Terminou nesta sexta-feira a perícia no presídio federal de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, de onde dois presos ligados ao Comando Vermelho fugiram na última quarta. Dentre as fotos feitas pelos peritos, uma mostra o buraco na parede da cela por onde a dupla teria escapado na madrugada da última quarta-feira.
Considerados presos de "alta periculosidade" e ligados ao Comando Vermelho, Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça fugiram da unidade de segurança máxima por volta das 3h30 desta quarta-feira. Desde então, eles se encontram foragidos com os nomes incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol. Forças de segurança fazem uma varredura no entorno do presídio em busca dos detentos.
Os presos arrancaram uma parte metálica onde ficava a iluminária da cela. Dali, subiram até o teto da penitenciária onde acessaram uma espécie de shaft, uma abertura entre as paredes por onde passam tubulações de água e ventilação. Depois, eles atravessaram um tapume que cobria um canteiro de obras, de onde arranjaram um alicate. O presídio passava por uma obra de readequação no pátio onde ocorre o banho de sol.
A ferramenta foi utilizada para cortar o alambrado e fazer uma passagem para fora do presídio.
Na hora da evasão, algumas câmeras de segurança e lâmpadas não estavam "funcionando adequadamente", segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Isso fez com que os guardas só detectassem a fuga uma hora e meia depois quando conferiram a cela vazia. Lewandowski também disse que naquele momento os servidores estavam "mais relaxados" em razão do feriado de carnaval.
Uma investigação foi instaurada pela Polícia Federal para apurar se a fuga foi realizada com a ajuda de algum agente penitenciário ou operário da obra. O ministro da Justiça determinou o afastamento da atual direção do presídio e nomeou um interventor para administrar o local, enquanto o inquérito não for concluído.
Além de fazer o exame da cela, os peritos recolheram objetos com material genético para saber se mais alguém acessou o local onde os presos estavam abrigados.
Em coletiva realizada nesta quinta-feira, o ministro expôs que os materiais usados numa obra estrutural do presídio não estavam acondicionados de forma correta.
— Várias instalações estavam sendo reformadas. Então havia operários, ferramentas lá dentro. Infelizmente, a informação que temos é de que estas ferramentas não estavam devidamente acondicionadas e trancadas. Possivelmente, espalhadas pelo presídio e ao alcance das pessoas que realizaram essa fuga — disse ele.