Crítica
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Por Patrícia Kogut


Ansel Elgort protagoniza 'Tokyo vice' (Foto: Divulgação) — Foto:
Ansel Elgort protagoniza 'Tokyo vice' (Foto: Divulgação) — Foto:

Qualquer jornalista que viveu isso se lembra da emoção e do encantamento que sentiu ao entrar pela primeira vez numa grande redação. A adrenalina no ar, o som das campainhas dos telefones, das vozes e dos estalos da digitação nos computadores e a agitação geral fazem desse um ambiente único. Protagonista de “Tokyo vice”, série de seis episódios que chegou ao catálogo da HBO Max, Jake Adelstein (Ansel Elgort) é um jovem repórter. Numa das primeiras cenas, vive exatamente essa sensação que descrevi. Só que a experiência por que passa o personagem tem ingredientes adicionais. Ele consegue o primeiro emprego no “Micho Shimbum”, um importante jornal de Tóquio. É o primeiro estrangeiro a furar essa barreira, um feito. A trama se passa em 1993, quando o impresso reinava sem a concorrência da internet.

Americano do interior, Jake se aprofundou na cultura japonesa, aprendeu a língua, e passou numa prova duríssima. Conseguiu uma colocação na editoria policial. A julgar pelos dois primeiros episódios, “Tokyo vice” promete uma história no mundo do jornalismo. Porém, seus desdobramentos carregam o espectador para uma trama de ação, suspense e crime.

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A aventura é baseada em fatos reais narrados na autobiografia “Tokyo vice: An american reporter on the police beat in Japan”. Nessas memórias, o verdadeiro Adelstein contou seu trabalho investigativo que resultou em denúncias envolvendo a Yakuza.

O Adelstein da ficção é cheio de ambições e sonhos. Enfrenta todas as barreiras. O Japão é um país insular, onde os que vêm de fora nem sempre são bem-vindos. Quem não conhece o rapaz logo se dirige a ele usando, com desprezo, o termo gaijin (forasteiro). Já dos mais chegados, recebe o apelido de “Mossad”. É a depreciativa fusão de duas palavras: uma alusão sonora a “Missouri”, de onde ele veio, e também uma expressão de antissemitismo, porque se refere ao serviço secreto israelense (ele é judeu). Jake não liga. Desobedece certas ordens de sua chefia, que, no início, espera dele disciplina burocrática. Idealista, quer exercer a profissão com criatividade e coragem. Circula nos submundos da cidade, frequenta delegacias e bares. Numa dessas andanças, é atraído para o salão do Onyx Club. Lá, conhece Samantha (Rachel Keller), uma hostess americana. O trabalho dela prevê sentar-se à mesa com clientes, todos homens, conversar, e garantir que o consumo de álcool será alto. Essa freguesia inclui mafiosos. A trajetória dos dois se entrelaça, movida também por tensão sexual.

“Tokyo vice” é uma ótima história levada por excelente elenco. O desempenho de Ansel Elgort impressiona. A série convida o público a visitar Tóquio, seus prédios imensos, as ruas movimentadas e a arquitetura minimalista. Os cenários, lindos, com frequência são repletos daquelas luminárias de papel que projetam um claro-escuro único. Volta e meia, se ouve alguma bossa nova também. Não perca.

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