Vinhos de Portugal
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Estendendo-se de Castelo Rodrigo à Cova da Beira, a Beira Interior produz vinhos distintos e frescos — em vinhas que sobem até aos 800 e poucos metros de altitude —, tirando partido de um patrimônio vitícola riquíssimo, em castas raras e vinhas velhas, e começa aos poucos a abrir-se ao turismo.

Os vinhos da Beira Interior serão tema de uma prova na edição paulistana do Vinhos de Portugal 2024 neste sábado (15). Os ingressos estão à venda no site: ingresse.com

Casas do Coro é o projeto de vida de Cármen e Paulo Romão, hoteleiros experimentados e que veem “a vinha como uma extensão do hotel”. Há 24 anos pegaram casas que estavam desocupadas na aldeia de Marialva, na Mêda, e começaram o que é hoje um pouso obrigatório para quem viaja por aquelas bandas. Todos os anos há novidades, seja nos quartos — num total de 31 (preços a partir de € 285, o quarto duplo superior) e cuja decoração Cármen está constantemente mudando —, seja na vinha, onde Paulo construiu uma charca e plantou 200 novas árvores para criar um parque lúdico.

No novo Lounge da Horta, organizam jantares ao ar livre, onde oferecem também o vinho Casas do Coro. Têm 14 hectares de vinha, quase tudo variedades brancas — a região tem condições de excelência para a produção de vinhos brancos — e apenas um hectare e pouco de Rufete, tinta. Mas o vinho é apenas 5% do negócio de Cármen e Paulo, que ali ao lado, no Douro Superior, acabam de abrir duas suítes de alojamento na antiga estação de comboios do Côa.

Ainda na Mêda, Lúcia e Américo Ferraz, ambos dentistas, produzem vinho na terra natal dele, Vale Flor. A marca Souvall (15 hectares de vinha na Beira Interior e 60 mil garrafas este ano) nasceu pouco antes da pandemia, a partir de vinhas de família, mas a qualidade dos seus vinhos, sobretudo os brancos, funcionou como um cartão de visita.

A Souvall, na Beira Interior, nasceu pouco antes da pandemia: “Uma forma de deixar legado”, diz Lúcia Ferraz — Foto: Miguel Manso
A Souvall, na Beira Interior, nasceu pouco antes da pandemia: “Uma forma de deixar legado”, diz Lúcia Ferraz — Foto: Miguel Manso

Recentemente, inauguraram uma sala de provas na adega e estão transformando a antiga forja do bisavô de Américo em um turismo rural. Ensinados pelas vinhas velhas, plantaram nos últimos anos mais Síria (o Roupeiro do Alentejo, que também existe noutras regiões), Fernão Pires, Moscatel Galego e Viosinho. O plano é plantar ainda Arinto Gordo e Donzelinho branco, das tais castas raras. “Aqui nós encontramos paz. Na terra nasce tudo. Também é uma forma de não abandonar, de deixar um legado”, explica Lúcia.

A 40 minutos da Mêda, estamos nas Casas Altas, na aldeia de Souro Pires, Pinhel. O radiologista aposentado José Madeira Afonso nos espera à porta da adega onde improvisou uma pequena, mas acolhedora sala de provas (é preciso marcar a visita). Aposentado há dois anos, ele voltou à terra da família paterna para levar uma vida que, diz, “não tem preço”.

Homem viajado, foi buscar inspiração nas regiões vinhateiras do Velho Mundo para o seu Riesling e para o Chardonnay. São uns dez “os vinhos do doutor” e, nas três áreas de vinha que tem à volta da aldeia, há vinhas velhas com Rufete, Arinto, Síria e Fonte Cal, entre outras variedades autóctones. A branca Fonte Cal só existirá, tanto quanto se sabe, na Beira Interior. Produz umas 40 mil garrafas por ano e é ele próprio quem recebe os turistas. Sem cobrar as provas, para já.

Reviravoltas e estrelas à noite

Quinta do Cardo, na Beira Interior, uma das propriedades vinícolas com produção orgânica mais antigas de Portugal — Foto: Miguel Manso
Quinta do Cardo, na Beira Interior, uma das propriedades vinícolas com produção orgânica mais antigas de Portugal — Foto: Miguel Manso

No planalto de Castelo Rodrigo, a uma meia hora, na Quinta do Cardo, encontramos uma reviravolta em curso. Com 79 hectares de vinha contígua, deve ser das propriedades vinícolas em modo de produção orgânica mais antigas de Portugal. Em 2021 mudou de mãos, e Artur Gama, um dos sócios, conta como a prioridade foram “as vinhas e a adega”, sendo agora possível olhar também para o enoturismo, além de tirar partido dos recantos incríveis de uma quinta com 180 hectares (cem são de floresta, ainda por explorar) e cardos por todo o lado.

Recantos esses que vão da casa do forno, onde será aberta a sala de visitas do produtor (com menu de degustação a € 85 por pessoa), à capela sem teto onde é possível ver estrelas à noite, passando pelas charcas. Nos vinhos, a aposta é na plasticidade da Síria. “A ideia é ir aumentando a área de vinha para brancos. Queremos ser a grande bandeira da Síria na região”, afirma Artur Gama.

A dois passos do Cardo, outro nome incontornável na região: criada em 1999, a Rui Roboredo Madeira, do enólogo homônimo, começou por trabalhar no Douro e, em 2011, com a aquisição de uma adega na Vermiosa, ainda em Figueira de Castelo Rodrigo, lançou a marca Beyra. Não há propriamente um projeto de enoturismo montado, mas Rui Pinto, sócio de Rui Madeira, também ele enólogo de formação, conta que, havendo disponibilidade e mediante marcação, é sempre possível visitar a adega, onde ainda se usam as antigas e gigantes cubas de cimento, mas onde também há modernos ovos de concreto para o estágio dos vinhos.

Vinhos de Portugal 2024: a Rui Roboredo Madeira, na Beira Interior, entende que as castas mais bem adaptadas à região são a Tinta Roriz,  o Jaen e a Fonte Cal — Foto: Miguel Manso
Vinhos de Portugal 2024: a Rui Roboredo Madeira, na Beira Interior, entende que as castas mais bem adaptadas à região são a Tinta Roriz, o Jaen e a Fonte Cal — Foto: Miguel Manso

A Rui Roboredo Madeira só faz vinhos com uvas de vinhas próprias (62 hectares orgânicos) ou que explora diretamente (mais 18 hectares). Os sócios entendem que as castas mais bem adaptadas à região são as mais precoces, como a Tinta Roriz ou o Jaen, e, nos brancos, apostam sobretudo na Fonte Cal — embora trabalhem outras variedades, com um total de 25 vinhos no portfólio.

Uma hora pela rodovia A23 e estamos na Quinta dos Termos, sub-região da Cova da Beira. “Não temos agricultura de montanha, mas estamos rodeados por montanhas. A Cova da Beira começa a sul da Guarda e vai até a Serra da Gardunha”, explica Pedro Carvalho, gestor na empresa familiar. João Carvalho, o pai, fez um trabalho insano para conseguir solos adequados à cultura da vinha. Foi ali que nasceu e só ali pensava começar uma produção de vinho.

Inaugurou recentemente uma nova cave de barricas e uma sala de provas e eventos com vista para as vinhas, que permitiu dar outras condições ao enoturismo que já contecia há muito. A vinha experimental que plantou no final dos anos 1990 “definiu a história da Quinta dos Termos”, conta o filho. E ajudou também a mudar o rumo de toda a região, com a aposta em variedades minoritárias como o Rufete e a Fonte Cal.

Com adega e vinhas na Covilhã (e um turismo rural na Serra da Estrela, a Quinta da Vargem), os vinhos Almeida Garrett, em particular os Chardonnay, são sinônimo de qualidade e consistência. “Desde 1858” que a família de Manuel Garrett os produz. Foram “pioneiros” ao trabalhar a afamada casta da Borgonha, que trouxeram da França, onde a família, apoiadora da monarquia, exilou-se após a implantação da República Portuguesa.

Apego à terra

Foi nas gerações do seu avô e do seu pai que os Garrett aumentaram a área de vinha, hoje 43 hectares, dez deles recém-convertidos para orgânico. Enólogo, formado entre Montpellier e Bordeaux, Manuel regressou há sete anos para ajudar no negócio e é ele quem orienta a maioria das visitas, sempre por marcação (a partir de € 15). Entre as 13 castas que trabalha — as mais plantadas são o Chardonnay e a Tinta Roriz —, destaque para a plantação nova de Fonte Cal, já com plantas da tal “vinha-mãe” da Herdade do Lousial.

Dizem que a Adega 23, em Vila Velha de Ródão, deve o nome à estrada vizinha e é o produtor mais a sul da vasta e heterogênea região da Beira interior. Nove castas, 12 hectares de vinha, é outro projeto de apego à terra. Em 2015, a médica oftalmologista Manuela Carmona pegou num “terreno completamente selvagem” e criou valor. Natural de Castelo Branco, mas morando em Lisboa desde a faculdade, nunca percebera como ninguém fazia vinho ali, ela conta de olhos postos no cachorro Rufete, que se banha na charca onde Manuela põe os visitantes a provar os seus vinhos.

É um lugar bonito. Assim como o edifício projetado pelo escritório de arquitetura RUA, todo revestido com cortiça. Lá dentro, Manuela harmonizou o concreto com uma mistura de móveis e objetos antigos (como a mesa centenária que veio de uma antiga fábrica têxtil) e com artesanato da região. “Nunca quis ter um projeto desligado do que se passa ao redor”, conta.

O Vinhos de Portugal tem preços a partir de R$ 157,30, e assinantes do GLOBO e do Valor Econômico têm 20% de desconto no valor dos ingressos. Para mais informações, acesse: vinhosdeportugal.oglobo.com.br

O Vinhos de Portugal 2024 é uma realização dos jornais O Globo, Valor Econômico e Público, em parceria com a ViniPortugal, com a participação do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto; apoio das Comissões de Vinho de Alentejo, Beira Interior, Dão, Lisboa, Península de Setúbal, Tejo, Vinhos Verdes e da Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, Turismo de Portugal, Tap Air Portugal, AB Gotland Volvo e Shopping Leblon; água oficial Águas Prata, hotel oficial Fairmont Rio (RJ), local oficial Jockey Club Brasileiro (RJ), loja oficial Porto Divino, rádio oficial CBN e curadoria Out of Paper. A edição de São Paulo conta ainda com a Cidade de São Paulo como cidade anfitriã e SP Negócios como apoio institucional.

ONDE FICAR

> Casas do Coro
Aldeia Histórica de Marialva, Mêda

> Casa das Castas
Rua da Costa 3, Figueira de Castelo Rodrigo

> Puralã — Wool Valley Hotel & Spa
Rua Alameda Pêro da Covilhã, Covilhã

> Quinta da Vargem
Unhais da Serra, Covilhã

ONDE COMER

> Mercearia do Fradinho
Praça Dom Dinis 10-A, Aldeia Histórica de Trancoso

> A Cerca
Avenida Sá Carneiro 1, Figueira de Castelo Rodrigo

> D. Sancho
Largo do Corro, Aldeia Histórica de Sortelha, Sabugal

O QUE (MAIS) VER

> Monumento Natural das Portas de Ródão

> Vila Velha de Ródão

> Parque Natural da Serra da Estrela

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