True Crime
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Histórias, detalhes e personagens de crimes reais que mais parecem ficção

Informações da coluna

Ullisses Campbell

Com 25 anos de carreira, sempre atuou como repórter. Passou pelas redações de O Liberal, Correio Braziliense e Veja. É autor da coleção “Mulheres Assassinas”

Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 21/06/2024 - 11:39

Tensão em presídio por prisão de Ronnie Lessa

Ronnie Lessa, preso por envolvimento na morte de Marielle Franco, causa tensão em presídio de Tremembé. Há risco de rebelião para matá-lo, mas ele está isolado em cela de segurança. Sindicato pede sua transferência para unidade mais segura.

Mal pisou na Penitenciária Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, a P1 de Tremembé, o ex-policial militar Ronnie Lessa, de 53 anos, instalou um clima de insegurança no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Segundo relatos dos policiais penais que trabalham na unidade, há um risco iminente de uma rebelião com o intuito de assassinar o miliciano, que está preso desde 2019 por participar da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, como queima de arquivo. A transferência dele para Tremembé foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte do acordo de sua delação premiada.

Com a chegada de Lessa a Tremembé, o clima ficou tenso. Homens do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) estão a postos para tentar controlar um possível motim. O corredor onde o ex-policial foi alojado, localizado ao lado da diretoria, também teve a segurança reforçada.

Lessa está na cela número 01 do pavilhão do seguro, um setor isolado onde ficam presos jurados de morte por dívida com tráfico, estupradores de mulheres, pedófilos e ex-policiais. Este espaço contém cinco celas com cama de concreto e banheiro privativo com capacidade para três presos por cubículo. Para garantir a segurança do ex-policial, foram retirados todos os presos do pavilhão para abrigar apenas ele.

Ficha do Ronnie Lessa — Foto: Arquivo
Ficha do Ronnie Lessa — Foto: Arquivo

No setor seguro, Lessa tem direito a duas horas de banho de sol por dia no mesmo local. Por conta do processo de inclusão, ele ficará isolado por 20 dias no cubículo de 9 metros quadrados. Como corre risco de morte, ele não terá contato com outros presos nem mesmo depois do regime de observação (RO). Ou seja, ele permanecerá no mesmo setor enquanto estiver na unidade.

Ao chegar à penitenciária usando muletas, o miliciano foi fotografado pela administração. Passou pelo serviço de saúde e assistência social. Em seguida, vestiu o uniforme composto por calça cáqui e camiseta branca. Algemado, foi levado ao cubículo por policiais. Hoje pela manhã, tomou café, leite e pão com manteiga levados por um funcionário da penitenciária.

A título de informação, Lessa não está na mesma unidade onde se encontram os presos de grande notoriedade, como o jogador Robinho, Cristian Cravinhos, Gil Rugai, Lindemberg Alves e Fernando Sastre, conhecido como o Bebê do Porsche. Esses criminosos notórios ficam em uma unidade a 5 quilômetros dali, chamada Doutor José Augusto César Salgado, a P2, também conhecida como “presídio dos renomados” e “cadeia nutella”.

Apesar de a defesa de Lessa ter pedido ao STF para ele ficar no presídio midiático, a decisão do ministro Alexandre de Moraes contém o termo “complexo de Tremembé” como destino da transferência, deixando o destino final do ex-policial com duas opções. Sendo assim, a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP) preferiu instalar o delator na P1. “O Lessa não tem o perfil da P2”, justificou a secretaria em nota.

A grande diferença entre as duas cadeias é o ambiente prisional. A unidade onde está Lessa é uma bomba-relógio, pois abriga presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e está superlotada. Tem capacidade para 1.278 homens, mas atualmente abriga 1.915. Já a P2, a dos renomados, pode acolher até 348 presos no regime fechado, mas tem hoje somente 297. Os dados são da SAP.

O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp) já havia feito um apelo ao STF para não enviar Lessa para nenhuma das unidades de Tremembé. A SAP também foi contra. Segundo o presidente do Sifuspesp, Fábio Jabá, os policiais penais são os mais vulneráveis quando chegam presos como o miliciano.

— O sindicato está preocupado com a segurança dos policiais penais, que serão a primeira barreira caso haja uma rebelião ou motim para assassinar o Lessa — prevê Jabá.

Na avaliação do sindicato, Lessa deveria ser levado para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) do Centro de Readaptação Penitenciária Dr. José Ismael Pedrosa, em Presidente Bernardes, no oeste de São Paulo. O RDD é composto por celas isoladas com grades e vidros blindados. Lá, o preso não se mistura com os outros detentos nem mesmo na hora do banho de sol, pois há uma área reservada para isso. A unidade tem vaga de sobra. Com capacidade para 145 presos, atualmente abriga somente 13, segundo dados da SAP.

— Só no RDD o Lessa teria toda a garantia prometida pelo ministro Alexandre de Moraes — diz Jabá.

Em nota, a SAP esclareceu que a internação do ex-policial no RDD somente seria possível por determinação judicial. “A decisão do Supremo Tribunal Federal estabeleceu que a inclusão do preso seja em unidade de Tremembé”, confirma a secretaria.

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