Repercutiu mal no Botafogo a análise feita por Wilson Luiz Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, em relação ao possível lance de pênalti em Janderson que não foi marcado no jogo do time contra o Athletico-PR no sábado. Para Seneme, houve uma "potencial situação de marcação de pênalti". No entanto, o dirigente afirmou que a ação do jogador dificultou a interpretação do árbitro (confira trechos da fala de Seneme abaixo).
Internamente, a fala do presidente da comissão repercutiu mal entre dirigentes do Botafogo. Inconformados, membros do departamento de futebol consideram que a fala do dirigente "beirou o desrespeito".
Na visão do clube, Seneme não assumiu a responsabilidade ao confirmar que Vinícius Gonçalves Dias Araújo, árbitro da partida, errou ao não marcar o pênalti. Além disso, para a cúpula alvinegra, Seneme "espantosamente" culpabilizou Janderson pela jogada ao usar palavras como "esperamos dos jogadores um pouco mais de força física para suportar os impactos que sofrem dos adversários", entre outras.
Além disso, reverbera também nos bastidores do Botafogo a análise de Thiago Duarte, árbitro do VAR, que falou em "contato lateral" ao avaliar o lance. A análise de Duarte foi rechaçada, inclusive, por Seneme.
De acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO, a representação enviada pelo Botafogo para a CBF com questionamentos sobre o lance ainda não foi respondida.
Confira um trecho da fala de Seneme
"O árbitro está vendo a jogada, ele analisa que há contato, questão é se é suficiente para esse jogador cair como ele caiu.
O jogador do Botafogo, na última passada dele, ele freia o corpo, ele para o corpo dele. E o jogador do Athletico-PR, que vinha para disputar a bola, realmente faz um contato, que na minha visão não é na lateral, é atrás do corpo, o que já dá um indício de que possa haver uma infração.
A gente tem que avaliar com maior detalhe se essa força é suficiente para derrubar o jogador
Existe, sim, um contato que não é lateralizado. Na nossa visão, existe a possibilidade de interpretar como uma infração, existe, sim. Mas o que nos chama atenção é a maneira, e às vezes o jogador dificulta a interpretação do árbitro. Quando ele recebe esse contato, ele dá um salto para a frente, já agarrando a bola. Ele está caindo porque está tentando buscar um pênalti ou porque realmente foi tocado? Isso dificulta. A gente espera que os jogadores sejam o mais naturais possíveis para o árbitro poder analisar bem a situação. Aqui, sim, na minha visão havia uma potencial situação de marcação de pênalti
Cada vez falamos mais que queremos um futebol dinâmico, com menos faltas, menos paralisações. E o próprio recurso de preparação dos jogadores está cada vez melhor, então esperamos dos jogadores um pouco mais de força física para suportar os impactos que sofrem dos adversários. Se levarmos essa situação para o meio-campo, para a lateral, e apitarmos todas essas situações de contato, o jogo não desenvolve. Existe sim uma linha de instrução para que os contatos quando estejam dentro de uma interpretação sejam contatos que permitam que o jogo siga
É importante ver que o árbitro está muito bem colocado. O VAR, apesar de estar interpretando também, tem que ter segurança de que vai interferir no jogo para modificar uma decisão com indícios claros de que houve um equívoco do árbitro. Ele analisa também a posição do árbitro, o árbitro está interpretando, está vendo a jogada e analisa que há contato, mas a questão é se é suficiente para o jogador cair como caiu. Os dois jogadores vão disputar a bola, nenhum tem controle da bola. O jogador do Botafogo na última passada freia o corpo, antes da disputa ele para o corpo, e o jogador do Athletico-PR realmente faz um contato, que não é um contato lateral, é atrás do corpo, o que dá indício de que possa haver uma infração, claro que sim. Temos que avaliar com maior detalhe se essa força é suficiente ou não para derrubar o jogador"