ESG
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Por Claudio Marques, Especial Para O Prática Esg — São Paulo

O mercado de crédito de carbono vive um momento de efervescência que impulsiona o desenvolvimento de todo um ecossistema a sua volta.

Dados referentes a 2021 divulgados recentemente pelo Ecossystem Marketplace (EM) mostram que o mercado voluntário, que não depende de legislação, cresceu quase quatro vezes no último ano, chegando próximo a US$ 2,5 bilhões de créditos negociados no mundo.

Já o preço médio por crédito, que representa uma tonelada equivalente de CO2, foi de US$ 4 no ano passado, 58% acima do ano anterior (US$ 2,50).

A cadeia de fornecedores de serviços e soluções para o segmento engloba de consultorias para projetos de geração, certificadoras e gerenciadoras dos projetos a monitoramento via drones e satélites, além das comercializadoras, grupo que inclui empresas vendedoras de tokens atrelados a florestas preservadas, e do próprio setor financeiro.

A recente criação, em fevereiro, da Aliança Brasil NBS (nature based solutions) evidencia a pujança desse novo mercado. Já são 15 empresas associadas.

— Houve um frenesi no mercado, vimos muitas novas empresas surgindo, o que é positivo, mas também vimos muitas fazendo coisas que não condiziam com os preceitos de crédito de carbono — conta Janaína Dallan, presidente da entidade e CEO da Carbonext, consultoria e desenvolvedora de projetos de geração de créditos de carbono.

Até US$ 30 por tonelada

Para Felipe Bittencourt, CEO da WayCarbon, “o quadro mudou pela entrada do setor financeiro olhando o tema ESG como central para os investimentos”. A companhia atua há 16 anos com soluções de tecnologia para a sustentabilidade, gestão de ativos ambientais e estratégias de ecoeficiência e economia de baixo carbono.

Se a pandemia fez com que a receita das empresas do segmento paralisassem por três meses, depois, em dois anos, o crescimento foi de 600%. A movimentação também se intensificou na área de fusões, aquisições e compras de participações.

A Carbonext recebeu em julho um aporte de R$ 200 milhões da Shell. Em março, o Santander adquiriu 80% da WayCarbon. Há um ano, a empresa de serviços de gestão ambiental Ambipar comprou a Biofílica, especializada em projetos florestais para a geração de créditos de carbono.

Projeto Unitor da Carbonext, em Lábrea (AM), tem 99 mil hectares protegidos desde 2018 — Foto: Divulgação
Projeto Unitor da Carbonext, em Lábrea (AM), tem 99 mil hectares protegidos desde 2018 — Foto: Divulgação

A Future Carbon, que absorveu o time da Sustainable Carbon, começou a operar neste ano com a proposta de ser um grande hub de serviços financeiros ligados ao carbono.

Fabio Galindo, co-CEO da Future Carbon, explica que a empresa quer oferecer desde plano de gestão climática até a própria geração do crédito e sua negociação no mercado internacional. Terá, por exemplo, uma mesa de trade diário de carbono e pretende estruturar outros produtos financeiros.

Marina Cançado, ex-líder de investimentos sustentáveis do private da XP é a outra sócia e co-CEO da Future Carbon.

Até o mercado de tecnologia entrou no segmento. A climatech brasileira Moss.earth, emissora da criptomoeda MCO2, que funciona como certificação digital de créditos de carbono, levantou em janeiro US$ 10 milhões para escalar o negócio e começar a atuar também na geração dos créditos. A empresa vende no mercado tokens não fungíveis, as NFTs, que, diz, estão atrelados a uma fração de floresta amazônica preservada.

— Toda atividade que impacte o clima e que é cobrada, seja pela sociedade, pelo mercado de capitais ou pelos próprios colaboradores, a fazer a transição para uma economia de baixo carbono é geradora de crédito em potencial — lembra Galindo, da Future Carbon.

Sob novo comando: Fabio Galindo  e Marina Cançado, co-CEOs da Future Carbon — Foto: Divulgação
Sob novo comando: Fabio Galindo e Marina Cançado, co-CEOs da Future Carbon — Foto: Divulgação

A procura por créditos se reflete nos preços. A Orizon, dona de 15 aterros sanitários e produtora de energia elétrica e de biogás a partir de metano gerado pelos resíduos, vendia os créditos por cerca de US$ 2,30 a tonelada de carbono equivalente.

Ao longo de 2021, o valor foi subindo e, após a COP26, bateu entre US$ 5 e US$ 7. Neste ano, já foram feitas vendas acima de R$ 7, afirma Milton Pilão, CEO da companhia.

Antes de 2020, os créditos de preservação ambiental REDD+ (projetos de Redução de Desmatamento e Degradação da Floresta) emitidos Carbonext ficavam em torno de US$ 1, foram pegando um pouco de tração ao longo de 2021 e hoje são negociados por US$ 15, afirma o co-CEO da empresa, Luciano Corrêa da Fonseca.

— Saímos de proteger 200 mil hectares de florestas para 2 milhões de hectares, aumento de dez vezes da área preservada ou no processo de serem preservadas — acrescenta.

De acordo com a Future Carbon, os créditos de energia têm valores de US$ 4 a US$ 5, os de floresta vão de US$ 15 a US$ 20 e os que envolvem restauração de florestas estão em torno de US$ 30.

Falta de regulação

Enquanto o projeto de lei 528/2, que institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), não anda na Câmara, o mercado voluntário está a todo vapor. Dos 1.775 projetos de crédito de carbono certificados pela Verra, principal verificadora de geração, no mundo, 15% vêm da América Latina.

Em 2021, foram verificados 110 novos projetos de sequestro e redução de gases poluentes e 300 milhões de créditos emitidos, mais que o dobro de 2020.

Mas isso não significa que não há desafio. A própria falta de regulação é um deles, segundo os executivos. Outros são a dificuldade de comprovar propriedade da terra na Amazônia, falta de padronização e de exigências de qualidade para os projetos.

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