Apesar de ainda não ter anunciado oficialmente quem será o vice de sua chapa na disputa à reeleição, o prefeito Eduardo Paes (PSD) passou a dar cada vez mais destaque ao principal cotado e seu favorito para o posto, o deputado federal Pedro Paulo (PSD). O movimento para fortalecer seu ex-secretário e nome de confiança, em meio à pressão do PT pela vaga, ocorre tanto em postagens nas redes sociais quanto com a participação de Pedro Paulo em agendas da prefeitura e na articulação política do incumbente.
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Uma das pautas usadas recentemente pelo prefeito para colocar o aliado em evidência é a desapropriação de um terreno no Gasômetro, na Zona Portuária do Rio, para a construção de um estádio de futebol para o Flamengo. Paes compartilhou no domingo passado um vídeo em que anuncia a medida e no qual aparece ao lado de Pedro Paulo, que é flamenguista e um dos entusiastas da proposta.
— Se vocês quiserem agradecer a um flamenguista, fala com ele aqui. Fala aí, Pedrão — diz Paes ao deputado, que agradece e discursa sobre a importância do projeto para o clube.
Vascaíno, o prefeito usou seus perfis em outras quatro ocasiões para marcar a conta do deputado apenas em julho, todos com a temática do futebol. O número supera, por exemplo, as referências no mesmo período ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também aliado de Paes e que costuma ser a figura pública mais lembrada pelo político do PSD.
Antes disso, Paes havia marcado Pedro Paulo pela última vez em novembro do ano passado, quando o deputado pleiteou ao prefeito que taxistas pudessem usar a faixa exclusiva dos ônibus Transbrasil.
Para além do estádio, o prefeito tem dado destaque ao deputado nos bastidores e em agendas públicas. A ida aos eventos ocorre nos finais de semana, quando o deputado não está em Brasília. No sábado passado, os dois inauguraram o Parque Carioca Pavuna, na Zona Norte. Pedro Paulo tem também assumido as rédeas da articulação política de Paes com outros partidos e já se reuniu com lideranças do União Brasil e MDB.
Essas siglas já indicaram que estarão em palanques opostos ao do gestor carioca nas eleições e negociam com o adversário de Paes, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), aliado de Jair Bolsonaro, por um espaço na vice. Na quinta-feira, o União lançou a pré-candidatura do deputado estadual Rodrigo Amorim (União) à prefeitura. Já o MDB rifou o deputado federal Otoni de Paula e negocia a indicação da ex-deputada Rosane Félix. Otoni, por sua vez, migrou sozinho para a campanha de Paes como seu coordenador entre evangélicos.
No início de junho, dois petistas que são apostas da sigla do presidente Lula para a vice de Paes deixaram seus cargos na administração pública como forma de ampliar a pressão sobre o aliado. Foram os casos de André Ceciliano, então secretário de Assuntos Federativos do Ministério das Relações Institucionais, e Adilson Pires, que ocupava o cargo de secretário municipal de Ação Social. Já o PDT tenta emplacar a deputada estadual Martha Rocha.
Articuladores de Paes, no entanto, dão como certo que Pedro Paulo será o vice do prefeito, que prefere uma chapa “puro-sangue”, apesar das investidas do PT. Os ex-secretários Eduardo Cavaliere e Guilherme Schleder, ambos do PSD, são tidos como plano B.
Costura para 2026
O plano de Paes é evitar qualquer tomada de decisão até o período de convenções partidárias, entre 20 de julho e 5 de agosto, para não antecipar o debate em conjuntura até aqui marcada por favoritismo do prefeito. Ele lidera a corrida pelo comando da cidade, com 51% das intenções de voto, segundo pesquisa Quaest, divulgada no último dia 18.
O posto de vice na chapa se tornou foco de cobiça entre os aliados do pré-candidato pela possibilidade de Paes, caso reeleito, disputar o governo do Rio em 2026, cenário em cabearia ao vice assumir a prefeitura da capital fluminense por dois anos.
Nas eleições de 2016, Pedro Paulo foi escolhido por Paes para disputar o pleito com seu apoio, mas terminou em terceiro lugar. Na ocasião, pesou contra o deputado uma acusação de agressão feita por sua ex-mulher, posteriormente arquivada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)