Ela
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Por La Nacion — Buenos Aires

Sem uma gota de maquiagem, com o cabelo natural e com o mesmo sorriso que a tornou Miss Argentina há mais de três décadas, Paola Della Torre visitava Buenos Aires quando acertou uma entrevista e uma sessão de fotos para o La Nacion. Estava nervosa, mas logo se soltou quando o fotógrafo ligou a câmera.

— Tinha esquecido o quanto eu gostava disso — disse ela, ao posar para os cliques.

Instalada em Miami com os filhos há mais de 10 anos, ela deixou a vida pública para trás, certificou-se como instrutora de ioga e, após a condenação de sua amiga Michelle Troconis por ocultação de assassinato, agora dá aulas em uma instituição correcional feminina no estado da Flórida.

Paola Della Torre é amiga íntima da venezuelana Michelle Troconis. Eles se conheceram em 2012, quando Michelle veio morar em Miami vinda da Argentina. Viram-se num aniversário e, desde o momento em que se cruzaram pela primeira vez, tornaram-se inseparáveis. Elas compartilharam celebrações, Natais, Réveillon e viagens em família.

— Michelle e sua filha são uma família para mim — afirma ela.

Paola Della Torre e sua grande amiga Michelle Troconis — Foto: La Nacion
Paola Della Torre e sua grande amiga Michelle Troconis — Foto: La Nacion

Michelle Troconis foi condenada em maio a 20 anos de prisão, acusada de conspirar para cometer homicídio e de ser cúmplice no desaparecimento de Jennifer Dulos-Farber, ex-mulher de seu então companheiro Fotis Dulos e mãe de seus cinco filhos. Dulos, identificado como principal suspeito do desaparecimento da ex-mulher, suicidou-se em janeiro de 2020, e Troconis foi a única pessoa julgada e condenada pelo caso.

— Embora tenhamos nos conhecido quando éramos mais velhas, foi como uma paixão instantânea, como quando você conhece um homem que você sabe que será importante em sua vida. Quando a vi, sabia que seríamos amigas. Era aniversário de criança, ela estava com a filha e eu com a minha, e nos divertimos muito. Logo nos tornamos uma família, porque, quando você está fora, seus amigos são o que há de mais próximo. Nos víamos dia sim, dia não, e até viajamos juntas para a Argentina — lembrou Paola, sobre o início da amizade.

O fato de ela estar cumprindo pena ajudou com que a instrutora de yoga topasse dar aulas em um presídio feminino. Já Fotis Dulos nunca foi seu preferido, explicou.

— Ele nunca foi um santo da minha devoção. Eu o achava muito legal, mas não precisava gostar dele. Quando Michelle se mudou com Dulos para Connecticut em 2018, viajei para visitá-la e foi aí que minha percepção sobre ele mudou um pouco: ele estava no meio de uma briga pela custódia dos cinco filhos e percebi que ele estava muito preocupado. Ele disse que sua ex-mulher tinha problemas mentais e medicava os meninos para que eles dormissem às 6 da tarde. Embora acreditássemos no que ele disse, tudo poderia ser mentira — destacou.

Para Paola, sua amiga Michelle acabou sendo o "alvo perfeito" para autoridades que precisavam demonstrar rápidos resultados da investigação.

— Eles estão usando Michelle como bode expiatório. Dulos suicidou-se e, em vez de investigar se havia mais alguém que participou do crime, a condenaram. Michelle reúne todas as condições para pagar por algo que não fez: é latina, bonita, boa pessoa, todos que a conhecem a amam, é proativa, inteligente, atlética, estudou para ajudar crianças com necessidades especiais, faz tudo certo. Existe algo mais perfeito? Na última audiência, chegaram a dizer: "Michelle queria ocupar o lugar de Jennifer". Nada poderia estar mais longe da verdade — defendeu a Miss.

Em março de 2019, Paola disse ter falado ao telefone com Michelle. A amiga dizia estar "cansada" do conflito de Dulos com a ex-mulher. Na época, Michelle teria dito que seu único objetivo era acompanhar a única filha e ajudá-la a se tornar uma esquiadora profissional.

— Toda essa injustiça me deixa muito desamparada — resumiu.

Carreira

Della Torre fez seu primeiro comercial aos 13 anos. Em 1990, participou do concurso Miss Universo nos Estados Unidos; ao regressar, entrou para a agência de modelos de Ricardo Piñeiro, uma das que tinha mais prestígio na época.

Em 1996, ela deu um salto da modelagem para a atuação, interpretando Karen em 90 60 90 Modelos, novela do Channel 9 estrelada por Silvia Kutika (Cuca Dalton) e Raúl Taibo (Tavo Herrera) que teve um elenco estelar. Participaram atrizes como Nicole Neumann, Vicky Fariña e Natalia Oreiro.

Após a primeira temporada e apesar do sucesso do romance, De la Torre pediu demissão.

— Queria viver em paz, sem ser perseguida o tempo todo — destacou.

Só em 2003 regressou timidamente, ao apresentar o programa Naturalmente Yoga, no Canal Infinito, aliando a paixão pela milenar disciplina ao talento televisivo.

Veja trechos da entrevista de Paola Della Torre

La Nación: Como você chegou a concorrer ao Miss Argentina?

Paola: Eu estava terminando a escola, no quinto ano, e uma agência de publicidade me ligou e me disse que os organizadores do concurso queriam subir de nível e por isso estavam entrando em contato com diversas agências. Peguei o jeito, levei um amigo e acabamos os dois lá. Aos 17 anos fui Miss Argentina e concorri ao Miss Universo em Los Angeles. Foi uma experiência maravilhosa. Embora não tenha ganhado, conheci meninas de todo o mundo que continuam minhas amigas até hoje.

Depois do concurso você voltou para a Argentina?

Sim. Esse concurso foi tão mal visto aqui, que quando volto do Miss Universo vou direto ver o Ricardo Piñeiro, conto de onde vim e ele me diz: "Olha, adoro o seu perfil e que você tenha pernas magras, mas vou pedir que você nunca conte que foi ao Miss Argentina". Trabalhei muito bem com ele.

E quando a apresentação [de programas] chegou na sua vida?

Eu estava tendo uma crise com a modelagem, senti que não era para mim, queria um pouco mais. Por isso comecei a estudar cinesiologia [movimentos do corpo humano] e a trabalhar, mas sempre voltava a modelar porque me ofereciam alguma coisa. Isso até os 22 anos, quando me pediram para atuar e eu adorei.

Você estudou atuação?

Naquela época, vários modelos mudaram de agência. Fomos com Gabriel Hochbaum, que era o representante dos atores. Ele me convenceu a tentar atuar. Lá comecei a estudar teatro com Roxana Randón. Éramos vários modelos: Vero Lozano, Vicky Fariña, Florencia Ortiz e Paula Siero. E, depois de termos atuado por meses, eles nos fizeram atrizes, entre aspas [risos]. Fizemos o casting de 90 60 90 e nos conhecemos. Foi um momento muito divertido e nos tornamos bons amigos.

Mas você saiu na segunda temporada…

Gostei muito do que fiz, mas senti muito o assédio das pessoas. Eu não estava acostumada a ser seguida por toda parte. Trabalho desde pequena e, quando o trabalho termina, quero ser eu. Isso não aconteceu comigo, não podia ir nem à esquina. Foi muito difícil.

E quem mais te parou na rua?

Era um alvo imenso. Pessoas de todas as idades. Saí andando de bicicleta com meu namorado na época e eles me seguiram, me perseguiram. Eu estava fazendo compras e a mesma coisa, não conseguia me mexer. E às vezes eles faziam algo como assédio. Se fosse algo pessoal, eu aceitaria. Mas não era nem a mim que eles queriam ouvir, eles queriam Karen [a personagem]. A televisão e a atuação me divertiam. Acho que em algum momento nasci atriz, mas queria ter minha vida privada, ser eu mesma. Essa dualidade me levou a ir embora.

Você sempre foi fã de exercícios e ioga?

Sim. Na verdade, eles me certificaram como preparadora física. Eu sabia que meu caminho era esse e também fiz dois anos de estudo de cinesiologia. Mas entre o trabalho e a escola não tive tempo e acabei saindo do estúdio.

Na verdade, tudo me levou à minha profissão. Em 2003, produzi e apresentei Naturalmente yoga para o Canal Infinito. Foram 66 episódios, a prática estava apenas começando. Na verdade, fui à minha primeira aula de ioga em 98 porque um amigo me convidou e nunca mais parei.

E desde então você não voltou à televisão…

Não. Logo depois de me casar, tive dois filhos e fomos morar nos Estados Unidos por causa do trabalho do meu ex-marido. Sou instrutora de yoga pela American Iyengar Yoga Association e dou aulas em Miami, onde moro. Foi muito difícil ficar longe da minha família, da língua...

Você ainda se sente desenraizada?

Sim. Sinto falta de falar espanhol. Gosto de me expressar na minha língua. É como se, quando eu começasse a falar em inglês, eu me sentisse um aparelho. Há vários anos comecei a dar aulas de ioga em um estúdio em Miami Beach e as aulas são mais fáceis para mim em inglês porque estudei esse idioma. Inglês é o léxico que uso apenas para trabalhar, não para conversar. (...) É disso que mais sinto falta, demorei muito para fazer amigos. Embora hoje tenha meu grupo e seja grata por tudo que construí.

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