Câncer de próstata: quais são os exames corretos?

Comparado com o que foi registrado há dois anos, será um salto de 84,3% no número de casos anuais de câncer. O número de mortes, no mesmo período, deve aumentar 77%. E quando olhamos para os números do câncer de próstata, o mais comum entre homens, vemos que a atenção diante da doença precisa ser redobrada. Iremos de 1,47 milhão de novos casos em 2022 para 2,88 milhões em 2050, um aumento de 96,2%.

Pode-se argumentar que o câncer de próstata é uma doença que costuma ser indolente, ou seja, com crescimento lento. E que haveria um excesso de tumores diagnosticados que, não necessariamente, precisariam ter sido descobertos, justamente por um comportamento, inicialmente, pouco agressivo. Por sua vez, a previsão é que a mortalidade dispare em uma proporção ainda maior que o número de casos. Se registramos a triste marca de 397 mil mortes por esse câncer em 2022, a projeção para 2050 é de 940 mil óbitos, um aumento de 136%.

Vou falar mais aqui sobre câncer de próstata, mas, aproveito a oportunidade, como médico urologista e cirurgião oncológico, para alertar também para os crescentes números de outros tumores urológicos. O Cancer Tomorrow mostrou que de 2022 a 2050 veremos o crescimento de outros tipos de câncer: pênis, de 37,3 mil para 67 mil novos casos (77%); testículo, de 88,4 mil para 72 mil (22,7%); rim, de 278 mil para 477 mil (71,6%) e bexiga, de 471 mil para 942 mil (100,9%).

Voltando ao câncer de próstata, a doença, no Brasil, também é o tumor maligno mais comum entre os homens, excluindo o câncer de pele não melanoma, e com alta taxa de mortalidade. Segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país registrará 71.740 casos novos em 2024, o que representa três em cada dez casos de câncer nos homens.

Diante dos números, temos a evidência da necessidade de disseminação de dicas de cuidados com a saúde, assim como da importância do exame de toque (associado ao exame de PSA), que é um tabu para os homens. Embora o Ministério da Saúde tenha desencorajado os homens de fazerem os exames de rastreamento, oriento que sigamos no trilho das orientações da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) que, em nota oficial, afirmaram que o diagnóstico precoce de câncer de próstata está intimamente ligado à investigação de homens sem sintomas, já que a maioria dos tumores localizados são assintomáticos.

Os dados mais atuais mostram que 27% dos pacientes no SUS hoje são diagnosticados com doença metastática (estágio IV), ou seja, quando não há mais possibilidade de cura. Ainda segundo a nota da SBU, SBRT e SBOC, mais de um quarto dos homens diagnosticados com câncer de próstata no Brasil irão morrer dessa doença, caso seja mantida a cobertura de detecção e assistência atual. Essa proporção é elevada mesmo em comparação a outros países que não utilizam rastreamento populacional de rotina. Descobrir a doença cedo se correlaciona a índices de cura superiores a 90%. Incentivar essa prática é salvar vidas.