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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 25/06/2024 - 03:30

O legado duradouro de Michael Jackson

Michael Jackson continua sendo uma figura influente 15 anos após sua morte, com um podcast analisando sua vida e obra, um musical em cartaz na Broadway e uma cinebiografia em produção. Apesar das acusações de abuso, seu legado artístico permanece vivo, impactando gerações mais jovens.

No décimo e último episódio do podcast “Think twice: Michael Jackson”, lançado nos Estados Unidos em setembro passado, um dos seguranças do Rei do Pop conta que, em 2007, ouviu no rádio do carro a notícia de que MJ acabara de morrer. Simplesmente olhou para o banco de trás, e o patrão falou: “Ah, escuto isso o tempo todo.” No dia 25 de junho de 2009, as notícias estavam corretas: um dos maiores artistas de todos os tempos estava morto, aos 50 anos de idade.

O podcast que revisita sua vida e obra, apontado por publicações como a revista New Yorker e o jornal New York Times como um dos melhores do ano passado, é um dos exemplos de como o astro, passados exatos 15 anos de sua morte, está longe de ser esquecido. Em abril, o canal oficial do artista no YouTube bateu 30 milhões de inscritos. A título de comparação: Madonna tem 7,1 milhões; os Beatles, 8,3 milhões; e Beyoncé, 27,2 milhões. Um espetáculo baseado nele e premiado com quatro Tonys, “MJ:The musical”, mantém-se firme e forte em cartaz na Broadway, em Nova York, e em West End, em Londres — com novas versões em Hamburgo, na Alemanha, em dezembro, e em Sidney, na Austrália, em fevereiro de 2025. E os fãs mais atentos acompanham com lupa tudo o que sai sobre o filme “Michael”, dirigido por Antoine Fuqua (de “Sete homens e um destino”), aguardada cinebiografia prevista para estrear 2025. Para interpretar o cantor, foi escalado o sobrinho Jaafar Jackson, que, a julgar pelas imagens já divulgadas da produção, está a cara do tio.

Por outro lado, neste meio-tempo vieram a público novas acusações de abuso sexual de menores, no alardeado documentário de 2019 “Leaving Neverland”, da HBO. Ainda assim, há quem diga que a morte foi uma espécie de “renascimento” do astro.

— A morte dele foi uma forma de redenção —diz Ivisson Cardoso, DJ e pesquisador da obra do americano. — O tempo dele em vida foi muito sofrido. Lembro de quando ele anunciou os shows de despedida: eram os fã celebrando, e a crítica falando mal. Depois, houve uma ressignificação.

Para entender o que isso representa é preciso voltar a 2009. Fenômeno de canto e dança desde a infância com os Jackson Five, Michael Jackson ainda era (e é) dono de recordes como do “álbum mais vendido de todos os tempos com ‘Thriller’”, mas estava longe das glórias quando morreu. Antes disso, em 2005 encarou, em julgamento, a acusação de molestar um garoto de 13 anos no rancho Neverland. Denúncias semelhantes surgiram no passado, mas até então ele tinha conseguido enterrá-las com acordos na esfera civil.

Foi absolvido pelo júri, mas não necessariamente pela opinião pública. Como é citado no podcast “Think twice”, “a vida dele parecia encolher em todas as dimensões”. Em 2009, ele finalmente tentou voltar com tudo, anunciando 50 shows da turnê “This is it”, em Londres, que nunca chegaram a acontecer.

— Deveria ser o grande retorno após um período em que a imagem pública dele estava no ponto mais baixo — diz ao GLOBO por e-mail Leon Neyfakh, jornalista americano que é produtor e um dos apresentadores de “Think twice”. — Quando ele morreu inesperadamente durante os ensaios, houve uma onda esmagadora de tristeza e amor. Acho que as pessoas estavam celebrando não apenas Michael como pessoa e sua arte, mas todas as formas como a música dele se entrelaçou com as próprias vidas. Acredito também que havia alguma culpa, pois o público vinha tratando-o como uma piada por anos.

Cover do astro, o designer carioca André Bernardes, de 28 anos, lembra ter começado a gostar dele aos 11, por influência da avó. Mas nem todo mundo sabia que ele arrasava na imitação de “Beat it”, a primeira coreografia que aprendeu.

—Tinha até vergonha, na época, de falar que era fã dele por causa das polêmicas — diz André, que no dia 6 de julho apresenta o espetáculo “Dangerous tour experience” na Arena Fernando Torres, em Madureira, Zona Norte do Rio.

O artista, que costuma frequentar shows de outros imitadores de Michael, relata ver cada mais jovens nos eventos que celebram MJ. Empresa de dados do meio musical, a Chartmetrics indica que 40,4% dos ouvintes dele no mundo todo hoje estão na faixa de 18 a 24 anos e que o segundo maior mercado a consumi-lo é o Brasil, atrás dos Estados Unidos.

— O próprio tempo provoca um distanciamento— diz Mariana Lins, doutora em Comunicação e Cultura Pop pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). — Há um rebranding para quem não o conheceu e para a geração com nostalgia, que pensa “ah, ele morreu, as questões existiram (de acusações de assédio), mas é melhor não pensar nisso, vamos curtir o MJ que eu dançava”

Vida não é 'black or white'

Diante das acusações de pedofilia e de todo o comportamento considerado, digamos, excêntrico demais, Michael Jackson encarou o “cancelamento” numa época em que o termo ainda nem era corrente. Para muitos ouvintes, era difícil separar o autor da obra. O podcast “Think twice” foi criado, explica o jornalista Leon Neyfakh, para que ele mesmo e o colega de apresentação e produção, Jay Smooth, “apaziguassem” pensamentos conflitantes sobre a pessoa Michael e o gênio Jackson.

— Para alguns, trata-se de não apoiar financeiramente alguém que fez coisas que desaprovam — diz Neyfakh. —Mas acho que a questão mais interessante não é sobre posições morais, mas nossa capacidade real de apreciar e nos envolver com a arte que sabemos (ou pelo menos pensamos) ter surgido, de alguma forma, do mal. Talvez você nem esteja tentando tomar uma posição moral sobre “apoiar Michael Jackson”, mas você ouve suas músicas e não consegue deixar de pensar em tudo de que ele foi acusado. Para alguns, isso pode arruinar a música. Nosso podcast foi uma tentativa de reconciliação: tornar mais fácil para as pessoas, inclusive nós mesmos, ouvir a música enquanto mantemos impulsos conflitantes. Tenho tocado “Black or white” para minha filha de 10 meses enquanto caminho com ela pela rua no carrinho, e fico feliz com isso.

Nem todo mundo consegue fazer esse movimento com facilidade. A pesquisadora Mariana Lins conta — despindo-se do papel profissional — ter ficado bastante impactada com as acusações de “Leaving Neverland”. Sua versão fã de Michael Jackson foi profundamente abalada.

— Entrei num dilema horroroso, passei muito tempo sem conseguir escutar suas músicas — diz. — Comecei a travar uma batalha interna. Ele é incontestavelmente um dos artistas mais incríveis da história, tem uma obra respeitável, de uma qualidade absurda, que é impossível ouvir e ficar inerte. Então, fiz uma espécie de detox.

Hoje, ela já está mais “flexível”. Consegue ouvir canções, mas não pretende ver o filme e nem iria ao musical:

— Temos um monte de outras pessoas, em vários segmentos, não só artístico, mas da vida comum, que têm relevância profissional, mas com vidas pessoais questionáveis. Outro fato é que ele morreu. A obra dele ficou.

O legado de Michael permanece também na obra de outros artistas, que claramente incorporam elementos do Rei do Pop em turnês, clipes, álbuns e músicas. The Weeknd é um dos nomes mais influenciados. Usher e Beyoncé também bebem na fonte. A contemporânea Madonna não escapa. Tanto que faz uma homenagem a ele na turnê “The celebration tour”.

—Ele era um artista muito imagético, pensava na música em todas as esferas — diz o DJ e pesquisador Ivisson Cardoso. — Você o escuta e imagina a roupa, o sapato, a dança, o clipe, pensa no artista multimídia. Fazia-se clipe antes dele, mas não com a estética que ele trouxe.

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