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Economia Negócios

Vitória da CCR no leilão da Dutra reforça ausência de estrangeiros nas concessões do governo Bolsonaro

Ministro de Infraestrutura minimiza ausência e diz que rodovia que liga Rio e São Paulo está em boas mãos
A Serra das Araras, na Via Dutra: construção de uma nova subida para o trecho é uma das obras mais importantes previstas para a nova concessão da estrada Foto: Márcia Foletto/13-1-2021 / Agência O Globo
A Serra das Araras, na Via Dutra: construção de uma nova subida para o trecho é uma das obras mais importantes previstas para a nova concessão da estrada Foto: Márcia Foletto/13-1-2021 / Agência O Globo

SÃO PAULO — A vitória da CCR na disputa pelo controle da Via Dutra reforçou diagnóstico feito por especialistas: os grupos estrangeiros continuam fora dos leilões promovidos pelo governo Jair Bolsonaro. Apesar disso, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, buscou reforçar, nesta sexta-feira, a solidez do pacote de concessões federais.

Segundo o ministro, que acompanhou o leilão da Dutra na Bolsa de Valores (B3), na capital paulista, os estrangeiros estarão presentes na concessão da rodovia  porque a CCR, vencedora da disputa desta sexta-feira, conta com "fundos estrangeiros" entre seus investidores.

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Reportagem do GLOBO mostrou que as instabilidades da economia e a eleição presidencial de 2022 têm afastado o interesse de novos investidores externos nos leilões de concessões do país.

Apesar da avaliação dos especialistas, o ministro do governo Bolsonaro afirmou que os investidores estrangeiros não estão "nem aí para barulho e ruído" em torno das discussões sobre a política fiscal brasileira.

— Vai dar R$ 400 de Auxílio Brasil? Mas e o fiscal? Estamos com aumento de arrecadação e a dívida bruta do país está caindo. O fiscal está sob controle. Quem olha o Brasil não está preocupado com o ruído e a fumaça. O Brasil tem o maior programa de infraestrutura  do mundo. O que acontece aqui é sem precedentes — afirmou.

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Tarcísio disse que a Dutra vai se transformar na rodovia mais moderna do país com as novidades regulatórias e tecnológicas trazidas pelo edital.

— Quando vi duas empresas de grande porte participando eu pensei: quem vai disputar é profissional. A Dutra está em boas mãos — afirmou.

O ministro disse que tem recebido consultas de grupos estrangeiros que querem entrar no país sobre a concessão da BR-381 (Minas Gerais/Espírito Santo). Por isso, o leilão foi postergado até dezembro.

— O investidor está sabendo olhar no longo prazo. Existe o investidor que está olhando de longe e é influenciado por ruídos políticos. E existe o que está conectado, pensando no longo prazo e no retorno. Basta ver quantros se habilitaram para o leilão do 5G - disse Tarcísio.

O diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, destaca que a Dutra é um bom negócio por apresentar uma série histórica bem definida na demanda de fluxo de veículos, com uma modelagem financeira viável, o que a torna mais atrativa do que estradas pioneiras ou de menor fluxo. Mas ponderou que diante das incertezas políticas e econômicas do país, o leilão acabou se restringindo a empresas que já atuam no país e conhecem "suas mazelas".

Segundo o ministro, já foram realizados 116 leilões de concessão (75 deles feitos pelo Ministério da Infraestrutura) com mais de R$ 550 bilhões em investimentos contratados. Até dezembro, com novos leilões, como o 5G, serão contratados mais R$ 300 bilhões em investimentos, disse o ministro.

Tarcísio também mandou um recado aos caminhoneiros, que têm reclamado dos aumentos dos combustíveis.

— O governo está pensando em oferecer segurança, postos de parada e desconto no pedágio — disse.

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