Hunter Biden, filho mais novo do presidente americano, Joe Biden, foi denunciado nesta quinta-feira por ter mentido em um formulário federal sobre o uso de drogas quando comprou um revólver Colt há cinco anos e por porte ilegal de arma, abrindo caminho para a possibilidade de um julgamento durante a campanha de reeleição do pai, em 2024.
Em resposta a uma pergunta no formulário sobre uso de drogas, Hunter disse que não usava, afirmação que os promotores concluíram ser falsa. Na época da compra da arma, Hunter havia reconhecido publicamente seu vício em crack e álcool, entrando e saindo de reabilitações.
A denúncia apontou três delitos de Hunter: mentir para um vendedor de armas com licença federal, fazer uma alegação falsa no formulário usado para verificação de potenciais compradores de armas e posse ilegal de arma durante 11 dias, de 12 a 23 de outubro de 2018. Nos Estados Unidos, mentir em um formulário ou possuir arma de fogo sendo usuário de drogas é crime federal.
Se condenado, Hunter pode ser condenados a 25 anos e multa de até US$ 750 mil. Mas infratores primários não violentos, que não foram acusados de usar uma arma em outro crime, raramente são sentenciados a longo tempo prisional.
A acusação é um dos capítulos finais de uma longa investigação iniciada durante o governo do ex-presidente Donald Trump sobre o uso de drogas, as finanças pessoais e negócios no exterior do filho de seu adversário. Também surge num momento em que os republicanos mais radicais da Câmara intensificam os esforços para usar o histórico de Hunter para construir um caso de impeachment contra seu pai.
Em junho deste ano, Hunter havia firmado um acordo com o Departamento de Justiça para se declarar culpado de contravenções fiscais e admitir que mentiu sobre seu uso de drogas ao comprar uma arma. Sob o acordo, a acusação de porte de arma ilegal seria retirada em dois anos, desde que o filho de Biden fizesse testes regulares para comprovar que não usava mais entorpecentes e não se envolvesse em outros problemas legais. Ele também não precisaria cumprir nenhum tempo de prisão.
Mas depois de o acordo entrar em colapso em julho, o secretário de Justiça Merrick B. Garland nomeou o promotor especial David C. Weiss para assumir o caso em agosto, acelerando a investigação. Apesar de nesta quinta não terem sido apresentadas acusações pelo atraso no preenchimento de declarações fiscais, os promotores ainda podem fazê-lo futuramente.
O Departamento de Justiça investiga Hunter desde o fim de 2018. Embora examine várias questões — incluindo possíveis crimes de evasão fiscal, lobby estrangeiro ilegal e lavagem de dinheiro —, a investigação acabou se centrando na posse de arma e impostos de Hunter. A equipe de Weiss também sinalizou que continuará investigando outros elementos das atividades comerciais de Biden, especialmente fora dos EUA.
O filho mais novo de Biden passou por um período difícil após a morte de seu irmão mais velho, Beau, em 2015, época em que acabou se tornando viciado em crack. A fase ruim do filho do presidente é com frequência explorada por republicanos que desejam usá-lo para atacar o pai. (Com New York Times)