A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta quinta-feira que os incêndios no Pantanal são provocados por ação humana e que 85% acontecem dentro de áreas privadas.
Como O GLOBO mostrou, os focos de calor registrados no Pantanal nesse primeiro semestre do ano já superam a quantidade de 2020, na comparação do mesmo período. Até aqui, 530 mil hectares de área já foram queimados somente no território pantaneiro do Mato Grosso do Sul, antes mesmo da temporada mais seca, informou o Corpo de Bombeiros.
— No caso do Pantanal estamos vendo os incêndios que deixam todos nós estarrecidos. Queria dizer que 85% desses incêndios estão acontecendo dentro de terra privada. Nesse momento, não temos incêndios em função de ignição natural. Os climatologistas dizem que o período não propicia essa forma de incêndio. Todos eles são por ação humana, seja por desmatamento, seja por queimada — afirmou Marina.
A ministra destacou ainda que os municípios que mais desmatam são os responsáveis pelo mais número de focos de incêndio e destacou a cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
— E digo ainda que os municípios que mais desmatam são os que mais têm incêndio. Município de Corumbá está respondendo por metade dos incêndios do MT, e ele aumentou desmatamento em 52%. Correlação direta.
Durante seu discurso, a ministra também destacou que as queimadas acontecem um mês após a catástrofe climática no Rio Grande do Sul pelas chuvas, "sinal inequívoco de que a mudança do clima já é a realidade".
Marina afirmou ainda que, apesar dos esforços do governo federal, "não é possível fazer frente" às mudanças climáticas sem "consciência das pessoas".
— Se as pessoas não pararem de queimar, se colocarmos 3 mil, 10 mil pessoas na linha de fogo, não tem como fazer frente. Nesse momento, estamos na mão da consciência das pessoas.
As declarações da ministra foram dadas durante reunião do Conselhão, no Palácio do Itamaraty. Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai sancionar o projeto de lei de autoria da deputada Tabata Amaral (PSB/SP) que trata sobre diretrizes gerais para a elaboração de planos de adaptação à mudança do clima.