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Em março de 2018, uma intuitiva Ana Furtado insistiu para ser submetida a uma biópsia de um cisto de mama. Apesar de dois mastologistas não recomendarem o exame, pelo fato de a aparência não indicar que fosse maligno, a apresentadora fez questão. “Naquele momento, sei que meu anjo da guarda vibrou de felicidade”, relata no livro “Até nunca mais”, que será lançado amanhã, na Livraria Travessa do Shopping Iguatemi, em São Paulo, e quarta-feira, na Argumento, no Leblon, no Rio. Nele, ela conta como “aceitou, resistiu e superou um câncer”. Talvez isso explique o estarrecimento diante do diagnóstico. “Eu estava em casa e decidi ligar para o laboratório, perguntando se o resultado já estava pronto. E sim, ele já estava. Não era o procedimento padrão, porém, para colocar um fim à minha angústia, o laboratório me encaminhou o laudo. ‘Carcinoma’ era o que estava escrito naquela folha, a princípio, intrigante. Mas eu não sabia o que era um carcinoma”, descreve no livro, com franqueza.

Ana Furtado — Foto: Pino Gomes
Ana Furtado — Foto: Pino Gomes

Depois de jogar a palavra carcinoma no Google, Ana começou a se dar conta do que estava acontecendo. “Foi um soco no estômago. Nunca me imaginei com câncer. Tenho alimentação balanceada, pratico exercícios. Na minha cabeça, seria a última pessoa a ter a doença”, conta em entrevista, por meio de videochamada, direto de Portugal. “Abriu um buraco na minha frente e comecei a cair. Na sequência, liguei para minha médica. Perguntei, angustiada: ‘Estou com câncer?’. O Boninho escutou o papo e correu para ver o que estava acontecendo. Tampei o telefone e disse para ele: ‘Estou com câncer!’. Aí veio o momento do resgate. Estava caindo. Ele me deu a mão e nunca mais soltou. Meu marido foi fundamental nesse momento”, narra, emocionada.

Cinco anos se passaram. Ana passou por uma cirurgia, seis sessões de quimioterapia e 25 de radioterapia. No último sábado, dia 30, “atravessou a linha de chegada da vitória”. Em pleno Outubro Rosa, ela comemora: “Estou curada e, no dia 22, completo 50 anos. A cereja do bolo é esse livro. Sempre quis escrevê-lo, mas não me sentia preparada. Tudo isso culminou num ciclo de reformulações, recálculo de rotas e de colocar em prática os meus desejos.”

Nos relatos a seguir, alguns extraídos do livro (em itálico) e outros colhidos na entrevista, a apresentadora diz como conseguiu sair da indignação diante da doença e fez com que o câncer transformasse positivamente a sua vida, analisa a mania de perfeição e a autocobrança como possíveis gatilhos, detalha a saída da Globo, explica como lida com a menopausa, antecipa projeto profissional e comemora a maturidade. “Até os 50 anos, estava acelerando na pista. Agora, estou decolando.”

Mania de perfeição

"A gente sempre acha que está muito distante da morte, esconde-a debaixo do tapete e segue a vida. No turbilhão de tarefas, vivemos no piloto automático. Acontece com todo o mundo. Estava nessa: tinha muito trabalho e inúmeras obrigações diárias. Sempre fui muito correta e uma profissional dedicada, a própria boa aluna, digamos assim. Mas essa coisa da perfeição que persegui a vida inteira acabou refletindo bastante na minha saúde. Sempre me cobrei muito e fui muito cobrada, por gerar expectativas. Não percebi o que estava fazendo comigo. Isso tudo foi muito tóxico, construí meu nome, minha carreira, mas acho que, no final das contas, entreguei demasiado, mais do que aguentei. O câncer veio para me ensinar muita coisa. Ele me mostrou que eu precisava parar e respirar.”

Indignação

Diante de todo esse sofrimento que eu já podia imaginar que viria, era inevitável perguntar: ‘Por que eu, meu Deus? Como essa doença se instalou em mim se eu cuidei tanto do meu corpo? O que eu fiz para merecer um câncer?’ Na minha concepção, absolutamente nada. Desde os 15 anos, eu mantinha uma alimentação que, de tão regrada, chegava a ser rígida. Não tomava refrigerante, não comia fritura, ingeria muitas frutas, legumes e verduras. Praticava esportes, não fumava, tinha o sono regulado. Bebia com bastante moderação, era disciplinada e determinada. Durante toda a minha vida, me disseram que, se fizesse tudo isso, eu teria longevidade e saúde. No entanto, não era o que estava acontecendo. Muito pelo contrário: aos 44 anos, eu estava com câncer, uma doença que me colocou cara a cara com a minha finitude. E isso me deixava irada. Fazia eu me sentir traída pela vida, pelo destino, pelos meus antepassados. Pela escolha do meu nome, em cujo significado eu acreditava fielmente. Eu me chamo Ana Beatriz. Ana é aquela cheia de graça. Beatriz é a que faz os outros felizes. Como podia a cheia de graça e que faz os outros felizes estar com câncer? Eu não entendia. Não aceitava. Não me conformava. Repetia mentalmente à exaustão: Por que eu? Por que comigo? Por quê?”

Resiliência

"Virei a chave da indignação quando entendi o significado da palavra resiliência. O transformar tem a ver com isso, com a habilidade emocional de se moldar diante de uma situação adversa e, assim, te colocar no lugar de crescimento pessoal. Esse clique me veio ao receber um vídeo da Monja Cohen. Jamais esquecerei. Estava nos correios, numa fila imensa, para tirar o CPF da minha filha, Isabella. No vídeo, a Monja faz a seguinte reflexão: ‘Como, ao contrário de destruir as células cancerígenas, podemos aprender a conviver e transformar a relação que se tem com elas? Lutar contra, alimentando um sentimento bélico, é depositar uma energia que fortalece o inimigo. O caminho está em sobressair o que é bom, em vez de colocar uma lente de aumento no que é ruim.’”

Saída da Globo

“A partir do vídeo da Monja Cohen, entendi que o câncer tinha muito a me ensinar. Nesses cinco anos, ressignifiquei toda minha vida. A minha saída da Globo tem a ver com isso. Estava há 27 anos na emissora, sou muito grata. É uma vida, aprendi tudo ali, a atuar, a apresentar e a entrevistar. Aprendi que a TV era a minha vida e fiz faculdade de Jornalismo. Comecei aos 19 anos, como modelo, e, aos 22, fui designada a apresentar um programa chamado “Ponto a Ponto”, no domingo, antes do Faustão. Fiz abertura de uma novela em 1995. O Walter Lacet (diretor) me viu dando entrevista e pediu para eu fazer um teste. Ele apostou numa novata, no caso eu. Desde então, entendi o tamanho do que estava vivendo. Agarrei com todas as minhas forças a oportunidade e não deixei escapá-la. Descobri uma grande paixão. Mas com todo esse processo de doença e também de ciclo, começou a bater um questionamento: ‘O que realmente me faz feliz?’ Já tinha feito muita coisa e sou o que sou porque entreguei tudo que podia, e um pouco mais. Estou num momento em que finalmente não preciso provar mais nada para ninguém. E isso é libertador.”

Cenas de um casamento

"Há ainda quem pense que, por ser casada com o Boninho, diretor artístico da Globo, tive meu acesso facilitado dentro da emissora. A verdade, porém, é justamente o contrário.Perdi as contas de quantas vezes não fui selecionada em testes para novas atrações por ser companheira de um diretor e pela sensibilidade de isso poder despertar desconfiança ou mal-estar nos outros candidatos. Não foram poucos os retornos que recebi sobre isso, oficial e extraoficialmente, sempre que algum resultado não era positivo. Nunca foi algo fácil de lidar, tampouco de verbalizar, mas sempre existiu… Estava ali, comigo, em toda a minha trajetória.

Projetos à vista

“Vou continuar sonhando e realizar projetos antigos que guardava dentro de gavetas. O fato de estar contratada me impedia de colocar em prática sonhos pessoais. Percebi que precisava ser a dona da minha história. Fazer o que eu quero, como e com quem desejo. Tem coisas que eu quero fazer e outras que não quero. Para mim sempre foi difícil falar não, e isso teve um preço. Saí da Globo com portas abertas e sei que posso voltar a qualquer momento. Se tem uma coisa que amo fazer é viajar. Um dos meus projetos tem a ver com viagens, estou em Portugal para trilhar esse caminho. Em breve, darei notícias sobre grandes destinos.”

Ana Furtado — Foto: Pino Gomes
Ana Furtado — Foto: Pino Gomes

Como falar com pacientes oncológicos

Costumo dizer que a maneira menos difícil de acertar o que falar para uma pessoa com câncer é fazendo uso da empatia. Note que eu digo ‘menos difícil’, e não ‘mais fácil’. Isso porque colocar-se no lugar do outro nunca é simples. Usamos termos que em nada acrescentam à jornada da pessoa com câncer. Separei a seguir algumas questões ou falas estruturais que exigem reflexão. 1. Não existe batalha contra o câncer. 2. Não se comparam cânceres. 3. Não, você não sabe quão difícil é ter câncer. 4. Não, você não tem a solução milagrosa para o meu problema. 5. O câncer não é um carma. 6. Não pergunte sobre o prognóstico. 7. Não pergunte: ‘E aí, tudo bem?’. 8. Não exija que o paciente oncológico esteja sempre positivo.

Autoestima

“Por conta do tipo de câncer que tive, não precisei esvaziar a mama. Fiz a cirurgia para retirar o cisto. Também consegui controlar a queda de cabelo por meio da crioterapia, perdi 40%. Tinha grandes falhas, mas não fiquei careca. Numa determinada altura do tratamento, senti pânico vendo meu cabelo indo embora, em tufos. Hoje, talvez tivesse vivenciado de outra forma essa experiência, talvez tivesse cortado o cabelo curto. Apesar de tudo, não tive um impacto na autoestima. ”

Menopausa

"Faço bloqueio hormonal há cinco anos, entrei na menopausa forçosamente. Agora, quando terminar a medicação, continuarei nela. Vou te falar, é difícil. A medicação dá efeitos colaterais, como fadiga extrema, dores articulares, baixa da libido, ressecamento na pele, fogachos. Me propus a não me entregar a isso, não deixei que a menopausa me possuísse. Comecei a praticar meditação e passei a fazer terapia. Nunca tinha feito e me ajudou a segurar a onda. Alimentação é fundamental nesse processo. A prática de exercícios físicos, também. E a fé. Essa doença trouxe Deus de volta para minha vida, a fé me ajudou muito. Uma das coisas que farei nessa viagem a Portugal é agradecer à Nossa Senhora de Fátima pela minha cura.”

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