Polícia Civil fecha 28 hotéis que seriam usados pelo PCC para lavagem de dinheiro na região central de SP

São cumpridos 140 mandados de busca e apreensão; locais também eram utilizados para abastecer a cracolândia

Por — São Paulo


Operação da Polícia Civil de São Paulo mira relação do PCC com hotéis na cracolândia, centro da capital paulista Reprodução

A Polícia Civil deflagrou uma operação na região da cracolândia, no Centro de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (13). A ação tem como alvo hotéis que seriam utilizados pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

São cumpridos 140 mandados de busca e apreensão contra envolvidos com o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro em 28 hotéis e pensões da região, que foram fechados pela polícia. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ao menos 78 hotéis da região central são utilizados pelo PCC para abastecer o tráfico da região, que se expandiu nos últimos anos na área. A operação ocorre ao longo desta quinta (13) e é fruto de uma investigação que ocorreu ao longo do ano passado.

— Eram locais utilizados para lavagem de dinheiro do crime organizado, uma rede colaborativa de empresas que lavavam o dinheiro e chegam até membros do PCC — afirmou Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, durante entrevista coletiva concedida na região central de São Paulo.

A operação Downtown é coordenada pelo Departamento Estadual de Investigação sobre Entorpecentes (Denarc), com o apoio do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), de agentes do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) e do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro). Ao todo, foram 400 agentes da Polícia Civil que participaram do cumprimento dos mandados e de busca e apreensão.

Bairros como Santa Ifigênia, República e Santa Cecília amanheceram com dezenas de viaturas nas ruas. Os carros formavam barreiras na frente dos estabelecimentos enquanto os agentes vasculhavam os locais. Parte dos endereços eram hotéis e pensões que tinham alvará para operação enquanto outros operavam de forma clandestina.

De acordo com o secretário, 26 contas bancárias relacionadas aos hotéis e pensões foram bloqueadas pela Justiça a pedido da Polícia Civil.

— Fizemos um raio-x de como o dinheiro entra ficticiamente nessa movimentação para que no final chegue em empresas controladas pelo crime organizado — disse Ronaldo Sayeg, diretor do Denarc.

Até o momento 15 pessoas foram detidas em flagrante e foram apreendidos telefones celulares, drogas e R$ 27 mil em espécie. Um laboratório de drogas foi encontrado durante a operação.

Segundo Derrite, o objetivo primário da ação não era apreender drogas, mas desmantelar a rede de lavagem de dinheiro do PCC na região. Os quartos dos hotéis também eram usados para armazenar drogas e como esconderijo de criminosos que atuam no centro.

Essa foi uma fase da chamada Operação Downtown, que teve início em 2023. A primeira fase ocorreu em junho de 2023, quando dois suspeitos de liderarem o tráfico de drogas na região central foram presos pela polícia. Na ocasião foram encontrados 3 mil pinos de cocaína, crack e skunk. A segunda fase ocorreu no dia 4 de junho deste ano, quando foram presas cinco pessoas e apreendidos R$ 43 mil.

Em julho do ano passado, em outra ação na região, a Polícia Civil prendeu um homem de 44 anos que era considerado um dos principais fornecedores de crack para a região central. O suposto traficante, segundo a investigação da Polícia Civil, alugava um apartamento no nome de uma mulher naquela região da cidade para armazenar e distribuir a droga, que era comprada no litoral paulista.

Também nesta quinta, a Polícia Militar, em parceria com o Ministério Público, realiza outra operação no centro que cumpre mandados de busca e apreensão em 80 endereços, entre bares, salões de cabeleireiros e lanchonetes que seriam usados como pontos de jogos de azar e também como endereços para práticas criminosas pela facção paulista.

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