Nove crianças e adolescentes são baleados em Fortaleza

Durante o crime, uma criança de 10 anos e uma mulher morreram no local. Testemunhas contam que os suspeitos estavam em dois carros com as armas e começaram a atirar. Imagens feitas no local mostram as duas vítimas, sendo uma delas o garoto, caídos no chão.

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Ao G1, a direção do Hospital Instituto Dr. José Frota (IJF), onde os feridos foram socorridos, afirmou que as vítimas são: três meninas, com 11, 13 e 16 anos; e cinco meninos, com 8, 9, 10, 15 e 16 anos.

Ainda conforme o hospital, o menino de 8 anos foi atingido na cabeça e está internado na UTI. Outros dois foram submetidos a cirurgias de emergência e os demais estão sendo acompanhados pelas equipes clínicas e cirúrgicas do hospital.

Outro caso de violência foi registrado em Fortaleza na noite de sexta-feira. Um entregador de 23 anos e um cliente foram mortos durante um ataque a tiros em uma pizzaria no Bairro Mondubim. O crime foi flagrado por câmeras de segurança.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) informou que equipes das Forças de Segurança do Ceará foram acionadas para uma ocorrência com duas mortes. Inicialmente, outras três pessoas foram atingidas e socorridas para unidades médicas.

O promotor Adriano Saraiva, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ceará, afirmou que essa tentativa de chacina está relacionada à guerra entre as facções locais Guardiões do Estado (GDE) e Massa Carcerária.

O pesquisador Luiz Fábio Paiva, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará, ressalta que situações assim, infelizmente, não são novas no Ceará. E que chacinas como essa vêm ocorrendo com certa frequência desde 2016, com a ascensão das facções criminosas no estado.

— A gente tem um quadro de conflito armado envolvendo facções e controle de mercados ilegais, e esses grupos têm produzido uma série de mortes. E usado as chacinas como metodologia de acertos de contas. Já tivemos algumas situações este ano — explicou Paiva. — É uma situação que tem causado uma aflição, sobretudo nas periferias, locais preferenciais desse tipo de ação.

Paiva afirma que a estruturação mais recente da Massa Carcerária, por volta de 2021, tem criado situações de tensão. O bando, que inicialmente reunia os criminosos neutros, começou a incorporar também aqueles insatisfeitos com as suas próprias facções. Um dos métodos desse grupo para ganhar poder é invadir territórios de outras organizações criminosas e expulsar moradores. A Massa Carcerária também tem negócios o Primeiro Comando do Capital (PCC).

— Não tenho como precisar que a chacina de agora tem relação, mas há indicativo de que essa dinâmica de conflitos tem sido um dos elementos produtores desses homicídios. A Massa Carcerária está em franca ascensão, e tem sido apontado como um dos principais responsáveis pela intensificação do conflito — pontuou Paiva.

Segundo a Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco) do Ceará, a guerra de facções já provocou a expulsão de moradores de pelo menos nove condomínios residenciais de Fortaleza e Região Metropolitana. Nesses locais, houve atuação da Polícia Civil, inclusive com prisões.

O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), fez um pronunciamento em vídeo em suas redes sociais sobre as mortes e disse que não descarta pedir apoio federal nessa "missão". Segundo ele, já ligou para o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowisk, relatando a situação. "Os cearenses podem ter certeza de que não descansaremos nesse combate ao crime organizado".

No vídeo, ele informa que os ataques ocorrem diante da intensificação das operações de combate ao crime no estado e do anúncio de novas medidas de enfrentamento às organizações criminosas, juntamente com a Justiça e o Ministério Público. "Ao mesmo tempo em que me solidarizo com as famílias dessas vítimas, com o sofrimento pelo qual passam neste momento, afirmo que esses ataques não intimidarão as forças de segurança do Ceará e as nossas Instituições.