O Bradesco lucrou R$ 4,2 bilhões no primeiro trimestre de 2024, aumento de 46,3% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Houve, no entanto, pequena queda frente aos primeiros três meses do ano passado (de 1,6%), o que representa quadro de estabilidade. O resultado veio maior que a média das projeções dos analistas consultados pelo Valor Data, de R$ 3,9 bilhões.
O banco elenca alguns fatores que ajudaram a alavancar o resultado, como diminuição nas taxas de inadimplência, maior controle sobre despesas operacionais e crescimento na modalidade Bradesco Seguros — que faturou R$1,3 bilhão apenas por meio da venda de produtos em canais online.
Outro ponto que recebeu destaque foi a ampliação na carteira de crédito expandida, que chegou a R$ 889,9 bilhões, após contrair em 2023. O crescimento foi de 1,2% no ano e de 1,4% no trimestre.
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A inadimplência por um período superior a 90 dias de atraso caiu 0,3 ponto percentual no ano e também em relação ao trimestre anterior, ficando em 4,8%.
Segundo o CEO do banco, Marcelo Noronha, a maior parte das linhas de crédito reverteu sua trajetória e começou a ganhar ritmo. Ele destaca que houve uma mudança nas carteiras, que passaram a apresentar maior qualidade.
— Aplicamos uma estratégia de equilíbrio no crédito massificado, com a produção ajustada ao risco. Com isso conseguimos ampliar a margem financeira líquida, que registrou o melhor nível dos últimos quatro trimestres.
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Noronha disse também que a área de seguros segue em trajetória positiva, entregando bons resultados em termos de volume operacional e rentabilidade.
O ponto negativo ficou para a margem financeira, que contraiu no primeiro trimestre do ano, sobretudo por conta da redução da margem com clientes, que caiu 14,4% frente ao trimestre anterior e 5,9% frente ao início do ano passado.
No comunicado a investidores, o Bradesco disse que a perspectiva de melhora de margem é mais clara para o segundo semestre do ano.
Acordo com Casas Bahia
Em coletiva realizada nesta manhã, ele não comentou o acordo recente entre Bradesco e Banco do Brasil com a Casas Bahia para renegociar uma dívida de R$ 4,1 bilhões da varejista. O acordo estende o prazo de pagamento de 22 meses para 72 meses, reduzindo o custo médio da dívida em 1,5 ponto percentual.
Em um comunicado ao mercado divulgado nesta semana, a Casas Bahia afirmou que essa seria uma forma de melhorar seu fluxo de caixa em R$ 4,3 bilhões ao longo dos próximos quatro anos, com R$ 1,5 bilhão de economia apenas em 2024.
Noronha, sem mencionar diretamente a varejista, disse estar “confortável” com o nível de provisão do Bradesco.
— Não falo sobre casos específicos, mas o nível de provisão é absolutamente confortável — disse o executivo.
Os gastos com Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) foram bem menores em março, em torno de R$ 7,8 bilhões — 25,8% menor que no final do ano passado, e 17,9% a menos que no mesmo intervalo de 2023.
'Otimista com pé no chão'
Ele afirmou ainda que o primeiro trimestre do ano costuma ser marcado por resultados mais fracos para os bancos. O último trimestre, por outro lado, concentra os melhores números.
Noronha afirmou que tem confiança no crescimento do Bradesco e ressaltou que o banco ganhou participação no mercado de crédito em fevereiro. Ele também disse estar convicto de que o market share aumentou em março, embora os dados ainda não tenham sido divulgados.
O executivo disse estar “otimista e com o pé no chão” para os próximos dados de lucratividade do banco, citando o contexto macroeconômico favorável, com o aumento da massa de renda, o crescimento esperado do PIB em torno de 2,5%, o anúncio de que o Banco Central dos Estados Unidos não aumentará as taxas de juros e a mudança na perspectiva da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de riscos Moody's, de estável para positiva.
A meta do Bradesco é ampliar sua base de clientes empresariais dos atuais 143 mil para 250 mil ao longo de 2024. Além disso, a companhia prevê crescimento na carteira de crédito expandida entre 7% e 11% para este ano.
— O balanço apresenta solidez e começamos o ano superando desafios. Isso nos dá confiança de prosseguir na jornada de alcançar uma maior participação de mercado, no ritmo realizado neste primeiro trimestre.