Aos 85 anos, Alberto Fujimori se filia a partido no Peru e aliados avaliam candidatura em 2026: 'seria extraordinário'

Ex-presidente ficou preso por mais de uma década, acusado de homicídios no período que estava no poder

Por O Globo, com agências internacionais — Lima


Alberto Fujimori com ficha de filiação do partido Força Popular, ao lado da filha Keiko Fujimori Reprodução/X

RESUMO

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GERADO EM: 21/06/2024 - 09:06

Alberto Fujimori: retorno à política no Peru

Aos 85 anos, Alberto Fujimori se filia ao partido Força Popular no Peru e cogita candidatura em 2026. Após décadas na prisão, seu retorno à política gera debate sobre seu papel e influência no cenário político do país.

Aos 85 anos e após mais de uma década na prisão, o ex-ditador peruano Alberto Fujimori (1990-2000) anunciou filiação ao partido político Força Popular, liderado por sua filha, Keiko. Seis meses depois de recuperar sua liberdade por decisão do Tribunal Constitucional, Fujimori foi cotado por autoridades de sua nova sigla a lançar candidatura à Presidência ou ao Senado em 2026.

Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão, em 2009, por homicídio qualificado nos casos envolvendo os assassinatos de Barrios Altos e La Cantuta, ocorridos enquanto era presidente, respectivamente em 1991 e 1992. Ao todo 25 pessoas morreram. Em um contexto de repressão liderada pelo então presidente contra o grupo terrorista Sendero Luminoso e movimentos opositores civis, as mortes foram consideradas execuções e crimes contra a Humanidade — o que dificultou a saída de Fujimori da prisão, apesar da idade avançada e dos problemas de saúde.

O ex-presidente anunciou a filiação ao partido na quarta-feira, com uma publicação na rede social X (antigo Twitter), em que aparece ao lado da filha. O retorno ao ambiente político provocou reações. O subsecretário-geral nacional do Força Popular e porta-voz do partido, o ex-deputado Miguel Torres, disse ao jornal peruano El Comercio que uma candidatura de Fujimori em 2026 "seria extraordinária".

— Se ele será candidato ou não é uma questão que ele e sua família devem avaliar. Para nós, é claro que isso seria extraordinário. Seria extraordinário para ele reintegrar-se plenamente na atividade política, mas agora não estamos definindo e nem lançando uma candidatura — afirmou Torres.

O porta-voz ainda apontou à publicação peruana que Fujimori está lutando contra um câncer de língua, e que a recuperação de saúde viria antes de qualquer plano político. Contudo, apontou que a filiação era um sinal de que o "fujimorismo" estaria "mais unido do que nunca", reforçando que o partido "sempre teve Alberto Fujimori como expressão do que deveria ser um presidente da República". Em 1992, Fujimori deu um autogolpe com apoio militar e fechou o Congresso, intervindo também no Judiciário e na imprensa.

Cientistas políticos peruanos apontam que a filiação de Fujimori é parte fundamental da estratégia política do Fuerza Popular, independente de confirmar uma candidatura própria ou não. Sem líderes capazes de vencer as eleições, a ideia seria aproveitar o capital político do ex-presidente junto a alguns setores do país para ganhar impulso.

— [A filiação de Fujimori] É uma carta importante, seja candidato ou não, poder aumentar o número de votos da Força Popular e consolidar um fujimorismo que até muito recentemente teve altos e baixos devido a uma série de divisões — disse o analista político Enrique Castillo, em entrevista ao El Comercio. — Dá uma injeção de unidade e otimismo ao fujimorismo. (Com El Comercio)

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