Web Summit Rio
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Por Carolina Nalin, Felipe Grinberg e Rafael Galdo

Em meio à Amazônia devastada em Cacoal, Rondônia, a terra indígena dos Paiter Suruí é um oásis. Na etnia, a produção de café e cacau ocorre em simbiose com a natureza. Numa parceria de mais de uma década com o Google Earth, a comunidade também desenvolve um mapa cultural, além de usar smartphones e uma plataforma de coleta de dados móveis de código aberto para denunciar a extração ilegal de madeira e monitorar o estoque de carbono de suas florestas.

O exemplo de como a tecnologia pode favorecer a preservação da biodiversidade foi levado à noite de abertura do Web Summit Rio, na qual empresas dos mais diferentes portes e setores — inclusive alguns dos considerados mais poluentes — apresentaram suas estratégias de inovação na guinada para um desenvolvimento mais sustentável.

Filha do cacique que iniciou o projeto dos Paiter Suruí com o Google, a ativista indígena Txai Suruí destacou como os povos indígenas aliam conhecimentos ancestrais à tecnologia para proteger a floresta. Mas deixou o alerta:

—Hoje, a Amazônia está em um ponto de quase não retorno. Estamos sofrendo os efeitos dessa crise, que não é futura, é de agora.

A Vale foi uma das que levaram à conferência planos para travar esse risco. A empresa lembrou que o setor industrial responde por 20% das emissões de gases de efeito estufa no planeta, 8% na siderurgia. Ludmila Nascimento, diretora de Energia e Descarbonização da Vale, no entanto, afirmou que, sim, é possível ter uma mineração e uma siderurgia sustentáveis. Com esse norte, disse que o futuro passa necessariamente por inovação.

Carbono zero

Ela listou iniciativas da empresa como centros de pesquisa, institutos de tecnologia e apoio a startups que ajudam em soluções, por exemplo, para uso de combustíveis alternativos nos motores de caminhões. E lembrou o briquete de minério de ferro desenvolvido pela Vale que, nos autofornos tradicionais para produção de aço, diminui até 10% a emissão de CO2.

Resultado que vai ao encontro de metas como, até 2030, reduzir em 33% as emissões em suas operações próprias e decorrentes da energia adquirida para uso da companhia, chegando ao status de carbono zero nesses escopos até 2050.

— Também fazem parte de nossos pilares acordos de descarbonização junto a 30 clientes siderúrgicos; soluções baseadas na natureza, como a recuperação de áreas degradadas; e a economia circular, como a utilização de rejeitos da mineração na produção de tijolos, por exemplo — disse ela, lembrando também o início, ano passado, do projeto de energia solar Sol do Cerrado, capaz de produzir 16% de toda energia elétrica consumida pela Vale.

A transição energética dos combustíveis fósseis para as fontes renováveis, aliás, também esteve em pauta no evento. Foram exibidos cases de como a França, por exemplo, está estimulando os carros elétricos. A previsão é que o uso dos combustíveis renováveis cresça 50% em dez anos, afirmou Ernesto Pousada, CEO da Vibra Energia (anteriormente BR Distribuidora). A empresa, disse ele, põe suas fichas numa plataforma multienergia. Mas a história dos próximos anos, ressaltou, ainda será feita de “e”, não de “ou”:

— Temos as fontes renováveis e entramos de cabeça na transição energética. E ainda temos os combustíveis fósseis. Com tecnologia, podemos melhorá-los.

Startups verdes

Nesse mundo que depende de profundas mudanças, dezenas de startups também apresentaram suas propostas no Web Summit. Uma delas, a greentech Muda, tem o objetivo de restaurar a Mata Atlântica do Refúgio Pau-Brasil, no sul da Bahia, com o método de restauração ecossistêmica. Uma das iniciativas é a oferta de alimentos e condições de procriação a animais nativos. A região tem dois mil hectares e, nos últimos 50 anos, teve mais de 60% de sua área desmatada.

A startup, então, conecta empresas e pessoas que queiram apoiar a preservação com as comunidades locais de Camaçandi e Ilha D’Ajuda, que fazem o plantio das mudas. Antes de plantar a árvore, um geolocalizador e identificador é preso ao tronco. A partir dele, é possível monitorar o crescimento e acompanhar a saúde da muda, mesmo de longe. Já foram plantadas 22 mil árvores nativas, com recuperação de quase 35% da área total.

— É uma tecnologia adaptada à realidade local — afirmaJoão Luiz Lani, especialista em planejamento de uso da terra e membro do conselho técnico da Muda.

Startup usa geolocalizador nas mudas de árvores nativas para monitorar seu crescimento mesmo de longe — Foto: Divulgação
Startup usa geolocalizador nas mudas de árvores nativas para monitorar seu crescimento mesmo de longe — Foto: Divulgação

Já a startup Morfo sonha em ajudar no reflorestamento das florestas pelos ares. Ao chegar no Brasil, a empresa francesa escolheu o Rio como cidade-sede, e Miguel Pereira, no interior do estado, como lugar para o seu projeto-piloto, com parte da mão de obra local. Com um drone, que possui a capacidade de carregar centenas de sementes, é possível alcançar locais de difícil acesso e acelerar o trabalho de plantio.

— Nossas sementes são lançadas germinadas e, como trabalhamos com espécies nativas, é essa população local que vai saber colher na hora certa — diz Gregory Maitre, CEO da Morfo no Brasil.

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