Carlota
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Carlota

Um olhar analítico e informativo de tudo que envolve as mulheres no futebol

Informações da coluna

Tatiana Furtado

Formada em jornalismo pela Uerj, trabalha no GLOBO desde 2004. Há 15 anos, atua no jornalismo esportivo, tendo participado da cobertura de três Copas do Mundo.

O Brasil vai sediar a Copa do Mundo feminina de 2027 pela primeira vez. O anúncio foi feito pela Fifa na madrugada desta sexta-feira, após votação durante o Congresso da entidade, que acontece em Bangkok, na Tailândia. Também será a primeira edição do torneio na América do Sul, corroborando o desejo do órgão máximo do futebol em promover o rodízio entre os continentes.

— É uma vitória para o futebol feminino em todo mundo. quero agradecer a todos os delegados que votaram pelo futebol feminino no mundo. Quando o Brasil lançou sua candidatura, confiamos na mulheres que desenvolveram esse trabalho, que trabalharam para atingir os critérios exigidos pela Fifa. Queremos realizar a maior e melhor Copa do Mundo feminina de todos os tempos. Convido a todos a virem para o Brasil — disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que fez menção à tragédia no Rio Grande do Sul e prometeu um centro de desenvolvimento da modalidade no estado.

O argumento, inclusive, era o mais forte da candidatura brasileira. Sobretudo com a saída da África do Sul, país de outro continente que nunca havia sediado a competição. O ineditismo e a possibilidade de impulsionar o futebol feminino por meio do megaevento tem sido dois pilares da Fifa, e a maioria das associações concordou na votação.

— É muito relevante. Na Europa, em três ciclos, dois foram lá. E há o momento do futebol feminino na América do Sul, que não está parado, não é para iniciar um processo. Óbvio que estamos longe do ideal, mas não é a mesma coisa de quatro anos atrás. Esse é o nosso momento. Na Europa, já está mais avançado. Lá é mais um evento, aqui pode ser um catalisador — argumentou Valesca, em entrevista ao GLOBO dias antes do anúncio.

Ainda não há uma data exata para a competição, que deve ocorrer no meio do ano de 2027. As cidades-sede e os estádios, porém, já estão escolhidos. Serão 10 ao todo: Maracanã (Rio de Janeiro), NeoQuímica Arena (São Paulo), Mineirão (Belo Horizonte), Mané Garrincha (Brasília), Fonte Nova (Salvador), Castelão (Fortaleza), Arena Pernambuco (Recife), Beira-Rio (Porto Alegre), Arena Pantanal (Cuiabá) e Arena da Amazônia (Manaus). Os próximos passos também serão definidos em breve.

Com uma comitiva de 20 pessoas, majoritariamente feminina, o comitê brasileiro teve direito a uma apresentação de 15 minutos aos 207 representantes das associações nacionais presentes ao Congresso com direito a voto, já excluídos os quatro países concorrentes, logo após os europeus — que contaram com a ilustre presença do ex-jogador Seedorf.

Estavam presentes jogadoras brasileiras do presente e do passado, como Formiga, recordista de participações em Mundiais; Aline Pellegrino, diretora de competições da CBF e ex-zagueira da seleção; e a atacante Kerolyn, que esteve na Copa do Mundo de 2023. Além do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e do ministro do esporte, André Fufuca, e do técnico da seleção brasileira feminina, Arthur Elias.

O tema da campanha era simples: o Brasil é a escolha natural para receber o Mundial, pois o futebol é natural ao brasileiro. O vídeo da apresentação contou com a inteligência artificial chamada Iara, em alusão à sereia parte da lenda do folclore do país, imagens da diversidade do país e do Rei Pelé e da Rainha Marta e de figuras femininas do governo federal.

— Pensamos na apresentação com o olhar do que vamos estar vivendo em 2027 se recebermos a Copa. Fomos um pouco menos para o lado técnico e mais para fazer um convite ao torneio. Vamos mostrar o sentimento que queremos oferecer ao mundo — disse Manuela Biz, executiva de comunicação da campanha, em entrevista ao GLOBO dias antes da viagem à Tailândia.

Favorito após relatório

A Fifa já havia sido convencida do potencial do país para sediar megaeventos. No relatório final, divulgado há pouco mais de uma semana, a candidatura brasileira recebeu nota 4, em escala de pontuação que vai de 1 a 5. Os europeus ficaram atrás, com 3,7. O resultado não surpreendeu a comissão.

Durante a visita dos comissários da Fifa a quatro estádios inseridos no projeto, em fevereiro deste ano, as executivas puderam ver as reações dos técnicos da entidade e sentiram que a candidatura havia sido muito bem vista por eles.

— A visita foi o ápice da campanha. Tivemos contato com a Fifa em tempo real, é diferente de apenas trocar documentos. Eram pessoas de todas as áreas e posições da Fifa. Foi muito interessante para entendermos a expectativa deles; líamos os rostos a cada estádio. Saímos com a sensação de que apresentamos o melhor que temos. Tudo isso se refletiu no documento — declarou Valesca Araújo, executiva responsável pelo planejamento técnico e operacional da candidatura do país, em entrevista antes da escolha.

A cada etapa do processo, o Brasil foi ganhando força, por motivos diversos. O último foi a desistência da candidatura dupla dos Estados Unidos/México, que saiu para concentrar os esforços na escolha para o Mundial de 2031. Como a decisão foi por votação única e aberta das associações afiliadas da Fifa, conseguir os votos da Concacaf (confederação que reúne América do Norte, Central e Caribe) foi fundamental. Os da sul-americana Conmebol já eram garantidos, pois a CBF sempre fez questão de tratar a candidatura como sendo da América do Sul.

Nos últimos meses, o comitê teve espaço para fazer algum lobby, até onde a Fifa permite, em eventos pelo mundo para angariar votos entre africanos e asiáticos.

— Sempre que alguém sai, um competidor ganha força. Não a saída deles (Estados Unidos e México), mas o fortalecimento das Américas. Foi mais importante a desistência dos Estados Unidos do que se fosse da Europa, por exemplo— admitiu Valesca, antes da votação.

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