Bilionário Bernard Arnault, da Louis Vuitton, compra fatia de empresa dona da Cartier

Investimento foi pessoal, do empresário, e ocorreu longe dos holofotes. Não está claro ainda qual parcela das ações foi comprada. Joalheria de luxo tem estratégia para repelir possíveis ofensivas de rivais

Por Bloomberg — Paris


Uma loja de artigos de luxo da Cartier Bloomberg

RESUMO

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GERADO EM: 25/06/2024 - 11:46

Bernard Arnault compra Richemont: fusão de marcas de luxo?

Bilionário Bernard Arnault compra participação na empresa controladora da Cartier, Richemont. Investimento pessoal do CEO da LVMH gera especulações sobre suas intenções no negócio de joias de luxo. Aquisição levanta questões sobre possíveis planos de fusão com marcas do império da LVMH.

Um dos homens mais ricos do mundo e dono de um império global de luxo, Bernard Arnault comprou, sem muito alarde, uma participação acionária na empresa controladora da joalheria de luxo Cartier, a Richemont, relataram fontes familiarizadas com os investimentos do bilionário francês à agência de notícias Bloomberg.

Não está claro, porém, qual o percentual de ações que o presidente e CEO da LVMH adquiriu na Cie Financiere Richemont SA, que é controlada pelo bilionário sul-africano Johann Rupert. Uma das fontes a descreveu como "pequena" e parte de um portfólio mais amplo de investimentos da família Arnault em empresas listadas publicamente.

A LVMH é dona, entre outras, de Louis Vuitton, Hermes, Christian Dior, Tiffany, Moët & Chandon, Bulgari, Sephora e Dom Pérignon Champagne. Foi um império que surgiu com a Louis Vuitton e cresceu através da aquisição de rivais.

A participação acionária de Arnault na Richemont pode levantar especulações sobre quais seriam as intenções do bilionário no negócio. A Richemont criou uma estratégia de "defesa" contra possíveis aquisições não desejadas. Seu presidente, Johann Rupert, controla 51% dos direitos de voto, apesar de possuir apenas 10,2% de participação acionária na empresa. Nos últimos anos, Rupert, que tem 74 anos, enfatizou seu desejo de manter o grupo independente.

Em 31 de março, não havia outros acionistas significativos na Richemont com pelo menos 3% dos direitos de voto, disse a empresa suíça em seu último relatório anual.

Arnault, de 75 anos, descreveu a Cartier e a Van Cleef & Arpels, da Richemont, como “duas grandes marcas” na apresentação dos resultados anuais da LVMH em janeiro. Ele também elogiou a gestão de Rupert na empresa.

—Deixe-me terminar falando sobre a Richemont e o senhor Rupert, que considero ser um líder excepcional — disse Arnault na época. — Não tenho desejo de perturbar sua estratégia, entendo que ele deseja permanecer independente e acho isso muito bom. E se ele precisar de apoio para manter sua independência, estarei lá.

Neste momento, Arnault pretende manter as ações que adquiriu da controladora da Cartier apenas como um investimento, disse a fonte à Bloomberg, pedindo para não ser identificada.

Com o anúncio, as ações da Richemont chegaram a subir 3,1% na Bolsa de Zurique, embora tenham caído 2,4% nos últimos 12 meses. Os papéis da LVMH foram negociadas em alta de 0,7% em Paris.

Um representante de Arnault e da LVMH, grupo controlador de marcas de luxo como a Louis Vuitton, se recusou a comentar.

A LVMH, principal fornecedora global de bens de luxo, é a terceira empresa mais valiosa da Europa, com um valor de mercado de cerca de € 366 bilhões (US$ 391 bilhões). A Richemont tem valor em Bolsa de 84,7 bilhões de francos suíços (US$ 91,3 bilhões).

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A última aquisição do grupo de propriedade de Arnault, o homem mais rico da Europa e terceiro do mundo, foi a do Chez L’Ami Louis, restaurante localizado no centro de Paris e queridinho de estrelas do mundo inteiro.

Os negócios de Arnault

Há quatorze anos, a LVMH investiu na casa de luxo francesa Hermes International. A empresa de Arnault usou derivativos de ações para acumular discretamente uma participação que, no fim das contas, chegou a 23% do capital social da empresa, o que na época surpreendeu a família dona do negócio. Na ocasião, Arnault chamou o movimento de “amigável.”

A Hermes então reagiu e repeliu a ofensiva da LVMH, que acabou cedendo sua participação na fabricante das bolsas Birkin.

O conglomerado de luxo francês LVMH continua ampliando seu vasto império de marcas de moda, joalharia e hotéis. Além da Louis Vuitton, o grupo LVMH possui negócios como Loewe, Celine e Fendi em moda, além da varejista de cosméticos Sephora e das marcas de champanhe Dom Perignon e Moët & Chandon. Sua última grande aquisição foi a compra de US$ 16 bilhões da Tiffany & Co há mais de três anos, que ainda é o maior negócio na indústria de luxo até hoje.

A LVMH também possui as marcas de joias Bulgari, Fred, Chaumet e Repossi. Assim, se Arnault algum dia tivesse planos de uma aquisição da Richemont, uma união poderia potencialmente atrair escrutínio de órgãos de defesa da concorrência. As marcas de moda da LVMH, Louis Vuitton e Christian Dior Couture, também têm linhas de joias.

Na segunda-feira, dia 24, a riqueza de Arnault foi estimada em cerca de US$ 203 bilhões (o equivalente a R$ 1,09 trilhão), colocando-o em terceiro lugar atrás de Jeff Bezos e Elon Musk, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

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