Após quatro dias seguidos de queda, as bolsas europeias operam em alta nesta segunda-feira e o euro está se valorizando frente ao dólar como resultado das eleições legislativas na França.
A extrema-direita saiu na frente no primeiro turno da votação, e o partido Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, obteve 33,2% dos votos, a Nova Frente Popular, de esquerda, teve 28%, e a coalizão de centro do governo do presidente Emmanuel Macron ficou em terceiro lugar, com 20,8% dos votos. O segundo turno será no próximo domingo, dia 7.
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Logo na abertura dos mercados, o índice CAC 40, principal referência da Bolsa de Paris, saltou 2,8%. As ações perderam um pouco o fôlego, mas seguiam em alta superior a 1% pouco antes do início da tarde, pelo horário local. As Bolsas de Frankfurt e de Londres avançavam cerca de 0,30%.
O euro subiu até 0,6%, para US$ 1,0776, embora ainda esteja cotado abaixo do patamar de antes de o presidente Emmanuel Macron convocar as eleições legislativas antecipadas no início de junho.
Vários outros indicadores de risco do mercado cederam. A diferença entre os juros cobrados de títulos franceses em relação aos aplicados nos bônus alemães caiu sete pontos – um termômetro de que os investidores estão mais confiantes na economia francesa.
Mas, afinal, o que motivou o alívio nos mercados?
Apesar de a extrema-direita ter liderado no primeiro turno, a votação foi menos expressiva do que indicavam pesquisas de opinião. Assim, analistas avaliam que o partido de Marine Le Pen enfrentará um caminho mais difícil do que o esperado para obter uma maioria absoluta no Parlamento, reduzindo as chances de que o país apoio medidas populistas que abalem os mercados financeiros.
– Um parlamento sem maioria clara pode a aprovação de qualquer medida, que é exatamente o que os mercados gostariam – avalia Marija Veitmane, estrategista da State Street Global Markets.
A decisão de Macron de convocar uma votação antecipada no início de junho fez com que os mercados na França sofressem fortes perdas nas últimas semanas. Seu partido — que defende cortes de gastos para controlar o déficit orçamentário da França — sofreu uma derrota esmagadora nas eleições parlamentares europeias em 9 de junho.
A coalizão de Macron e os partidos de esquerda tentam agora uma aliança para minimizar os ganhos da extrema-direita no próximo domingo.
Em distritos onde três nomes se qualificaram para o segundo turno, o candidato que ficou em terceiro lugar pode se retirar para aumentar as chances do outro partido derrotar a extrema-direita.
–Talvez seja possível bloquear uma maioria pela extrema-direita. Mas, no melhor cenário, será um parlamento sem maioria clara. Isso significa muito pouca tomada de decisões, nenhuma capacidade de lidar com um déficit orçamentário muito grande e, também, o projeto de mais integração colocado em suspenso – avalia Sebastian Raedler, chefe de estratégia de ações europeias do Bank of America.