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A milícia houthi, que há quase uma década trava uma violenta e inconclusiva guerra civil no Iêmen, anunciou na sexta-feira ter atacado dois navios que trafegavam pelo Estreito de Bab el-Mandab, que conecta o Golfo de Áden ao Mar Vermelho, rumo ao Canal de Suez. A ação, além de um terceiro ataque não reivindicado, desta vez usando drones, se soma a uma longa lista de incidentes envolvendo embarcações na região, um cenário diretamente ligado à guerra entre Israel e Hamas em Gaza.

De acordo com um comunicado da milícia, mísseis foram lançados contra o MSC Palatium e o MSC Alanya, que se dirigiam a Israel, porque "suas tripulações se recusaram a responder aos chamados das forças navais iemenitas". Uma terceira embarcação, o Al Jasrah, foi atingida por um drone, afirmou a operadora da embarcação, que seguia em direção a Cingapura — os houthis não comentaram a alegação.

Mapa da região do Mar Vermelho — Foto: Editoria de Arte
Mapa da região do Mar Vermelho — Foto: Editoria de Arte

A insegurança na região do Golfo de Áden precede a guerra civil no Iêmen — nas últimas décadas, piratas sequestraram centenas de embarcações na costa da Somália, se aproveitando do vácuo de poder em um dos mais pobres países da África. Em muitos casos, elas só foram liberadas após o pagamento de resgates que não raro chegaram a alguns milhões de dólares. Nesta sexta, a agência britânica de operações marítimas afirmou que um navio de bandeira búlgara foi sequestrado na mesma área, acrescentando que a tripulação "está bem".

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Contudo, mesmo a mais de mil quilômetros das águas azuis do estreito, a guerra em Gaza se tornou um elemento a mais de insegurança para empresas e tripulações que atuam na região. Alinhados e financiados pelo Irã, os houthis prestaram solidariedade ao Hamas, e além de lançar drones contra o Sul israelense (quase sempre interceptados), prometeram desestabilizar o tráfego naval em uma das rotas mais movimentadas do planeta. A milícia controla a capital, Sanaa, e parte da costa iemenita do Mar Vermelho, incluindo o porto de al-Hodeida, cenário de uma intensa batalha entre com as forças do governo internacionalmente reconhecido do país, apoiado pela Arábia Saudita.

"Se Gaza não receber os alimentos e remédios que precisa, todos os navios no Mar Vermelho que rumam para portos israelenses, não importa sua nacionalidade, serão alvos para nossas Forças Armadas", afirmou, em comunicado no dia 9 de dezembro, um porta-voz do grupo.

O texto apenas oficializou ações que já vinham ocorrendo há algumas semanas. No final de novembro, um navio ligado a um bilionário israelense, o Galaxy Leader, foi sequestrado em águas internacionais, no sul do Mar Vermelho. Na ocasião, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chamou o incidente de "ato de terrorismo".

Dias depois, em 3 de dezembro, duas embarcações foram atingidas por mísseis e drones — embora a milícia tenha dito que se tratavam de navios israelenses, as autoridades do país negaram a informação, e declararam que eles ostentavam bandeiras de Bahamas e do Panamá. Na terça-feira, um novo ataque danificou um navio norueguês a cerca de 111 km do estreito. Apesar do destino final ser um porto na Itália, a empresa operadora reconheceu que existia a possibilidade de uma parada técnica em um porto israelense durante a viagem.

Custo elevado

Ataques como os dos últimos dias acenderam um sinal de alerta. Afinal, estima-se que cerca de 12% de todo tráfego naval do planeta passem pelo Mar Vermelho, algo em torno de 17 mil navios por ano. E o primeiro impacto foi sentido no bolso: segundo levantamento da agência Reuters, o custo do seguro dos navios que passam pelo Estreito de Bab el-Mandab subiu de 0,07% do custo total da embarcação para até 0,2%, na prática, um acréscimo de algumas dezenas de milhares de dólares.

— O último incidente [de sexta-feira] representa um degrau acima de instabilidade para os operadores comerciais no Mar Vermelho, que levará a um forte aumento dos valores [de seguros] a curto e médio prazo — disse, em declaração à imprensa, Munro Anderson, diretor de operações da Vessel Protect, especializada em riscos marítimos.

A médio e longo prazo, existe o temor de um impacto sobre os preços de insumos energéticos. Cerca de 12% de todo petróleo e 8% do gás natural liquefeito transportados por via marítima no planeta passam pelo estreito e pelo Canal de Suez, segundo números da Administração de Informação de Energia, uma agência do governo americano.

— Esses ataques têm o potencial de se tornarem uma ameaça econômica estratégica global, bem mais do que simplesmente uma ameaça geopolítica regional — afirmou ao site Shipping Watch o ex-vice-almirante da Marinha britânica, Duncan Potts.

Nesta sexta, a dinamarquesa Maersk, uma das maiores operadoras navais do planeta, anunciou que irá interromper o tráfego de seus navios pelo Mar Vermelho até segunda ordem, citando questões de segurança.

"Depois de um incidente envolvendo o Maersk Gibraltar ontem (quinta-feira), e outra tentativa de ataque contra uma embarcação hoje (sexta-feira), orientamos a todas embarcações da Maersk que estejam na área e que passarão pelo Estreito de Bab el-Mandab que pausem suas jornadas até nova ordem", declarou a empresa, em comunicado. "Os ataques recentes contra embarcações comerciais na área são alarmantes, e apresentam uma ameaça significativa de segurança para as tripulações."

A Hapag-Lloyd, operadora do Al Jasrah, anunciou que pausaria todo seu tráfego pelo Mar Vermelho até segunda-feira, e depois decidiria os próximos passos.

Desde o início dos ataques, forças navais de vários países intensificaram as patrulhas nas águas da região, e afimam terem derrubado muitos mísseis e drones vindos das áreas do Iêmen controladas pelos houthis. A Marinha israelense também emprega navios de guerra para proteger instalações estratégicas em terra e rotas navais. Mas as empresas e organizações do setor dizem que ainda é pouco, dada a escala do problema e das ameaças — físicas e financeiras.

"É muito, muito preocupante o que estamos vendo no Mar Vermelho esses dias. É repreensível que as tripulações civis, que estão apenas fazendo seu trabalho, de repente se tornem alvos em um conflito com o qual não têm qualquer relação", opinou, em declaração à Shipping Watch, a Danish Shipping, organização que reúne empresas e funcionários do setor na Dinamarca. "Esse é um problema global, que pedimos às autoridades que discutam com seus parceiros na União Europeia e na Otan para encontrar soluções apropriadas que possam proteger os navios a curto prazo."

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