Tragédia no Rio Grande do Sul: nível do Guaíba supera os cinco metros e sobe 20 cm em um dia

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O Guaíba já havia superado o recorde de maior nível na noite desta sexta-feira, de acordo com dados do SNIRH, ao atingir os 4,77m de água. O nível crescente ameaça romper os diques de proteção que ainda impedem um estrago maior na capital.

O registro anterior de 4,76m foi anotado há 83 anos, nas cheias de 1941. A previsão dos técnicos do governo estadual é de que esse volume alcance os 5 metros em breve. Por conta da enchente, o Aeroporto Internacional Salgado Filho suspendeu os voos por tempo indeterminado.

• Cota de inundação: 3m
• Antigo recorde histórico, de 1941: 4,76m
• Nível atingido na manhã deste sábado: 524m

O dique de contenção que represa as águas do rio Gravataí, situado ao lado da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), na Zona Norte de Porto Alegre, extravasou na manhã deste sábado. A Prefeitura da capital gaúcha emitiu um alerta de evacuação para o bairro Sarandi, no entorno do dique, e está removendo os moradores do local com apoio do Exército e Bombeiros. Um registro da evacuação foi feito por um repórter do Correio do Povo.

Durante coletiva de imprensa na noite desta sexta-feira, o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) destacou que os sistemas de proteção estão sendo postos à prova na capital e na Região Metropolitana, mas acrescentou que não há como garantir que essas estruturas irão aguentar. Disse ainda que há casos de blindados do Exército e uso de sacos de areia para conter áreas em que há indícios de rompimento dessas barreiras. Em meio ao boletim, inclusive, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Mello, deixou às pressas o local para acompanhar um vazamento no dique da Fiergs, em área próxima a 12 vilas.

— As pessoas ficam curiosas, querem ver, porque é um fato histórico, mas, nesse momento, chegar perto de locais que estão inundando pode ser algo de muito risco. A gente pede pra que as pessoas levem a sério os alertas emitidos e se coloquem em segurança, porque em Porto Alegre e Canoas há diques de proteção, mas todos esses sistemas estão sendo estressados, postos à prova por um volume muito grande e persistente de água — disse Leite. — Um veículo do Exército foi usado para apoio num lugar onde houve sinal de ruptura. Tudo para ajudar que estruturas comportem, resistam, mas não há como garantir que não haja algum tipo de ruptura, o que pode causar uma onda, arrastando pessoas, machucando e colocando vidas em risco. Por isso tivemos ordem de evacuação.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul contabiliza, até última atualização, na manhã deste sábado, 56 mortos e 67 desaparecidos em todo o estado por causa das chuvas. Além do Rio Guaíba, o governo emite alerta extremo ainda para os rios Jacuí, dos Sinos e Ibicuí.

— É preciso ter muita atenção na capital e nos municípios da Região Metropolitana que ficam às margens do Guaíba e do Jacuí. Pedimos para que as pessoas se coloquem em segurança — disse o governador.

Com a cheia do Guaíba e a enchente no centro histórico da capital e em municípios da Região Metropolitana, o Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete) abriu suas portas para receber cerca de 300 desabrigados e desalojados — majoritariamente, a população da região central de PoA e das ilhas, onde o nível das águas do Guaíba apresentou elevação acentuada nas últimas horas.