiz esta música como um poema cantado nos shows. A letra a capella prendia muito mais a atenção das pessoas do que quando eu fazia no violão, por incrível que pareça. Então no álbum eu morria de medo de ela perder a força. Eu falei: ‘Juliano, não quero nenhum instrumento nesta canção, porque não quero deixá-la banal, não quero que o conteúdo mais forte dela se perca’. Só que, quando a gente chegou ao estúdio, teve uma hora que Juliano pegou a guitarra, minha voz já estava gravada a capella, como sempre fazia nos shows, e eu disse: ‘Só quero uns efeitos contornando a voz’. Quero uns efeitos que deem esse contorno, que faça essa psicodelia e a voz ali no meio. Juliano pegou a guitarra e, por cima da voz que estava gravada, começou a contornar a voz com aquele arranjo que eu tinha na minha cabeça. Só que Juliano não sabia que eu tinha na minha cabeça esse arranjo. Quando ele fez, falei: ‘Foi o arranjo que sempre esteve dentro da minha mente’. Estava com medo de a gente enfeitar demais a canção. Rogê Victor fez o baixo e ficou altamente discreto, mas não menos forte do que a guitarra, ficou lindo. Rafa Ramos chegou e disse, ‘Acho que cabe uma bateria’. Me deu medo, mas quando Rafa chegou com o bom gosto dele, as influências musicais de Rafa são incríveis. Quando Rafa botou aquela bateria na canção, falei, ‘Não estou acreditando que esta canção se transformou nisto’. É uma letra que fala sobre a saudade, você pode fingir o quanto você quiser que não está nem aí para mim, mas quero ver quando a saudade lhe procurar. Começo a dizer na letra toda o que que aquela pessoa vai fazer. A pessoa vai fazer tudo para fugir, vai arrodear do jeito que puder, vai entrar no caos dela em vez de ir direto na outra pessoa e dizer, ‘Tô com saudade’. Ela vai primeiro arrodear suas próprias misérias, suas próprias fraquezas, até se render a ela mesma e dizer, ‘Preciso ir agora procurar essa pessoa’. Acho isso um laboratório humano fantástico, porque a maioria de nós faz esse tipo de coisa, a gente se rende muito a um orgulho e dificulta para a gente mesmo as situações, mas acho que é o caminho do aprendizado, né?” Outra Oração “‘Outra Oração’ é esta coisa, ora me beija, ora reclama, ora sou só mais um. É aquela parte do relacionamento que parece que a pessoa está ali com você, ela o ama, vocês se amam, mas ela não está te valorizando muito. O relacionamento está ali naquela mesmice, e a pessoa fica ali toda se contradizendo, não está dando valor, não tem medo de perder, porque está muito segura de que aquela pessoa está muito ali na sua, e fica nesta: ‘Ora me beija, ora reclama, ora sou só mais um. Ora me xinga, ora me chama, fora fome e jejum. Ora me basta, ora me basta, ora me basta. Ora na China, ora na cama’. Sempre essa dualidade, mas não tem um peso. Ainda tem uma leveza, mas também não deixa de ser ruim e tóxico. Acho que todo relacionamento chega a um momento em que se gostam muito, mas banalizam um pouquinho a presença do outro que já está ali com você o tempo todo. Esta música diz, ‘Por favor, aprenda outra oração para mim’. Pare de repetir todos esses mesmos processos, me queira continuadamente, não me queira e me queira, não goste de mim e goste. É o tempo todo essa busca pela conquista dentro do relacionamento, e esta canção aborda isso.” Servi Pra Você “‘Servi Pra Você’ fala que, o que você fizer de mal para mim, você não está fazendo mal para mim somente, você está fazendo para você também. Então não cabe essa adoração tamanha, você me adora, você me bota no pedestal, mas quando você me fere, procura me ferir, você está se ferindo também. ‘Não cai bem essa adoração tamanha. Bem, eu te avisei, bem feito, toma. O tombo acabou por nos derrubar’. Não me derrubou sozinha, derrubou você também. ‘E eu parei, não tem bajulação nem drama. Arquei com toda encenação e pompa’. Fala sobre aquele relacionamento em que a pessoa endeusa a outra e nega a paixão ao mesmo tempo. Esta canção aborda isso. ‘Servi pra você enquanto querer era algo a se conquistar’. A outra endeusou mas, quando teve, quando conseguiu conquistar o alvo do encantamento dela, perdeu o interesse. O tempo todo um pensa que vai prejudicar o outro, mas o outro também não sabe por onde está indo, porque está seguindo uma pessoa perdida. Gostei de ter conseguido traduzir isso ao pé da letra, da forma como queria.” Por Nós Dois “‘Por Nós Dois’ tem a sanfona de Jeneci, incrivelmente maravilhosa. Juliano Holanda com essa guitarra impressionante. Ele me fez chorar no ensaio quando tocou essa música com tanta sensibilidade. Ele capta as coisas de uma maneira muito surpreendente. Esta música fala sobre essa coisa do deixar ir, quando você entende o deixar ir da forma mais linda possível. Quando você entende que terminou ali o ciclo e você deseja sopros de felicidade, de verdade, para o outro. Estou procurando entender como devo ir, mas, no fundo da minha alma, já entendi que isso aqui encerrou, que isso aqui não é mais. Então quero só te olhar um pouquinho, me despedir do meu jeito aqui, que dói, não é fácil, dói muito, mas entendo que o ciclo terminou aqui. É uma música de entendimento de fim de ciclo.” Vida Real “Esta música é um entendimento. De olhar ao redor assim, quase se comunicando com ‘Quem Disse?’. Tipo assim, olhe, nossa vida não é como na televisão, não tem problema se a gente errar, não tem problema se a gente cair. Parar de pregar a perfeição o tempo todo, que adoece a gente. A gente está viva, o importante é a gente olhar ao redor. Perceber-se como parte da natureza, quando digo: ‘Eu vou, vou subir a ladeira cantando o prelúdio.’ Me entregando mesmo à vida. ‘Como se a cidade fosse o meu estúdio. Como se os passarinhos fossem meus irmãos. E são, na dor o coração avisa se a alma arrebenta’. Esta música é onde me dispo mais humana do que tudo nesta vida. Estou dizendo assim, eu erro, falho, caio, sou frágil, tudo isso. Estou aqui ó, estou entregue à vida da maneira mais humana que é possível. É vida real. Ela é nervosa, está tudo lá fora pregando a perfeição, a extrema felicidade, é importante a gente se conectar com os erros, com a nossa humanidade, ela que deixa a gente viva, ela que faz a gente saudável. Está errado, o que está adoecendo a gente é esse excesso de perfeição. Então, vem cá, me segue, vem comigo subindo a ladeira, cantando esse prelúdio. Preste atenção ao teu redor, a cidade pode ser o que você quiser, presta atenção nela, transforme-a no que você quiser. Se conecta aqui, se conecta a isso, ela é um convite mesmo à humanidade mais profunda, à humanidade da gente, as nossas fragilidades, as nossas imperfeições. Está tudo bem, está tudo certo.” Pra Nos Perdoar “Esta música nasceu de um sonho, acredita? Fui dar um cochilo de tarde e sonhei que estava indo para um lugar, para um estúdio, nem tinha sequer o convite da Deck ainda. Eu chegava a esse estúdio, quando entrava, alguém me dava um encarte de um álbum. Lembro de tudo perfeitamente. Lia duas canções, uma pequena, em que a pessoa dizia, ‘Não é esta, não, a sua é esta outra’. E começava a ler essa música do álbum: ‘Olha amor, não dê ouvidos à maldade afora…’. Quando acordei, o sonho ainda estava muito nítido na minha cabeça, não é possível, essa música já existe. Meio atordoada, com sono, joguei no Google as primeiras frases. Para mim era tão nítido que ela já existia, que fiquei muito surpresa. Falei para o meu amigo, abri a porta do quarto e falei, ‘Olha, essa música já existe?’. Cantei para ele, que falou: ‘Não existe, mas vai passar a existir agora’. Meu deu papel e caneta. Voltei para o quarto, consegui me lembrar da parte A, da parte B, a parte C e comecei a cantá-la. Gravei e disse, ‘Não é possível’. Comecei a colocar esta canção nos meus shows e as pessoas começaram a se identificar, chorar. Era a música que mais arrancava emoção das pessoas. Logo em seguida, tem este poema que canto no meio dela, que se chama ‘Oração à Tua Falta’. Que é o poema que canto sem melodia: ‘Essa dor que mora em mim, mais parece uma aflição. Não é dor só de saudade, é de perder um coração’. Logo depois, veio esse poema cantado, com melodia também e incorporei os dois num só e comecei a fazer nos shows nesse formato que está no álbum, funcionou muito bem. Arrancava das pessoas uma coisa de emoção muito forte. Falei, ‘Vai ser assim no álbum, do mesmo jeito’. Não quero botar só a canção ‘Pra Nos Perdoar’, vai ser junto com o poema, porque me causa também uma coisa muito forte. Esse arranjo já nasceu com ela, já nasceu música, arranjo, tudo. Escutava muito nítido na minha cabeça, é muito forte meu processo de composição, o que acontece. E se você escutar no estúdio, a música está muito mais linda do que estava na minha cabeça, para falar a verdade. Escutar do jeito que você queria ouvir é muito incrível.”