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Por O Globo e The New York Times — Washington

Parlamentares republicanos se dividiram na terça-feira devido a uma transmissão de Tucker Carlson um dia antes, na qual o famoso apresentador da Fox News retratou falsamente o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio por apoiadores do ex-presidente Donald Trump como uma reunião amplamente pacífica. De um lado, deputados do partido endossaram a reportagem; de outro, os principais senadores da sigla a condenaram.

A divisão reflete um racha contínuo no Partido Republicano entre aqueles que querem seguir em frente considerando a invasão do Congresso uma responsabilidade política, e aqueles que querem revidar publicamente para alimentar a raiva da base de extrema direita partidária, que continua reverenciando Trump, acreditando na mentira de que a eleição foi roubada e insistindo que o motim no Capitólio há dois anos foi uma resposta justificada.

A transmissão na noite de segunda-feira ocorreu cerca de duas semanas depois que o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, concedeu a Carlson e sua equipe acesso exclusivo às imagens de vigilância do Capitólio, na prática terceirizando a tarefa de reescrever a história do motim para o comentarista de notícias favorito da direita e que compartilhou diversas teorias da conspiração sobre o ataque em seu programa semanal.

Veio também quando processos judiciais movidos contra a Fox News revelaram que os apresentadores e executivos da emissora, incluindo Carlson, levantaram dúvidas em particular sobre as alegações infundadas de Trump de que a eleição teria sido fraudada, mas continuaram a promovê-las no ar de qualquer maneira.

‘A coisa toda parece insana’

Nas semanas que se seguiram à eleição de 2020, a Fox News enfrentou uma crise existencial. Acostumada a ser a rede de notícias a cabo de maior audiência dos EUA e um bastião dos conservadores no país, ela viu sua audiência despencar após anunciar a vitória do democrata Joe Biden à Presidência.

O que os espectadores leais do canal queriam assistir — e a emissora estava disposta a entregar — eram as falsas alegações de Trump sobre fraude nas urnas, uma revelação que veio à tona na noite de terça com a divulgação de trechos de um processo bilionário movido contra a Fox pela Dominion Voting Systems, uma empresa de tecnologia pouco conhecida que fornece equipamentos de votação nos EUA e se tornou alvo dos apoiadores de Trump.

No processo, a Dominion acusa a rede de promover alegações infundadas de fraude eleitoral na eleição, o que representa uma séria ameaça aos negócios e à reputação da Fox News. Embora os casos de difamação contra organizações de mídia sejam historicamente difíceis de vencer, as evidências reunidas pela empresa mostram que a Fox sabia que as alegações de fraude eleitoral eram falsas, mas as promoveu imprudentemente de qualquer maneira.

“O que nós vamos fazer esta noite?”, perguntou Laura Ingraham, apresentadora do canal, a seus colegas em um aplicativo de mensagens de texto em 16 de novembro de 2020, quando a contagem dos votos já apontava uma vitória de Biden.

Carlson respondeu que planejava dedicar uma parte significativa de seu programa à Dominion Voting Systems. “Não disse uma palavra sobre isso até agora”, comentou, reconhecendo que as teorias da conspiração sobre o suposto papel da empresa de tecnologia em uma trama fictícia para desviar votos de Trump o estavam deixando inquieto.

“A coisa toda parece insana para mim”, comentou Carlson. “E Sidney Powell não divulgará as evidências [de fraude]. O que eu odeio”. Powell, consultor jurídico da campanha de Trump, estava “deixando todo mundo paranoico e louco, inclusive eu”, acrescentou o apresentador.

A Fox News nega a difamação e diz que os comentários no ar foram retirados do contexto.

Revisionismo do ataque ao Capitólio

Alguns apresentadores e convidados do canal, no entanto, continuaram a divulgar alegações sobre fraude eleitoral generalizada e apresentaram um relato revisionista do que aconteceu durante a invasão ao Capitólio.

Carlson, por exemplo, abriu seu segmento na segunda-feira com um endosso total ao mito de que a eleição de 2020 foi roubada de Trump, antes de começar a minimizar a violência da multidão em 6 de janeiro. Ao longo de quase 45 minutos, defendeu que embora uma minoria de manifestantes tenha cometido violência, a maioria era de "observadores".

A reportagem gerou raiva nas fileiras do Departamento de Polícia do Congresso, cujos membros sofreram dezenas de ferimentos na ocasião e perderam dois policiais nos dias seguintes ao ataque. Thomas Manger, chefe da Polícia do Capitólio, enviou uma mensagem interna a seus oficiais condenando a falsa representação.

“Ontem à noite, um programa de opinião transmitiu comentários repletos de conclusões ofensivas e enganosas sobre o ataque de 6 de janeiro”, escreveu Manger. “O programa convenientemente escolheu os momentos mais calmos de nossas 41 mil horas de vídeo. O comentário falha em fornecer contexto sobre o caos e a violência que aconteceram antes ou durante esses momentos menos tensos.”

Alguns senadores republicanos ficaram tão preocupados com a falsa narrativa que Mitch McConnell, líder da minoria, levou consigo uma cópia da carta de Manger para uma entrevista coletiva à tarde e endossou seu conteúdo.

— Claramente, o chefe da Polícia do Capitólio, na minha opinião, descreve corretamente o que a maioria de nós testemunhou em primeira mão em 6 de janeiro — disse McConnell. — Foi um erro, na minha opinião, a Fox News retratar isso de uma forma que está completamente em desacordo com o que pensa nosso principal oficial de aplicação da lei aqui no Capitólio.

Outros senadores republicanos se juntaram a ele, incluindo Mitt Romney, de Utah, que disputou as primárias republicanas à presidência e chamou a transmissão de Carlson normalizando a violência de 6 de janeiro de "perigosa e repugnante".

— O povo americano viu o que aconteceu em 6 de janeiro, viu as pessoas que ficaram feridas, viu os danos ao prédio — disse Romney a repórteres na terça-feira. — Você não pode esconder a verdade escolhendo seletivamente alguns minutos das fitas e dizendo que foi isso que aconteceu. É um absurdo.

Apoio a Carlson

Mas muitos deputados republicanos aplaudiram o trabalho de Carlson, já que muitos deles acusaram a comissão especial da Câmara que investigou o ataque ao Capitólio de maltratá-los, depois que o grupo recomendou acusar Trump por insurreição e fraude e condenou a conduta dos republicanos que tentaram ajudar a derrubar a eleição de 2020.

“Ontem à noite, @TuckerCarlson confirmou o que venho dizendo há mais de um ano”, comentou a deputada Elise Stefanik, de Nova York, no Twitter. “A farsa e inconstitucional Comissão de 6 de janeiro de Nancy Pelosi nada mais foi do que uma caça às bruxas política destinada a punir os oponentes políticos da extrema esquerda radical.”

McCarthy disse na noite de terça-feira que não assistiu ao programa, mas defendeu sua decisão de dar a filmagem a Carlson, afirmando que queria "transparência".

Críticas de Biden

Biden criticou nesta quarta-feira os republicanos que apoiaram a iniciativa da Fox News para minimizar a gravidade da invasão do Congresso.

"Mais de 140 agentes ficaram feridos em 6 de janeiro. Já disse antes: como alguém se atreve a minimizar ou negar o inferno pelo qual passaram?", destacou em sua conta no Twitter. "Espero que os republicanos da Câmara se sintam envergonhados pelo que se fez para minar a aplicação da lei".

Segundo o Departamento de Justiça, cerca de 140 policiais foram agredidos em 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, cerca de 1.000 pessoas foram presas até agora em conexão com o motim, a maioria delas acusada de entrar ou permanecer em um prédio federal restrito, e mais de 300 foram acusados de agredir, resistir ou impedir oficiais ou funcionários, incluindo mais de 100 acusados de usar uma arma mortal ou perigosa ou causar ferimentos graves a um policial.

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