Os líderes dos países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) devem se reunir, na tarde desta quinta-feira, para discutir a situação na Bolívia. A expectativa é que saia uma declaração conjunta condenando a tentativa de golpe militar no país, que surgiu e foi abortada na quarta-feira.
A reunião de emergência, em formato virtual, foi proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para interlocutores do governo brasileiro, embora Arce tenha saído mais forte, por ter sufocado o movimento, a situação ainda merece atenção redobrada.
A mensagem a ser levada aos militares que apoiaram o golpe é que a Bolívia ficará isolada, se insistirem em romper com a democracia no país. Com esse argumento, Lula telefonou para a presidente de Honduras, Xiomara Castro, que ocupa a presidência pro tempore da Celac, e pediu que a reunião fosse convocada.
Um importante interlocutor do governo brasileiro disse que a reação internacional funcionou como um cerco político ao general Juan José Zuñiga, apontado como o responsável pela tentativa de golpe de Estado, e seus apoiadores. E o Brasil teve um papel importante, pois é considerado estratégico pelos bolivianos.
O Brasil é um grande importador de gás boliviano. Ano passado, comprou quase US$ 600 milhões do país, dando uma relevante contribuição para as contas públicas da Bolívia. O governo brasileiro não hesitaria em romper relações com os vizinhos.
O general Zuñiga foi preso e o clima é de aparente tranquilidade. Mas a avaliação é de que todo cuidado é pouco na tentativa de debelar movimentos antidemocráticos.
Se o golpe se confirmasse, a Bolívia estaria descumprindo a cláusula democrática que está no Protocolo de Ushuaia, firmado em 1998 pelos países da região. O país, que está prestes a entrar no Mercosul, seria punido com o isolamento, incluindo a participação em acordos de cooperação e preferências comerciais.
No próximo dia 9 de julho, Lula viajará para a Bolívia, onde se reunirá com Luis Arce. A viagem já estava programada, antes do episódio de quarta-feira, mas a situação no país chegou a pesar em uma avaliação interna, sobre a ida do presidente do pais. Antes, Lula participará de um encontro de presidentes do Mercosul, no Paraguai.