Gosma de caramujo é bom para a pele? Procedimento polêmico viraliza na web, e especialistas fazem alerta

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Após um vídeo polêmico viralizar na web, ELA conversou com a dermatologista Juliana Piquet. Segundo a especialista, a "moda" deve ter surgido por conta de um ativo há muito tempo usado em cosméticos na dermatologia, o SCA, Secretion of Cryptomphalus Aspersa.

— Trata-se de um extrato biológico derivado da secreção do caramujo Cryptomphalus aspersa, amplamente estudado e utilizado em dermatologia pelos seus benefícios regenerativos e antioxidantes para a pele — explica.

De acordo com Dra. Juliana, o SCA contém uma combinação de proteínas, enzimas e fatores de crescimento que estimulam a regeneração celular e a reparação tecidual.

— Estudos mostram que ele promove a proliferação de fibroblastos e a produção de colágeno, essenciais para a reparação da pele danificada e a manutenção da elasticidade. Por suas propriedades anti-inflamatórias, que ajudam a acalmar a pele irritada e a reduzir a vermelhidão, pode ser benéfico para condições como acne, rosácea e dermatite — destaca.

A médica esclarece que a secreção também contém mucopolissacarídeos que ajudam a manter a hidratação da pele, melhorando sua textura e firmeza. Existem, no entanto, enormes diferenças entre o uso do SCA purificado em cosméticos e o uso "in natura" da secreção.

Dra. Juliana pontua que o SCA é submetido a processos rigorosos de purificação e padronização para garantir a concentração e a estabilidade dos ingredientes ativos.

— Isso assegura que cada aplicação oferece os benefícios terapêuticos esperados de maneira consistente, além de sua produção seguir normas de qualidade que garantem sua segurança e eficácia, minimizando o risco de contaminação e reações adversas.

Enquanto isso, a secreção "in natura" proveniente diretamente do caramujo pode variar significativamente em composição e concentração de ingredientes ativos, o que torna difícil prever seus efeitos e garantir consistência, além de apresentar riscos de contaminação por bactérias, fungos ou outras impurezas, o que pode levar a infecções ou irritações cutâneas.

A aplicação in natura não permite controle sobre a dosagem dos componentes ativos, podendo resultar em eficácia inconsistente ou até mesmo reações adversas.

A cirurgiã plástica Maiéve Corralo conta que algumas marcas incorporaram o item em seus produtos de beleza e existem vários cremes, principalmente desenvolvidos na Coreia do Sul, que usam a secreção do caramujo para fazer o "efeito de cinderela", ou seja, ele dura apenas algumas horas.

— Os cosméticos praticamente não tem contraindicação. A secreção 'gosmenta' quando resseca, estica, passando uma sensação como se fosse um botox, que dura em torno duas horas. Então, para essas pequenas linhas finas, serve. Mas, se você usar o caramujo, o molusco direto na pele, aí começa a aumentar riscos de contaminação, transmissão de doença. Por isso, é preciso ter muito cuidado com matérias de internet. Existe, sim, um uso dermatológico das secreções do caramujo, mas dentro de dermocosméticos, que passam por um tratamento químico. Sair colocando um monte de caramujo na face, além de ser extremamente nojento, começa a aumentar os riscos de zoonoses, que é a transmissão de doenças de animais para os seres humanos — alerta.