Cultura
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Por Ronald Villardo, Especial Para O GLOBO — Rio de Janeiro

Polêmica desde a sua fundação, a Igreja da Cientologia parece ser uma das mais populares, para o bem e para o mal, entre estrelas do cinema e da música. Tom Cruise e John Travolta são alguns dos defensores ferrenhos. As atrizes Elizabeth Moss, de “O conto da aia”, e o músico de jazz Chick Corea são fiéis mais discretos. O comediante Jerry Seinfeld fez o curso básico da instituição mas não comenta o assunto. Nos auge dos anos 1960, o escritor beat William S. Burroughs (1914–1997) passou um bom tempo por lá. Na última semana, sites de celebridades têm publicado que o mais novo astro pop Austin Butler, indicado ao Oscar por “Elvis”, estaria sendo assediado pela igreja. Na tentativa de enxergar o que tanta gente boa encontrou, ou não, na tal da Cientologia, aqui estão dez fatos sobre a Igreja das famosos.

Origem

A Cientologia é uma religião fundada em 1953 por Laffayette Ronald Hubbard (1911–1986), um americano de Nebraska que nos anos 1940 escrevia histórias de ficção científica para revistinhas vendidas em bancas de jornal. Em 1950, Hubbard publicou o livro “Dianética: a ciência moderna da saúde mental”, com técnicas de “aprimoramento pessoal”. As vendas renderam dinheiro para a abertura da Hubbard Dianetics Research Foundation (Fundação Hubbard de Pesquisas de Dianética), numa salinha em Nova Jersey. A fundação foi à falência em 1953 por conta de dívidas com o fisco. No ano seguinte, Hubbard fundou a Cientologia como uma religião, passando a desfrutar de isenções fiscais. Atualmente, a Cientologia tem representantes em vários países, como Austrália, Nova Zelândia e Brasil.

Crença

Quem procura a Cientologia pela primeira vez entrará em contato apenas com as tais técnicas de “aprimoramento pessoal” descritas no “Dianética”. Segundo Mark Rinder, um ex-líder da igreja que há três anos apresenta o podcast “Fair game”, sobre os bastidores polêmicos da Cientologia, os conceitos mais controversos só são apresentados ao fiel como “segredos” depois de algum tempo dentro da organização.

Entre os tais segredos, que não poderiam ser compartilhados nem com o amigo mais próximo, estaria a origem da Humanidade. LRH diz que os humanos seriam egressos de uma civilização trazida à Terra há 75 milhões de anos por um ditador intergaláctico chamado Xenu. Tais seres, descritos como “thetans”, teriam perdido a consciência da própria imortalidade e ao adquirirem o corpo humano e passaram a sofrer a influência de memórias do passado, e de outros “thetans” malvados, que atrapalham a vida presente.

Terapia

Os seres humanos só se livrariam das más influências por meio de sessões chamadas de “auditing”, algo como “auditoria” em tradução livre. Nestes encontros, conduzidos por um “auditor”, o devoto responde perguntas sobre momentos dolorosos pelos quais passou enquanto segura dois cilindros ligados à um visor em que uma agulha se move de acordo com suas reações. O artefato tecno-religioso que lembra um detetor de mentiras é chamado de eletro-psicômetro. Ou e-metro. Quanto mais sessões, mais próxima a pessoa estaria do estágio “clear”, no qual as más influências teriam sido totalmente eliminadas.

Na cultura pop

O almejado estado final de “clear” inspirou o título original do livro “Going clear – Scientology and the prison of belief”, do jornalista americano Lawrence Wright, publicado no Brasil com o título “A prisão da fé”, pela Companhia das Letras, em 2013. Wright entrevistou mais de 200 ex-seguidores da seita, que relatam abusos, perseguição, exploração financeira, entre outras polêmicas. O livro deu origem ao doc “Going clear – Cientologia e a prisão da fé”, dirigido por Alex Gibney, exibido no Brasil pela Netflix. Entre as dezenas de outros documentários destaca-se “My Scientology movie”, sem título em português, em que o jornalista britânico Louis Theroux é pessoalmente perseguido por membros da Cientologia que tentam intimidá-lo para evitar a conclusão do filme. A técnica de perseguição é conhecida internamente como “fair game”, algo como “jogo justo”. A ideia é que vale tudo para defender a igreja.

“Fair game” é também o título do podcast da atriz e ex-cientologista Leah Remini e de um dos ex-líderes da igreja, Mark Rinder, dedicado a ouvir histórias de ex-cientologistas. Os relatos dramáticos não são novidade. Em 1969, o escritor William S. Burroughs Jr., ícone da Geração Beat, publicou o livro “Ali’s smile: naked Scientology”, no qual ele narra a experiência que teve na religião descrita pelo escritor como uma “seita estranha e abusiva”. No cinema, a vida de LRH inspirou o filme “O mestre” (2012), de Paul Thomas Anderson, estrelado por Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman.

Quem manda

Desde a morte de L. Ron Hubbard, a Cientologia é liderada por David Miscavage, amigo íntimo de Tom Cruise. No livro “A prisão da fé”, Miscavage é descrito como um homem manipulador, de temperamento volátil e até violento. Miscavage só deu uma única entrevista à imprensa, em 1992, na qual travou um embate ao vivo com o jornalista Ted Koppel, do programa “Nightline” da rede de televisão ABC. Para Miscavage, “a mídia” está contra a igreja. A entrevista é facilmente encontrada no Youtube.

Os inimigos

Além da imprensa, a igreja da Cientologia também elege a psiquiatria e a psicologia como suas inimigas. Em 1950, American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia), emitiu uma nota afirmando que o conteúdo de “Dianética” nada tinha a ver com ciência. Em resposta, a Cientologia ataca até hoje a psicologia e argumenta que a “psiquiatria foi criada pelos russos” e “utilizada pelos nazistas na Segunda Guerra”.

O ator Tom Cruise discursa na Cientologia, em 2004 — Foto: AFP
O ator Tom Cruise discursa na Cientologia, em 2004 — Foto: AFP

Famosos, famosos, famosos

No livro autobiográfico “Troublemaker: surviving Hollywood and Scientology”, a atriz Leah Remini afirma que “os frequentadores que podem dar visibilidade à seita ganham tratamento especial”. Este seria o caso de Cruise e de outros cientologistas célebres, como a atriz Elizabeth Moss, de “O conto da aia”, e o músico de jazz Chick Corea. Sites de fofoca dão por certo que a religião estaria concentrando esforços para cooptar Austin Butler, intérprete de “Elvis”. Coincidência ou não, Tom Cruise foi visto em conversa ao pé de ouvido com o rapaz numa das festas que precederam a cerimônia do Oscar deste ano.

Prepare o bolso

No livro “A billion years: my escape from the highest ranks of Scientology”, lançado no ano passado, Mark Rinder conta que, além das sessões de auditoria, a ascensão na hierarquia interna da igreja depende da realização de cursos caros e aquisição de livros. O estágios estão detalhados na “Ponte para a Liberdade Total”, que descreve as “conquistas” dos devotos em cada passo da escala evolutiva. O último seria o estado de “clear”, em que a alma estaria totalmente livre e seria capaz, entre outras coisas, de exercer poderes paranormais.

Cuidado com as amizades

Qualquer crítico da Cientologia é descrito internamente como uma “supressive person” (algo como uma “pessoa supressora”). E as SPs devem ser evitadas a qualquer custo. Leah Remini conta que a atriz Nicole Kidman já teria sido descrita como uma “maldita SP” pela própria filha que tem com Tom Cruise, a cientologista Isabella Cruise. Quando perguntada sobre o assunto, Nicole desconversa e diz que seus filhos com Tom, Isabella e Connor – este também um cientologista – “já são adultos e podem fazer suas próprias escolhas”. A atriz Katie Holmes, que foi casada com o ator, também foge do assunto. A filha de Katie e Cruise, Suri, está com 17 anos e aparentemente não fala com o pai desde os 8.

O futuro

Segundo relatos de ex-seguidores, a Cientologia ensina que o ex-ditador Xenu teria sido capturado por rebeldes da Confederação Galática e encontra-se até hoje aprisionado dentro de uma montanha-prisão num planeta de nome desconhecido. E se ele escapar?

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