Mundo Estados Unidos

Procuradora-geral de Nova York diz que Organização Trump fraudou avaliações de ativos financeiros e imóveis

Empresa teria distorcido informações sobre o tamanho da cobertura da Trump Tower e o valor de seis propriedades, incluindo clubes de golfe, entre outros
Donald Trump joga golfe no Trump National Golf Club em Sterling, Virgínia Foto: JOSHUA ROBERTS / Reuters/15-11-2020
Donald Trump joga golfe no Trump National Golf Club em Sterling, Virgínia Foto: JOSHUA ROBERTS / Reuters/15-11-2020

NOVA YORK — Em documento entregue à Justiça, a procuradora-geral do Estado de Nova York, Letitia James, afirmou que a empresa familiar do ex-presidente Donald Trump usou avaliações de ativos "fraudulentas ou enganosas" para obter benefícios econômicos, incluindo empréstimos, cobertura de seguro e deduções fiscais.

O documento foi entregue em resposta a um recurso judicial de Trump para impedir que James interrogue ele e dois de seus filhos adultos sob juramento , como parte da investigação na esfera civil de sua empresa, a Organização Trump. A investigação de James sobre Trump e a empresa está em andamento desde 2019, e uma acusação ainda não foi formalizada.

Volta ao mercado imobiliário: Trump quer construir 2,3 mil residências de luxo em seu resort de Miami

A procuradora diz no documento que as avaliações de ativos de negócios do ex-presidente distorceram fatos objetivos, como o tamanho da cobertura da Trump Tower, e classificaram incorretamente ativos como parte da "marca Trump", exagerando assim a liquidez da empresa e seus proprietários. Ela também mencionou exemplos do que chamou de declarações enganosas sobre o valor de seis propriedades de Trump, incluindo clubes de golfe na Escócia e em Westchester, em Nova York.

O texto de James diz que a empresa deturpou o valor das propriedades para credores, seguradoras e a Receita Federal. Muitas das declarações, argumenta a procuradora-geral, foram “geralmente infladas como parte de um padrão para sugerir que o patrimônio líquido de Trump era maior do que teria parecido de outra forma”.

Alerta: Um ano após ataque ao Capitólio, Biden culpa Trump e afirma que democracia nos EUA ainda está em risco

James destacou detalhes de como a empresa supostamente inflacionou as avaliações: US$ 150 mil em taxas no clube de golfe de Trump em Westchester que nunca foram arrecadadas; mansões que ainda não haviam sido construídas em uma de suas propriedades particulares; e 1.850 metros quadrados em seu triplex na Trump Tower que não existiam.

"Descobrimos evidências significativas que sugerem que Donald J. Trump e a Organização Trump avaliaram de forma falsa e fraudulenta vários ativos e deturparam esses valores em informes a instituições financeiras para benefício econômico", disse James no documento.

Mais tarde, ela tuitou que "Donald Trump, Trump Jr. e Ivanka Trump estiveram intimamente envolvidos nas transações em questão". Representantes de Trump ainda não comentaram o caso.

O documento marcou a primeira vez em que o escritório da procuradora-geral levantou acusações tão específicas contra a empresa do ex-presidente. Seu ataque aumenta a pressão sobre Trump, que tenta encerrar a investigação, que ele classifica como uma caça às bruxas partidária. James é membro do Partido Democrata.

É incomum que alegações tão específicas e sérias surjam em alegações judiciais, em vez denúnciais formais à Justiça. Integrantes da equipe de James disseram que a divulgação dos detalhes não prejudicaria a investigação e acrescentaram que o escritório também está investigando outras condutas não discutidas no documento.

Como a investigação de James é de âmbito civil, ela pode processar Trump e sua empresa, mas não pode apresentar acusações criminais. Seu inquérito está sendo executado paralelamente a uma investigação criminal liderada pelo promotor público de Manhattan, Alvin Bragg, que examina algumas das mesmas condutas. O escritório de James está participando dessa investigação separada, que continua. Bragg, também democrata, herdou o inquérito de seu antecessor após assumir o cargo em 1º de janeiro.

No início de dezembro, James emitiu uma intimação contra Trump, assim como para os seus filhos Donald Trump Jr. e Ivanka Trump, pedindo para interrogá-los como parte de seu inquérito civil. James já interrogou outro dos filhos de Trump,  Eric Trump, em outubro de 2020. Ele invocou seu direito de ficar calado para não se incriminar e não respondeu às mais de 500 perguntas feitas.

Ataque: Comissão que investiga invasão ao Capitólio intima Giuliani e outros advogados de Trump para depor

Depois de receber as intimações, os advogados de Trump entraram com uma ação federal com o objetivo de interromper a investigação civil de James e de impedir seu escritório de participar da investigação criminal do promotor público Bragg. O processo, que acusa James de violar os direitos constitucionais de Trump, argumenta que sua investigação tem motivações políticas e citava uma longa lista de ataques públicos feitos por ela contra Trump.

Este mês, os advogados de Trump também apresentaram um recurso buscando bloquear as intimações de James, o que levou à apresentação do documento dela na noite de terça-feira.

James, que está concorrendo à reeleição este ano, argumenta no documento que, embora seu escritório tenha reunido evidências de que a empresa de Trump havia se envolvido em possíveis fraudes, os investigadores precisam interrogar  Trump para determinar quem era responsável pelas “inúmeras distorções e omissões feitas por ele ou em seu nome” — e se estas distorções foram intencionais.

  翻译: