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Por José María Irujo, El País — Madri

O dono da empresa de segurança espanhola UC Global, SL, David Morales, supostamente espionou para a CIA, o serviço secreto dos Estados Unidos, reuniões que o ex-presidente equatoriano Rafael Correa (2007-2017) teve em 2018 com uma série de antigos mandatários e autoridades da região — entre eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff. As informações vieram à tona após uma análise do computador de Morales, investigado há três anos pelo juiz espanhol Santiago Pedraz.

O MacBook de Morales, confiscado pela polícia após sua prisão em 2019, foi avaliado por peritos nomeados pela defesa de Julian Assange. O dono da firma de segurança é suspeito de ter ordenado a espionagem do fundador da WikiLeaks e encaminhado as informações para a inteligência dos EUA, que buscam a extradição do hacker australiano e podem condená-lo a até 175 anos de prisão.

O nome "CIA" foi encontrado repetidas vezes em um HD externo, junto com relatórios sobre os compromissos de Correa e seus encontros. Imagens íntimas de um diplomata também foram achadas em um cofre na sede da empresa de espionagem — fotografias que o ex-militar espanhol teria usado para tentar chantagear autoridades equatorianas.

Morales havia sido contratado pelo governo de Correa para fazer a segurança da Embaixada do Equador em Londres, onde estava Assange — ele passou sete anos lá, sendo preso em 2019 após Quito suspender a proteção. O ex-militar ordenou que seus funcionários espionassem as reuniões do hacker australiano com seus advogados, mas também passou a monitorar o presidente, em especial após deixar o poder, para transmitir informações a seu sucessor e adversário político, Lenín Moreno.

Trojans (vírus disfarçados de softwares legítimos, que permitem o roubo de dados confidenciais) foram instalados sem autorização nos iPhones 5 das filhas de Correa, Sofía e Anne, quando ele ainda era presidente, em 2014. Pelo sistema, era possível o controle total das mensagens e conversas das jovens, que na época estudavam na França.

Possíveis evidências

Segundo a análise do MacBook, o nome da CIA aparece várias vezes em um HD externo da marca Western Digital, onde arquivava projetos e operações de que a UC Global, SL participava. A nova descoberta dos peritos é uma pasta chamada América do Norte/EUA/CIA/Romeo/Brasil/Argentina/março de 2018/Venegas Chamorro/Viagem.

Nela há relatórios dos encontros de Correa (a quem se referia pelo codinome Romeo) com diversos ex-presidentes latino-americanos, segundo documentos aos quais o El País teve acesso. Além de Lula e Dilma, há informações de que líderes como a ex-presidente (e atual vice) da Argentina, Cristina Kirchner, e o ex-presidente uruguaio José Mujica, segundo os documentos a que o El País teve acesso. Venegas Chamorro é Amauri Chamorro Venegas, à época assessor de imprensa de Correa.

A viagem onde as informações foram coletadas ocorreu entre 18 e 24 de março de 2018, quando Correa estava acompanhado de funcionários da UC Global, SL, que faziam sua escolta. O Serviço de Proteção da Presidência, obrigado a fornecer segurança para os ex-mandatários, havia contratado os serviços da firma que já prestava serviços para sua embaixada britânica.

Além dos relatórios sobre a viagem, Morales tinha outros relatos em inglês de encontros de Correa na sua casa em Bruxelas, para onde se mudou após deixar a Presidência. Os laços entre o antigo mandatário e a firma foram rompidos em maio de 2019, quando um guarda-costas confessou a Correa que o ex-militar espanhol havia pedido que redigissem informes sobre suas reuniões e atividades, tanto pessoais quanto políticas.

Em novembro de 2017, Morales redigiu em inglês uma nota chamada Brussels Meetings, ou "Reuniões em Bruxelas", em que descrevia os encontros que o ex-mandatário tinha em sua casa. O documento também trazia os números de série de um computador e do iPad que pertenciam a Correa.

Indagado pelos advogados de Assange sobre a razão pela qual tais documentos estavam em inglês, o dono da firma de segurança disse que esperava "melhorar o inglês de seus funcionários". No material confiscado na sede da UC Global, SL há também vídeos do ex-presidente durante reuniões.

Segundo a investigação judicial, as informações coletadas eram entregues a quem tivesse uma oferta mais interessante. Entre outros clientes, por exemplo, estava o governo de Lenín Moreno. Quando o novo Executivo equatoriano cancelou o contrato com a firma, suspendendo suas atividades na Embaixada do Equador em Londres, Morales teria confessado a um funcionário que repassava as informações de Correa a seu rival político.

No MacBook confiscado havia ainda uma pasta do serviço de armazenamento em nuvem Dropbox entitulada "Presidência. Documentos para entregar à Presidência". Correa abriu um processo contra Morales, que foi admitido pela Justiça espanhola.

14 fotos íntimas

Em um pendrive que estava escondido em um cofre na sede da empresa, paralelamente, os peritos encontraram 14 imagens íntimas de um diplomata de carreira que trabalhava na representação equatoriana em Londres. Apesar de incriminatório, o material não havia sido inicialmente apresentado aos investigadores.

Uma das três testemunhas que depuseram no processo que Assange move contra o dono da empresa entregou ao juiz um relatório com as fotos íntimas do diplomata. As imagens haviam sido retiradas do HD do homem, sendo copiadas por um dos funcionários da UC Global, SL para um pen drive.

O relatório com o material foi entregue por Morales em Quito a Bolívar Garcés, diretor do Senain, serviço secreto do Equador, após ser informado que o contrato com a embaixada em Londres seria rescindido. Pelas conversas de WhatsApp entre o ex-militar e seus funcionários, pode-se deduzir que ele tentou usar as fotos como chantagem.

“Quero usar as imagens (...). Para enforcá-los", escreveu ele, que posteriormente justificou a posse das fotos alegando que foi uma descoberta casual durante uma "análise de segurança", e que decidiu alertar o diretor do Senain após ver seu conteúdo.

O diplomata também processa Morales, e alega que o material estava em um HD no seu escritório na Embaixada e que já havia sido deletado "há muitos anos" — o que gerou suspeitas de que os investigados conseguiram recuperar arquivos já apagados. À Justiça, a vítima disse que foi informada pelo diretor do Senain sobre as fotos e que Garcés lhe informou que eram parte de uma tentiva de extorsão.

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