Carnaval
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Por e — Rio de Janeiro

Uma fruta bem brasileira; a história de um país por meio de sua música; a sabedoria da literatura popular; as tradições e ensinamentos dos povos originários do Brasil; a identidade e a luta do povo negro. Tudo isso — e muito, muito mais — se junta no caleidoscópio criativo que é a matéria-prima fundamental dos enredos das escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca. Confira abaixo um resumo das histórias que cada agremiação vai contar na avenida.

Unidos do Porto da Pedra

Enredo: 'Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular'

Porto da Pedra - Ensaio Técnico — Foto: Vitor Melo
Porto da Pedra - Ensaio Técnico — Foto: Vitor Melo

A escola de São Gonçalo vai levar para a avenida a sabedoria popular tendo como ponto de partida o livreto “Lunário Perpétuo”, escrito pelo astrônomo e naturalista espanhol Jerónimo Cortés em 1594. O texto ganhou fama, correu mundo, incorporou saberes, foi proibido, se adaptou e seguiu influenciando gerações com um mix de ciência, ocultismo, feitiçaria e bruxaria. Como diz a sinopse do enredo: "um pouco de tudo, do tangível e do sobrenatural. Mistério".

No Brasil, o texto chegou no século XVIII e foi, por dois séculos, como conta o intelectual Luís da Câmara Cascudo, "o livro mais lido nos sertões do nordeste". O “Lunário Perpétuo” foi (continua sendo) inspiração e referência para poetas populares do Nordeste brasileiro que, por sua vez, estão na base da literatura e da arte do escritor Ariano Suassuna e seu movimento Armorial, presentes no enredo. Também presente está o brincante Antônio Nóbrega que, não por acaso, levou aos palcos, no início dos anos 2000, o seu próprio "Lunário Perpétuo", espetáculo que bebia na inesgotável fonte do famoso livreto.

Beija-Flor

Enredo: "Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila"

Só mesmo a magia do carnaval é capaz de reunir as nobrezas de Maceió, Nilópolis e Etiópia. Esse é o ponto de partida do enredo da azul e branco de Nilópolis, que vai levar para a avenida a "um delírio baseado na realidade, desafiando o espaço e o tempo", como diz a sinpose.

A história passa pelas festas de Palmares com raízes nas tradições africanas e indígenas, chegando ao engraxate-folião Benedito dos Santos, personagem popular das Alagoas, o "nobre folião das encruzilhadas" rebatizado como Rás Gonguila e autodenominado "descendente direto do último imperador da Etiópia". Na avenida, a Beija-Flor vai coroar Gonguila como "imperador do Carnaval de Maceió", simbolizando a vitória da cultura popular.

Acadêmicos do Salgueiro

Enredo: "Hutukara”

O Salgueiro escolheu traz no seu samba-enredo do carnaval de 2024 a defesa do povo ianomâmi. A parceria vitoriosa foi a dos compositores Marcelo Motta, Pedrinho da Flor, Arlindinho Cruz, Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via13 e Ralfe Ribeiro — Foto: Infoglobo
O Salgueiro escolheu traz no seu samba-enredo do carnaval de 2024 a defesa do povo ianomâmi. A parceria vitoriosa foi a dos compositores Marcelo Motta, Pedrinho da Flor, Arlindinho Cruz, Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via13 e Ralfe Ribeiro — Foto: Infoglobo

O Salgueiro vai levar para avenida um enredo em homenagem ao povo Yanomami, que vai falar sobre uma das grandes questões do nosso tempo: as mudanças climáticas causadas pela ação do homem. Embora minimalista na forma (apenas uma palavra), o significado do enredo é amplo. Na enciclopedia de Antropologia do da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), o termo "Hutukara” possui variados sentidos na cosmologia Yanomami, se constituindo no "nome xamânico da terra atual que evoca o tempo-espaço primordial". O termo pode ser "associado ao que os não indígenas chamam de universo, mundo ou planeta Terra".

A vermelho e branco tijucana vai cantar o respeito aos indígenas, denunciando as violências sofridas por eles ao longo dos tempos ao mesmo tempo em que exalta a vocação inequívoca dos povos originários para resistência. A escola vai desfilar o sonho Yanomami de coragem, beleza e verdade, reafirmando a noção de que "não conheceremos o Brasil antes de vislumbrar e respeitar a história indígena".

Acadêmicos do Grande Rio

Enredo: "Nosso destino é ser onça"

A escola de Duque de caxias segue as pegadas do felino cuja presença pode ser observada em diferentes narrativas míticas de povos originários do Brasil e da América Latina. Partindo do título do livro "Meu destino é ser onça" (Civilização Brasileira), de Alberto Mussa, a Grande Rio vai contar como o animal imponente ajudou a moldar parte importante da identidade artística nacional como "metáfora viva dos rituais antropofágicos".

O enredo traz a onça como "chave para que sejam pensadas as disputas identitárias brasileiras" costurando as narrativas dos povos originários com folguedos, canções, cordéis e, claro, o próprio carnaval carnaval carioca.

Webstories

Unidos da Tijuca

Enredo: "O conto de fados"

A Unidos da Tijuca atravessa o oceano Atlântico e vai buscar inspiração na tradição musical portuguesa para o seu carnaval de 2024. Num bem urdido jogo de palavras, o enredo conjuga a força melódica do fado com o encanto lúdico dos contos de fada para contar "fatos, mistérios e lendas populares" sobre a formação de Portugal, o primeiro dos estados europeus.

A escola faz uma viagem que começa nas referências às terras portuguesas desde a Grécia antiga e, claro, passeia pelo período de glória, quando o país esteve à frente de conquistas "além mar" que forjaram heróis e lendas que até hoje povoam o imaginário popular.

Imperatriz Leopoldinense

Enredo: "Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda"

A campeã de 2023 alimenta o sonho do bicampeonato com um "manual mágico para a interpretação dos delírios de quem dorme". Inspirado na literatura popular, mais especificamente no centenário folheto “O testamento da cigana Esmeralda”, do paraibano popular Leandro Gomes de Barros, o enredo da escola de Ramos se debruça sobre a mística que cerca a interpretação de sonhos, os mistérios da sorte e das sinas escritas nas palmas das mãos.

Tudo isso temperado com muito caldo de brasilidade, na certeza de que "quando os astros se movem, quem erra também pode passar a acertar. A vida embolada pode embalar. Quem chora pode então gargalhar".

Mocidade Independente de Padre Miguel

Enredo: "Pede caju que dou... Pé de caju que dá!"

Mocidade Independente - Ensaio Técnico — Foto: Alexandre Vidal
Mocidade Independente - Ensaio Técnico — Foto: Alexandre Vidal

A fruta que domina o nome brincalhão do enredo da Mocidade é o veículo que a escola vai usar para fazer um verdadeiro suco de Brasil na avenida. Misturando sensualidade, bom-humor e história, a escola cita no samba — que aliás, caiu no gosto popular e viralizou nas plataformas de streaming — de Debret a Tarsila do Amaral; de Caetano Veloso a Alceu Valença.

O samba cita ainda Luiz Inácio. Mas não o atual presidente da República e sim o pescador que teria plantado, em 1888, aquele que hoje é considerado o maior cajueiro do mundo, orgulho do povo potiguar. O enredo lembra a nobreza luso-brasileira com Dom João VI, que se banhava na Praia do Caju, e Dom Pedro II, que era retratado em charges do século XIX como Pedro Caju .

Portela

Enredo: “Um defeito de cor”

A partir do romance homônimo de Ana Maria Gonçalves, a Portela leva pra avenida uma reflexão sobre a história das "negras mães de todos nós". Pela trajetória de uma matriarca negra, a escola narra a "a busca pelo sentido" da existência dos negros no Brasil. As perguntas que o enredo faz são: "Por que somos? Por que assim fazemos? Por quem lutamos? Em memória do que?"

Vila Isabel

Enredo: "Gbalá - Viagem ao Templo da Criação"

A Vila reedita o enredo de 1993 que tem como base uma "mágica narrativa de matriz yorubá" que reflete sobre o mundo desviado de seus propósitos iniciais a partir da ganância que toma conta da humanidade. A salvação? Levar as crianças de todo o planeta até o Templo da Criação para que elas possam conhecer o mundo em sua forma original, tal qual fora concebido. Essa seria a chave para salvar o planeta e seu criador: "a “criança é esperança de Oxalá”.

Originalmente, o enredo que ganhará releitura este ano na avenida foi criado pelo carnavalesco Oswaldo Jardim (1960-2003).

Mangueira

Enredo: “A negra voz do amanhã”

A cantora Alcione será o tema do enredo da Estação Primeira de Mangueira no carnaval de 2024 — Foto: Lucas Landau/ TV Globo
A cantora Alcione será o tema do enredo da Estação Primeira de Mangueira no carnaval de 2024 — Foto: Lucas Landau/ TV Globo

Com 50 anos de carreira, a cantora maranhense e mangueirense Alcione, uma das vozes mais emblemáticas do Brasil, será homenageda pela verde-rosa no carnaval 2024. No texto-justificativa do enredo, os autores ecrevem que a escolha atendeu ao "clamor de sua comunidade". A fé e a música da Marrom — que transita com enrome talento pelo jazz, bolero e blues, mas sobretudo pelo samba — serão os condutores principais do enredo que a Estação primeira vai desenvolver na avenida.

A relação de Alcione com a escola é tão forte, que a cantora foi juntamente com Dona Zica e Dona Neuma, uma das fundadoras do projeto Magueira do Amanhã, ainda na década de 1980.

Paraíso do Tuiuti

Enredo: "Glória do Almirante Negro!"

A escola traz para a avenida a história de João Cândido Felisberto, desde a infância no Rio Grande do Sul até sua trajetória única na Marinha do Brasil onde se tornou celebre ao revoltar-se contra os "maus-tratos e pagamento vergonhoso". João Cândido era "habilidoso, dedicado, carismático entre os parças e bem aceito pelos oficiais". Virou marinheiro de primeira classe, navegou pelo mundo e, na Inglaterra, conheceu a luta sindical . Inspirados, ele e seus companheiros voltaram determinados a lutar contra as injustiças que sofriam.

A famosa revolta surgiu quando um marinheiro foi condenado a receber 250 chibatadas por levar cachaça a bordo. João Cândido liderou o levante o que lhe valeu o apelido de Almirante Negro. João Cândido Felisberto "virou símbolo de luta contra injustiças, de liderança". É essa história, a história de um "herói do povo", que a Tuiuti vai levar para a avenida.

Unidos do Viradouro

Enredo: “Arroboboi, Dangbé”

A força da mulher negra vai entrar na Sapucaí com a escola de Niterói. O enredo da Viradouro viaja nos séculos até o surgimento, na África, da tradição das "sacerdotisas voduns, mulheres escolhidas e iniciadas emritos de louvor à serpente sagrada".

Nessa história de batalhas épicas, o destaque fica por conta de "um poderoso exército feminino, preparado espiritualmente pelas sacerdotisas voduns".

Confira a ordem dos desfiles do Grupo Especial e os horários de cada escola?

Para celebrar os 40 anos de existência do Sambódromo e da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), as noites de desfiles do Grupo Especial serão abertas por dois dos mais tradicionais blocos da cidade: o Cordão do Bola Preta, no domingo, e o Cacique de Ramos, na segunda-feira. Logo depois, é a hora da apresentação das escolas. Veja a ordem em que elas se apresentam.

Domingo, dia 11 de fevereiro

  • Porto da Pedra - 22h
  • Beija-Flor- entre 23h e 23h10
  • Salgueiro - entre 0h e 0h20h
  • Grande Rio - entre 1h e 1h30
  • Unidos da Tijuca - entre 2h e 2h40
  • Imperatriz - entre 3h e 3h50

Segunda, dia 12 de fevereiro

  • Mocidade - 22h
  • Portela - entre 23h e 23h10
  • Vila Isabel - entre 0h e 0h20h
  • Mangueira - entre 1h e 1h30
  • Paraíso do Tuiuti - entre 2h e 2h40
  • Viradouro - entre 3h e 3h50

Quando são os ensaios técnicos?

Para as escolas o Grupo Especial, os tradicionais ensaios técnicos começam neste domingo com o Porto da Pedra às 20h30 e a Mocidade às 22h. O esquenta na Sapucaí é gratuito e vai até o último domingo antes do carnaval. O metrô tem horário especial para atender ao público neste período. Abaixo a programação dos próximos finais de semana:

  • Dia 28 de janeiro, Grande Rio (20h30) Mangueira (22h);
  • Dia 03 de fevereiro, no sábado, Beija-Flor (20h30) e Vila Isabel (22h);
  • Dia 04 de fevereiro, Viradouro (20h30) e Imperatriz (22h).

*Estagiária sob supervisão de Leila Youssef

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