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Análise: NRA, associação pró-armas, tem poder na Casa Branca há 30 anos

Grupo tem sido peça-chave no debate sobre as leis de propriedade de armamento
Entusiastas olham para armas no encontro anual da Associação Nacional de Rifles (NRA) em Louisville, Kentucky Foto: John Sommers II / REUTERS
Entusiastas olham para armas no encontro anual da Associação Nacional de Rifles (NRA) em Louisville, Kentucky Foto: John Sommers II / REUTERS

Enquanto Donald Trump recebeu o maior financiamento do lobby das armas do que qualquer outro candidato presidencial, a associação entre a Casa Branca e os defensores das armas vai mais longe. O estado da aliança centrou-se no debate sobre o controle das armas contra o direito de ter armamento, que foca no direito de um indivíduo de portar armas e na obrigação do governo de combater a violência e o crime.

O tiroteio em Las Vegas reacendeu a controvérsia sobre as leis de controle de armas, que primeiro eletrizaram vários ativistas — principalmente membros da Associação Nacional do Rifle (NRA, em inglês) —  em 1968 após a passagem da Lei de Controle de Armas (GCA, na sigla em inglês). A lei proibiu a venda de armas para criminosos condenados, usuários de drogas e pessoas com problemas mentais e também exigiu que os comerciantes de armas de fogo obtivessem licenças e impusessem restrições de vendas interestaduais. O ato também aumentou a idade para comprar legalmente uma arma para 21 anos.

Em 1975, a NRA estabeleceu seu braço lobista, o Instituto para Ação Legislativa, que visava a anulação da lei de 1968. O então presidente Ronald Reager, um membro da NRA, assinou a Lei da Proteção dos Compradores de Armas de Fogo em 1986, amenizando algumas penalidades da GCA e banindo o registro federal dos compradores de armas. A cultura de armas evoluiu em 1981 após John Hinckley Jr tentar assassinar Reagan e quase matar o porta-voz do presidente, James Brady. Brady e sua mulher Sarah, então, se tornaram ativistas.

“Você pode começar a ver o mar de mudanças de atitudes durante esse tempo”, disse Sarah Brady, de acordo com a MSNBC. “A NRA lutava contra balas de armas e armas de plástico e nós conseguimos uma aliança com a Justiça, acabamos de nos juntar e dizer: ‘Qual é a primeira coisa que devemos fazer?’ E todos nós dissemos: ‘Verificações de antecedentes’.

Em 1991, Reagan disse em uma cerimônia na Universidade George Washington: “Eu quero dizer a todos vocês aqui algo que eu não tenho certeza se vocês sabem. Vocês sabem que eu sou membro da NRA. Minha posição sobre o direito ao porte de armas é bem conhecida. Porém, eu quero que vocês saibam algo mais e eu vou dizer isso em uma linguagem inconfundível. Eu apoio a lei Brady e eu vou urgir o Congresso a decretá-la”.

O presidente Bill Clinton assinou a Lei Brady de Prevenção à Violência com Armas de Fogo em 1993, criando um sistema de verificação federal de antecedentes para compras de negociantes de armas com licenças federais. Durante o governo Clinton, o relacionamento da Casa Branca com a NRA tornou-se controverso, com o presidente trabalhando para conter o poder e a influência da associação. Em 1994, ele assinou um projeto de lei criminal que incluiu uma proibição às armas de assalto.

Porém, a defesa do controle de armas pagou um alto preço político pelos esforços de Clinton: a NRA mobilizou seus membros, que tendem a ser politicamente ativos que os apoiadores do controle de armas, de acordo com o “Washington Post”. Em 1994, os Republicanos recuperaram a Câmara de Deputados pela primeira vez em 40 anos, com a questão do controle de armas os distanciando mais dos Democratas.

Em 2004, o presidente George W. Bush, que nunca foi um membro da NRA, disse: “Eu acho que devemos estender a proibição às armas de assalto e foi dito que a lei nunca mudaria porque Republicanos e Democratas estavam contra a proibição, pessoas de ambos os partidos. Eu acredito que os cidadãos que respeitam a lei devem ser capazes de possuir uma arma. Eu acredito em verificação de antecedentes em mostras de armas ou em qualquer lugar para garantir que as armas não estejam nas mãos de pessoas que não deveriam tê-las”.

Cerca de 11 anos antes, seu pai, o ex-presidente George H. Bush, escreveu uma carta para a NRA duas semanas após o bombardeio em Oklahoma City, renunciando como membro de toda uma vida da associação. Nenhum presidente republicano parece ser mais amigo da NRA do que Trump. Em abril, Trump declarou aos membros da NRA: “O assalto de oito anos às suas liberdades da Segunda Emenda chegou ao fim.”

Trump também assegurou a associação, que doou mais de US$ 30 milhões para sua campanha presidencial, que ela agora tem um “verdadeiro amigo e campeão na Casa Branca”. Seus comentários vieram após ele assinar uma resolução em fevereiro bloqueando um lei do governo de Barack Obama que preveniria que cerca de 75 mil pessoas com problemas mentais de comprar armas. A lei era parte do empenho de Obama para fortalecer a verificação de antecedentes federais após o tiroteio em Connecticut em 2012, o maior tiroteio em uma escola americana na História.

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