Grupo de velhos amigos, que voltou em 2016, quatro anos após a morte do tecladista José Roberto Bertrami, com o álbum “Fênix”, o Azymuth sofreu outro baque no ano passado: ainda em plena atividade, o baterista Ivan Mamão Conti também morreu.
— Depois da morte do Bertrami, eu e Mamão fizemos um pacto de que, se algum de nós dois fizesse a passagem, o outro seguiria em frente com o Azymuth. Mas não achava que fosse acontecer isso — lamenta Alex Malheiros, de 77 anos, que conduz o grupo em show nesta sexta (7), a partir das 20h15, no I Love PRIO Blues & Jazz Festival, no Teatro I Love PRIO, no Jockey Club Brasileiro, na Gávea, Zona Sul carioca.
Com dois “jovens de 53 e 60 anos” (respectivamente, o tecladista Kiko Continentino, que assumiu o posto de Bertrami em 2015 e gravou “Fênix”, e Renato Massa, baterista), Alex assume a missão de dar prosseguimento ao legado de um dos grupos nacionais mais conhecidos no exterior, e que desde o começo se destacou com sua busca por uma música moderna, cosmopolita e até mesmo futurista, mas também suingada e brasileira.
Filho de um funcionário público que tocava contrabaixo no Cassino Icarahy, em Niterói, Alex Malheiros começou sua caminhada pela noite nos anos 1960, na boate Drink, do organista Djalma Ferreira, no Leme, acompanhando cantores como Cauby Peixoto. Ele conheceu José Roberto Bertrami quando ambos foram parar na banda de Eliana Pittman, e Mamão, no Canecão, então uma cervejaria, onde o baterista tocava rock com o grupo Youngsters (“eles acabavam e eu começava com a bossa nova”, recorda-se).
Craques de estúdio, que gravavam com qualquer tipo de artista, em 1973 os três músicos foram chamados por Marcos Valle para trabalhar na trilha do documentário “O fabuloso Fittipaldi”. E daí viraram um grupo de fato, com direito até a nome, Azymuth — o mesmo de canção composta por Marcos e pelo irmão, Paulo Sérgio.
Relançamento
O sucesso nacional veio com a música “Linha do horizonte” (do seu LP de estreia, de 197 5, recém-relançado em LP pela revista Noize) e o internacional em 1979 com “Jazz carnival”, faixa instrumental que ficou entre as 20 mais tocadas do Reino Unido.
O som do Azymuth foi o resultado de uma mistura de jazz, samba e rock, feita com instrumentos de ponta que o grupo comprou logo no começo da carreira, como o piano elétrico Fender Rhodes e os sintetizadores Minimoog e ARP Strings — hoje, de sonoridade tão clássica quanto a sanfona dos forrozeiros e o bandolim dos chorões.
— Reclamavam muito dos nossos instrumentos, diziam que parecia (o tecladista inglês de rock progressivo) Rick Wakeman, mas a gente tinha que evoluir. Depois, começaram a chamar o que a gente fazia de “música contemporânea” — diz Alex, que acaba de gravar mais um disco com o Azymuth, e que embarca em setembro para a sua primeira turnê do grupo pelos Estados Unidos em 25 anos.