O primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump ocorre nesta quinta-feira em Atlanta, nos Estados Unidos – um evento inevitável e que pode ajudar a decidir a disputa pela Casa Branca, cuja eleição é prevista para novembro. Para evitar o caos do duelo de 2020 entre os dois candidatos, quando o democrata chegou a questionar o rival se ele “não cala a boca nunca”, os microfones serão silenciados fora do momento do uso da palavra, e não haverá público no local do evento. Veja, abaixo, onde assistir, horários e o que esperar do embate.
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- Onde ver o debate e que horas começa? O evento será veiculado pela CNN às 22h (no horário de Brasília). Os jornalistas Jake Tapper e Dana Bash irão mediar o debate, que também será transmitido pela CNN Brasil. O sinal ainda deve ser disponibilizado para outras emissoras, como Fox News, ABC News e agências de notícias.
- Quanto tempo irá durar? Ao todo, o debate terá 90 minutos, com dois intervalos comerciais.
- Quais são as regras? Em cada rodada, os candidatos terão dois minutos para responder à pergunta feita pelos moderadores, com mais um minuto para réplica e um minuto para tréplica.
- Os microfones só serão liberados quando for a vez do candidato falar. A CNN não indicou se cortará o áudio caso a resposta exceda o tempo permitido. Uma luz acenderá quando faltarem cinco segundos para o fim do prazo. Os moderadores “usarão todas as ferramentas à disposição para controlar o tempo e garantir uma discussão civilizada”, afirmou a emissora em nota.
- Além disso, Biden e Trump não poderão consultar anotações e terão acesso apenas a uma caneta, papel e uma garrafa d’água. Mesmo durante os intervalos comerciais, os assessores dos dois não poderão se aproximar dos candidatos. As perguntas serão divididas por temas, e ambos terão dois minutos para considerações finais.
A posição dos candidatos foi definida em um lançamento de moeda. Biden ganhou o direito de escolher o lugar em que deseja ocupar no pódio – e escolheu à direita, com Trump à esquerda. Ele também definiu que o ex-presidente republicano terá direito de fechar o debate.
Esta é a primeira vez que o primeiro debate é articulado com um veículo de comunicação sem passar pela Comissão de Debates Presidenciais. Desde a última eleição, Biden, Trump e aliados têm criticado o formato dos debates, afirmando que eles têm um modelo “engessado”, que não permite uma discussão aprofundada de ideias. Eles também afirmam que as datas são inadequadas para as campanhas.
No pleito atual, as datas oferecidas foram 16 de setembro, 1º de outubro e 9 de outubro, após o início das eleições antecipadas por correspondência. Por isso, as sugestões foram prontamente rejeitadas. Sem acordo – e diante da pressão de Trump para a realização de debates – em maio Biden desafiou o republicano para dois duelos, sendo o primeiro deles nesta quinta-feira, sem a participação da Comissão.
O segundo debate está previsto para 10 de setembro e estará a cargo da rede americana ABC News.
Audiência nos EUA
Uma sondagem divulgada pela agência Associated Press, em parceria com o Centro NORC para Pesquisas de Assuntos Públicos na quarta-feira apontou que cerca de seis em cada 10 adultos nos Estados Unidos estão “extremamente” ou “muito” dispostos a assistir ao debate, acompanhar vídeos curtos sobre a discussão ou ler sobre o tema.
É esperada uma audiência de algumas dezenas de milhões de pessoas, repetindo o histórico de eleições anteriores: em 2020, o primeiro debate entre Trump e Biden foi acompanhado por 73,1 milhões de pessoas nos EUA; o segundo, por 62,9 milhões. De acordo com a Comissão de Debates Eleitorais, o recorde ainda é do primeiro debate entre Donald Trump e Hillary Clinton em 2016, com 84 milhões de espectadores.
Desafios do debate
Se por um lado Biden e Trump não terão fichas preparadas e não poderão consultar assessores, os jornalistas da emissora também não pretendem fazer uma verificação de fatos em tempo real. Para Kathleen Jamieson, professora de Comunicação na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, um dos problemas com um debate com o republicano é que ele costuma repetir, sem provas, que as eleições de 2020 foram roubadas. Ainda assim, ela considera a decisão da CNN acertada.
— O risco é mais do que informar. [O risco é que] o debate possa multiplicar informações imprecisas — avaliou a professora, que acredita que a verificação em tempo real seria “arriscada e perturbaria o debate”.
Os dois candidatos à Casa Branca privilegiaram o canal de notícias CNN. No entanto, a emissora autorizou as concorrentes a exibir o debate de maneira simultânea, com a logo da CNN e sem comentários externos. Isso significa que espectadores da conservadora Fox News poderão assistir pelo canal – que anunciou um programa especial duas horas antes do debate. Nele, astros da emissora, que atacam com frequência a CNN e a consideram uma rede “anti-Trump”, comentarão o embate.
Sean Hannity, apresentador que irá participar do programa anterior na Fox News ao lado de Jesse Watters, já chamou Jake Tapper, um dos moderadores do debate na CNN, de “militante de esquerda radical que se esconde por trás de uma máscara de jornalista”.
— Em geral, os debates presidenciais não afetam um número suficiente de votos para decidir o resultado de uma eleição. Mas quando uma eleição é acirrada, como esta pode ser, desempenham um papel importante — analisou Jamieson. (Com AFP)