A maioria dos países do G20 se preocupa com o impacto de altos custos de regras de proteção ambiental para o comércio internacional, informou a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Prazeres, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Na terceira reunião do Grupo de Trabalho de Comércio e Investimentos do G20, que ocorreu entre os dias 27 e 28 deste mês, os participantes discutiram como chegar a um denominador comum entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
— Ficou evidente que vários países se preocupam com os custos ao comércio associados à multiplicação de regras adotadas por motivos ambientais, custos elevados sem que haja a contrapartida, o ganho ambiental na proporção esperada — explicou Tatiana.
A proposta brasileira, aceita como base, receberá sugestões e críticas para que um texto final seja apresentado em Brasília, em 24 de outubro, na quarta e última reunião sobre o assunto, que contará com a participação dos ministros de comércio.
Por enquanto, no entanto, ainda há muitas divergências no grupo, contou o embaixador Fernando Pimentel, diretor do Departamento de Política Comercial do Ministério das Relações Exteriores (MRE):
— O único consenso que a gente teve até agora é que o tema é importante. Todo mundo acha que o G20 é um fórum importante para tratar do tema. Fora isso, há muita divergência.
O embaixador disse tentar evitar que todos os países tomem decisões unilaterais para alavancar uma política de desenvolvimento sustentável, o que teria como risco uma fragmentação praticamente irreversível do comércio internacional, com prejuízo especial a empresas privadas.
— A gente tentou destilar alguns princípios em todos os comentários que a gente teve. Transparência é um deles, coerência com os acordos internacionais vigentes — comentou Pimentel. — Os princípios são bem genéricos para poderem se encaixar em diversas situações. Temos questões de toda natureza. Para serem úteis, os princípios não podem ser rígidos, tem que servir como baliza na hora de pensar como alavancas de comércio podem figurar em políticas de desenvolvimento sustentável.
Na reunião, o Grupo de Trabalho de Comércio e Investimentos do G20 ainda debateu a maior dificuldade de mulheres para empreender e participar do comércio internacional; reforma da OMC e fortalecimento do Sistema Multilateral de Comércio; além do mapeamento de cláusulas sobre desenvolvimento sustentável em acordos de investimento.