Míriam Leitão
PUBLICIDADE
Míriam Leitão

O olhar único que há 50 anos acompanha o que é notícia no Brasil e no mundo

Informações da coluna

Por Míriam Leitão

O BNDES, ao apresentar seu balanço, mostrou também um projeto que pode provocar controvérsias. O banco quer dobrar de tamanho em quatro anos. Mas o que o presidente Aloizio Mercadante e a diretoria mostraram é que isso significa voltar ao tamanho histórico do banco. Quer também ter outras taxas além da TLP, juros com desconto, o que significa subsídio financeiro. Mas a explicação é que isso é para os setores de inovação e da transição energética.

– É impossível financiar inovação a essas taxas – explicou Mercadante.

Na apresentação feita pelo diretor financeiro, Alexandre Abreu, todos os dados mostravam uma alta enorme, depois de 2008, e uma queda nos anos mais recentes, em qualquer ponto: ativo total, carteira de crédito, desembolso. Mas essa alta, evidentemente, foi provocada pela crise financeira global e a enorme transferência de capital feita do Tesouro para o banco. Querem aumentar o financiamento à exportação, como um verdadeiro eximbank.

O desembolso, como proporção do PIB, durante onze anos em torno de 2%, foi a 4,3% em 2009, permaneceu alto até 2014, depois caiu. Em 2022, estava em 1%. É nisso que a nova diretoria se baseia para falar que dobrar durante esse terceiro governo Lula é voltar ao tamanho histórico.

Conversei com Mercadante e com o diretor financeiro depois da entrevista coletiva. O que eles dizem pode ser resumido desta forma: nada será como antes, amanhã. As taxas favorecidas irão apenas setores de ponta e de inovação, haverá total transparência nas operações. Além disso, afirmam que estão realmente comprometidos com a agenda da sustentabilidade.

A prova que eles oferecem para isso é a decisão de usar a tecnologia do MapBiomas, de monitoramento por satélite, para verificar os tomadores de empréstimos rurais. Com as imagens, eles puderam verificar desmatamento ilegal e 60 operações de financiamento foram canceladas.

Quando se olha para a carteira de participações societárias, ou seja o BNDESpar, o que se vê é a velha economia e os antigos erros do banco: 60% da carteira de R$ 62,7 bilhões é de ações da Petrobras e da JBS.

– Nossa proposta inclusive é a de transformar o BNDESpar em uma instituição à parte, fora do BNDES. E não podemos vender as ações, como as da JBS, sem haver uma janela de oportunidade. Mas, de 2000 a 2023, a carteira societária do BNDES valorizou duas vezes mais do que o Ibovespa – afirmou Mercadante.

Mercadante contou que está em conversa com o presidente do BID, Ilan Goldfajn, para que se negocie uma “coalizão de bancos de desenvolvimento” em torno da agenda ambiental e climática.

Mais recente Próxima Inflação e crise bancária: como o Fed deve ser comportar na próxima reunião
  翻译: