Depois de levar um manifesto sobre o povo yanomami para a Sapucaí no último carnaval, o Salgueiro conquistou três leões de bronze, premiação considerada como o "Oscar da publicidade", nesta terça-feira. A premiação ocorreu no festival Cannes Lions, na França, contemplando o case "Hutukara".

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A conquista foi graças a uma parceria com a agência de publicidade DM9, que acompanhou os passos de Davi Kopenawa, fundador da Hutukara Associação Yanomami e autor do livro "A queda do céu", que inspirou o desfile. Foram feitos ainda registros de todo o processo de criação, até o desfile das campeãs, incluindo conteúdos sobre os ianomâmi, que contou até com visita à aldeia junto a integrantes da escola de samba.

As categorias reconhecidas em Cannes foram Entertainment (Entretenimento), Entertainment for Music (Entretenimento para Música) e Industry Craft (Indústria Artesanal). Na França para a premiação, o enredista da escola, o jornalista Igor Ricardo, disse que "a ficha está caindo aos poucos" e definiu o feito como "histórico".

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— Desde o primeiro contato com os ianomâmis, a ideia foi fazer algo que os enaltecesse, pela beleza, pelo olhar do que eles verdadeiramente são. O trabalho está sendo reconhecido até hoje. Esse prêmio que o Salgueiro está levando é o reconhecimento de um trabalho muito sério, muito bem estudado, muito bem pesquisado — comemorou Igor Ricardo.

Com desfile em tom político, a vermelho e branca — que ficou na 4ª colocação — deu seu recado logo na comissão de frente, em que bailarinos desfilaram maquiados com feridas, ou com um respirador ligado a uma muda de planta.

Em vez de lamento pelas mortes e problemas com garimpeiros, a aposta foi pela admiração, para afirmar a humanidade desse povo. Houve ainda o lado crítico, como um grito para todos lutarem ao lado daqueles que ocupam o território brasileiro há mais de mil anos.

Além de Davi Kopenawa, estiveram na Sapucaí nomes como Ehuana Yanomami, primeira mulher ianomâmi a escrever um livro na sua língua; Morzaniel Iramari, primeiro cineasta ianomâmi; e o artista visual Joseca Yanomami. Ativistas também estiveram presentes, trazendo a memória do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados em 2022.