Economia
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Por Bloomberg

Valiosos grãos de cacau jorram do tubo de algo que se parece com um pequeno trem atravessando árvores de frutas tropicais, deixando apenas as cascas no chão. A máquina está trazendo automação para a descamação de cacau maduro — uma melhoria significativa em relação ao tradicional processo de colheita intensivo em mão de obra, de colher frutas das árvores e cortar manualmente os talos com uma lâmina.

Isso faz parte de um esforço dos agricultores no Brasil para liderar uma grande modernização dos métodos de produção de cacau, ajudando a impulsionar uma revitalização da indústria no país. Mais amplamente, a mudança pode trazer uma assistência muito necessária aos mercados globais que enfrentam uma grave escassez de grãos dos principais produtores na África Ocidental.

Os preços do cacau mais do que dobraram este ano para um recorde, à medida que condições climáticas extremas, doenças e questões estruturais prejudicaram o fornecimento da Costa do Marfim e de Gana. Os futuros do cacau em Nova York fecharam a US$ 9.312 por tonelada na sexta-feira, subindo aproximadamente 3%.

O baixo pagamento tem dificultado a capacidade dos agricultores de investir em melhorias, limitando quanto cacau suas árvores podem produzir. Isso está chamando mais atenção global para o Brasil, que tem muito conhecimento agrícola e agricultores com recursos financeiros para investir em novas culturas.

— O modelo de produção na África tende a perder força com o tempo, e isso cria possibilidades para outras regiões — disse Laerte Moraes, diretor-gerente da unidade de ingredientes alimentícios sul-americanos da Cargill. — O Brasil tem todas as condições para ser um produtor de cacau muito eficiente.

A gigante empresa comercial está entre os grupos que trabalham com novas tecnologias para cultivar cacau em áreas atípicas no Brasil. Após um acordo recente com agricultores da região do cerrado, a Cargill está agora em negociações com fabricantes de chocolate, buscando estabelecer parcerias com agricultores para uma próxima fase de investimentos em cacau.

O Brasil produz menos de 5% dos suprimentos mundiais de cacau e atualmente é um importador líquido de grãos. Antes um proeminente fornecedor global, o país perdeu tudo para uma doença conhecida como vassoura-de-bruxa que dizimou as plantações na década de 1980.

Produtores rurais no Brasil estão determinados a se revitalizarem. A comissão de cacau do país, a Ceplac, busca duplicar aproximadamente a produção para mais de 440 mil toneladas por ano até 2030. Embora ainda distante do principal fornecedor global, a Costa do Marfim, isso transformaria o Brasil em um dos principais países produtores, provavelmente superando a Nigéria e Camarões.

Anteriormente, o Brasil utilizava métodos de produção que limitavam o cacau a algumas áreas pequenas e mais úmidas sob as sombras de árvores nativas mais altas. Agora, as novas máquinas podem operar sob a luz solar intensa e em terrenos planos.

Combinadas com melhor irrigação e grande uso de fertilizantes e pesticidas, além da seleção de mudas de árvores que podem resistir à exposição ao sol, os produtores estão apostando que podem tornar as lavouras de cacau mais produtivas e mais resistentes a doenças e condições climáticas extremas.

Vários agricultores que trabalham com as novas técnicas afirmam que a produtividade pode chegar a cerca de 3 mil quilos por hectare, muito acima da atual média nacional de 491 quilos por hectare.

A irrigação está permitindo o plantio de cacau em áreas mais secas, semelhante a uma expansão com soja e milho nas mesmas regiões que ajudou o Brasil a se tornar um grande exportador dessas commodities.

— Muitas pessoas novas na indústria de cacau estão começando a explorá-la — disse o agrônomo Silvino Kruschewsky Neto, que presta consultoria para várias fazendas no país. — Elas têm uma visão de negócio muito bem formada e uma cultura que dita que a cultura tem que ser produtiva e adotar tecnologia.

O grupo agrícola Agrícola DM4, no sul do estado da Bahia, está usando a máquina de colheita parecida com um trem para reduzir custos. Em uma fazenda que também cultiva pimenta preta e café, o cacau está se expandindo mais rápido do que o planejado inicialmente, já que os preços em alta significam que a cultura está se tornando mais lucrativa, segundo Fernando De Martins, CEO do grupo.

— Os produtores estão motivados a plantar ainda mais — disse De Martins. — O nível de preço do cacau mudou, e não acredito que veremos preços baixos nos próximos anos.

Até a PepsiCo está otimista em relação ao cacau no Brasil. A empresa, que usa cacau na produção do Toddynho, obteve bons resultados após tentar plantações de cacau em combinação com coqueiros localizados em algumas das regiões mais secas do Brasil.

— A vitalidade das plantas de cacau surpreende até mesmo os especialistas — disse Ricardo Tinoco, agrônomo da empresa. A Pepsi está considerando expandir em 450 hectares uma fazenda que possui e também poderia levar o cacau para algumas fazendas na região que lhe fornecem água de coco.

Resultados semelhantes foram vistos na Schmidt Agrícola, a empresa que se associou à Cargill há dois anos para promover novas técnicas para o cacau. O desenvolvimento da cultura tem sido encorajador, com uma "quantidade anormal" de frutas já se desenvolvendo nas árvores, disse Moraes da Cargill.

Embora leve tempo antes que algumas das áreas mais recentemente plantadas comecem a dar frutos, os novos métodos agrícolas estão começando a chamar a atenção do mundo, enquanto os mercados globais buscam fornecedores alternativos de cacau.

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