O segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio voltou a ter uma questão envolvendo o tema do agronegócio, dias após a polêmica que levou a críticas da bancada ruralista e a declarações do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) sobre a controvérsia. Uma das questões deste domingo tratava do uso de um inseticida agrícola.
Por conta da polêmica que rondou o primeiro dia de provas do Enem, de Ciências Humanas e Linguagens, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pediu a anulação de três questões que julga serem "de cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico". Manuel Palácios, presidente do Inep, órgão responsável pela prova, defendeu o exame e declarou que "a resposta correta (de itens do exame) não depende de opinião".
— O que se quer é avaliar a capacidade de compreender o pensamento do outro. O que se quer é avaliar a capacidade que um estudante tem de compreender uma notícia, de comparar dois textos. Esse sim é o objetivo da questão — disse Palácios durante audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Ele completou: — A resposta correta não depende de opinião, atitude, visão de mundo. Depende da capacidade de compreender um texto.
Lideranças ruralistas apontam que os itens 89, 70 e 71 do primeiro dia do Enem, que tratavam sobre agronegócio e desmatamento, têm "cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico". "A anulação das questões é indiscutível, de acordo com literaturas científicas sobre a atividade agropecuária no Brasil e no mundo, em respeito à academia científica brasileira", argumenta a frente.
Inep nega cunho ideológico
Em nota enviada ao GLOBO na última segunda-feira, o INEP reforça que "as questões do Enem são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI)" e nega cunho ideológico nos itens da prova aplicada:
"O Inep não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco. O processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora. Os itens selecionados para a edição de 2023 passaram pelo fluxo estabelecido nas normativas do BNI", destaca a autarquia ligada ao MEC e responsável por produzir as provas do Enem.