Lançado em 2021, Human: The Double Album, de Cody Johnson, foi um exercício de maximalismo, um projeto generoso que revelou a verdadeira extensão dos talentos da estrela country do Texas. Já em Leather, de 2023, Johnson fechou bem mais seu foco – e, ao fazer isso, declarou seu posicionamento mais poderoso até agora. Esse resultado parece ter sido uma conquista árdua para o artista: ele conta ao Apple Music que alcançou um ponto na sua carreira em que pôde finalmente relaxar e aproveitar os frutos de uma trajetória de quase duas décadas. “Eu não estou velho, mas não sou mais tão jovem”, conta Johnson ao Apple Music. “E fico vendo essa tendência de ‘Preciso de um hit, preciso fechar um acordo para um álbum imediatamente, para conseguir lançar um hit, e aí lotar um estádio, ganhar muito dinheiro, alcançar o topo dos videoclipes mais vistos da semana e, então, ficar muito famoso’. Enquanto isso, eu penso: ‘Estou preocupado mesmo é com a música country. Estou preocupado com o lugar de onde viemos e para onde estamos indo’. E isso significa mais para mim do que os dólares e a fama, porque, se eu fizer meu trabalho direito, os dólares, a fama e todo o resto são consequência.” Nesta edição deluxe de Leather, Johnson segue fazendo seu trabalho muito bem. O álbum abre com “Work Boots”, faixa divertida com uma letra sagaz – as botas de trabalho do título fazem hora extra como sapatos de dança – e um groove descontraído. Em “That’s Texas”, um deleite para os fãs do [estilo de dança] Country Two-Step, Johnson se agarra ao lado mais agudo e vibrante das suas raízes musicais e a opiniões polêmicas, como na letra: “Ain’t no such thing as chili with beans” [em tradução livre: “Não existe esse negócio de chili com feijão”]. O rapper Jelly Roll se junta ao cantor em “Whiskey Bent”, uma faixa cheia de vulnerabilidade sobre tentar corrigir erros regados a álcool. A edição deluxe inclui mais do que um punhado de músicas das sobras da sala de edição: sempre prolífico, Johnson mais do que dobrou a tracklist original, acrescentando 13 novas faixas para oferecer um retrato mais completo da sua visão para a era Leather. A faixa que encerra o álbum original, “Make Me a Mop” – que o cantor considera “uma oração” –, é uma precursora delicada de “Overdue”, música dolorosa sobre uma mulher de coração partido. “How Do You Sleep at Night?” se inspira no lado mais dramático do pop country dos anos 90, com seu enorme refrão e uma tensão que vai crescendo aos poucos. E tem ainda o já adorado hit “I’m Gonna Love You”, colaboração cheia de emoção com Carrie Underwood, uma das vozes mais poderosas do country, e que também apresenta o alcance vocal magistral de Johnson. A seguir, o cantor texano compartilha as inspirações por trás de algumas faixas da edição deluxe de Leather: That’s Texas “Durante os dez primeiros anos da minha carreira aqui em Nashville, ouvi muito: ‘Ah, seu country é do Texas, você é o cowboy do Texas’. E fui deixado de lado só porque sou do Texas. Bom, agora cheguei a um ponto em que estou indo muito bem e pensei: ‘Quer saber? Vou gravar uma música do Texas e incluir nela George Strait, Robert Earl Keen e The Rockin' CJB’. Essa é minha banda. Agora, deixa eu contar como esse processo foi tosco. Peguei uma lata de rapé vazia, a segurei na frente do microfone e fiz a percussão nela. E ficamos lá, só tirando onda, e todo mundo pirou nisso.” Dirt Cheap “Eu amo esta música. Eu me identifico muito com ela. No rancho onde moro, já escolhi a árvore onde quero ser enterrado. Dinheiro, fama e glamour não me impressionam. Então, não importa quanto tempo passe, se alguém aparecer dizendo ‘Ei, queremos pagar para construir um loteamento aqui’, não quero nem saber o valor do cheque. Ninguém vai fazer um loteamento na minha terra. Eu quero mantê-la pura. E, com sorte, só vamos acrescentando mais e mais terreno. Foi isso que discutimos: vamos aumentar isto aqui o máximo que conseguirmos. E vai saber? Deus tem um plano, eu não tenho. Mas, agora, nesta fase da minha vida, eu me identifico com ‘Dirt Cheap’ porque quero continuar aqui. Minha esposa diz: ‘A casa tem dois andares. E quando ficarmos velhos?’ Aí eu respondo: ‘A gente bota um elevador nela’.” Whiskey Bent (feat. Jelly Roll) “Mandei ‘Whiskey Bent’ para Jelly Roll e ele respondeu: ‘E aí, cara, estou deitado aqui na minha cama com a minha esposa e nós dois estamos pirando’. Então eu disse: ‘Olha, irmão, se você está se sentindo assim com esta música, você precisa cantá-la comigo’. Aí, mais uma vez, a coisa aconteceu assim, organicamente.” Leather “O dia em que Ian Munsick tocou ‘Leather’ para mim, nós estávamos no ônibus, nos conhecendo melhor, escolhendo instrumentos e tal. Então ele tocou essa música e eu falei: ‘Cara, consigo gravar isso em um instante’. E continuei: ‘Esse é um nome legal demais para um álbum. Imagina só, Cody Johnson: Leather’. Ele respondeu: ‘Eu nem sabia que você estava fazendo um álbum’. E eu: ‘Não estou. Acho que não. Talvez. Mas se você me der essa música, vou gravar um álbum baseado nela’. E foi assim que a coisa toda aconteceu.” Make Me a Mop “Eu estava sentado, pensando: para onde vamos com isso? Então os compositores começaram a tocar esta faixa e não consegui controlar as lágrimas. Simplesmente não consegui me segurar. E elas continuaram caindo torrencialmente. Aí senti uma agitação dentro do peito. Foi quase como a primeira vez que uma pessoa vai à igreja e sente o Espírito Santo, sente de verdade que foi tocada por Deus. Foi assim que me senti com esta faixa. Pensei: ‘Esta é uma das músicas mais fantásticas que já ouvi e quero deixá-la bem simples, o mais simples possível’. Então aqui somos só eu e meu violão, o Jody [Bartula] na rabeca e um pouco de piano que acrescentei, só alguns pads bem suaves. Sobra muito espaço para você fechar os olhos e abrir a mente para o verdadeiro significado desta música. Ela é uma oração.”
Disco 1
Disco 2
Vídeos extras
- Cody Johnson
- Luke Combs
- Parker McCollum
- Randall King
- Jason Aldean